Capítulo 2

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O som da campainha a faz se sobressaltar. Chrysander xingou em voz baixa e esticou a mão para apertar o botão do interfone. - O que é? - perguntou sucinto. - É Roslyn. Posso subir? Marley sentiu o corpo enrijecer ao som do nome da assistente de Chrysander. Era quase noite e ainda assim a mulher estava lá, tocando na campainha do que ela sabia ser o apartamento que o patrão dividia com a amante.

- Estou muito ocupado no momento, Roslyn. Certamente isso pode esperar até eu chegar ao escritório amanhã.

- Sinto muito, senhor, mas não pode. Preciso de sua assinatura em um contrato que está sendo esperado para as 7h.

Chrysander soltou outro xingamento baixo.

- Então, entre - convidou, atirando as pernas pela lateral da cama e se levantando. Em seguida, caminhou até o guarda-roupa de mogno lustroso e de lá retirou uma calça comprida e uma camisa.

- Por que ela vem aqui com tanta frequência? - perguntou Marley em tom de voz calmo.

- Ela é minha assistente - retrucou, dirigindo-lhe um olhar surpreso. - É sua função trabalhar em conjunto comigo. - Em sua residência? Chrysander fez um movimento negativo com a cabeça enquanto abotoava a camisa. - Voltarei dentro de um minuto e poderemos ter nossa conversa.

Marley o observou sair do quarto, com o peito ainda mais apertado. Sentiu-se tentada a deixar aquela discussão para outra noite, mas tinha de lhe contar sobre a gravidez e, para isso, precisava saber quais eram os sentimentos de Chrysander em relação a ela. O que ele pensava sobre o futuro de ambos. Portanto, teria de ser aquela noite.

A ansiedade de Marley aumentava à medida que os minutos escoavam. Não desejando a desvantagem da nudez, se ergueu da cama e vestiu o jeans e a camiseta. Bastava de parecer composta e bela!, pensou, tristonha, com um gesto negativo de cabeça.

Por fim, ouviu os passos de Chrysander do lado de fora da suíte e o viu entrar com a testa franzida em uma expressão distraída. Quando pousou o olhar nela, retorceu os lábios em desaprovação.

- Prefiro-a nua, pedhaki mou.

Marley exibiu um sorriso trêmulo e voltou para a cama. - Tudo bem no trabalho?

Chrysander fez um gesto negligente com a mão.

- Nada que não tenha sido resolvido. A falta de uma assinatura. - Ele caminhou com passadas firmes até a cama, com um brilho predador no olhar. Quando se encontrava a 30cm de onde ela estava, estacou e esticou a mão para os botões da blusa da camisa. - Chrysander... precisamos conversar.

Uma expressão aborrecida se estampou no belo rosto másculo, mas logo em seguida ele deixou escapar um suspiro resignado, sentando-se na cama ao lado dela. - Então, fale. O que a está preocupando?

A frieza de Chrysander quase a fez desistir. Ela se recostou para trás na cama em uma tentativa de colocar alguma distância entre os dois.

- Quero saber o que sente por mim, como vê nosso relacionamento - começou nervosa. - E se temos um futuro.

Marley ergueu o olhar para lhe captar a reação. Os lábios sensuais se apertaram em uma linha fina.

- Então, é isso - disse ele em um tom de voz severo.

Em seguida, se levantou e virou-se de costas para ela, antes de tornar a girar para encará-la. - Is... isso o quê? Apenas preciso saber o que sente por mim. Se temos um futuro. Nunca fala sobre nós em nenhum tempo a não ser o presente - concluiu tímida. Chrysander se inclinou para a frente e lhe segurou o queixo.

- Não temos um relacionamento. Não sou afeito a relacionamentos, e você sabe disso. Considero-a minha amante.

Por que sentia como se ele tivesse acabado de esbofeteá-la? O queixo de Marley pendeu sobre a mão longa enquanto ela o encarava como os olhos arregalados pelo choque.

- Amante? - Marley grasniu. Uma companheira com quem vivia. Uma namorada. A mulher com quem ele estava saindo. Aqueles eram termos que ele poderia ter usado. Mas amante? Uma mulher que comprara? Uma mulher a quem pagava para ter sexo? A náusea lhe chegou à garganta. Marley afastou a mão com força e cambaleou, recuando para trás. Uma expressão confusa se estampou no rosto de Chrysander. - Isso é realmente o que significo para você? - perguntou ainda perplexa, incapaz de compreender a declaração que ele fizera. - Uma am... amante?

Um suspiro exasperado escapou dos lábios de Chrysander.

- Você está nervosa. Sente-se que vou lhe trazer algo para beber. Tive uma semana difícil e é óbvio que você não está bem. Não será bom para nenhum de nós prosseguir com essa discussão.

Chrysander a levou de volta à cama e, em seguida, saiu da suíte, em direção à cozinha. Após uma longa semana armando ciladas para a pessoa que estava tentando trair sua empresa debaixo de seu nariz, a última coisa de que precisava era uma discussão histérica com a amante.

Encheu um copo com o suco favorito de Marley e, em seguida, preparou uma boa dose de conhaque para si mesmo. O início de uma dor de cabeça começava a incomodá-lo.

Um sorriso lhe curvou os lábios quando se deparou com os sapatos de Marley no meio do chão, onde ela os havia largado tão logo saíra do elevador. Chrysander seguiu a trilha das coisas deixadas por ela até o sofá, onde a bolsa se encontrava jogada.

Marley era uma criatura tranquila. Nunca se mostrava exigente. Portanto, aquela explosão emocional o pegara de surpresa. Aquilo não combinava em nada com ela. Marley não era pegajosa, motivo pelo qual aquele relacionamento perdurara. Relacionamento? Acabara de negar que tivessem um. Ela era sua amante.

Deveria ter suavizado a resposta que lhe dera. Provavelmente Marley não estava se sentindo bem e precisava de um pouco de ternura de sua parte. O pensamento fez suas feições contraírem, mas ela sempre estava pronta para confortá-lo após semanas de viagens de negócios e reuniões entediantes. Era justo que ele lhe oferecesse mais do que sexo. Embora o sexo com Marley figurasse no topo de sua lista de prioridades.

Chrysander girou para voltar ao quarto e tentar contornar aquela situação, quando um pedaço de papel que saltava para fora da bolsa de Marley lhe chamou atenção. Estancando, franziu a testa e pousou as bebidas na mesa de centro. O medo lhe fez contrair o peito. Não podia ser. Esticou a mão e arrancou o papel da bolsa, abrindo-o com um movimento brusco, enquanto a raiva, quente e volátil, se derramava em suas veias.

O que será que estava escrito nesse papel? Deixe a opinião de vcs nos comentários, e se estão gostando do livro. Bjs até o próximo capítulo.

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