Capítulo 20 (final)

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MARLEY SE encontrava parada diante da janela do quarto, com o olhar perdido. Àquela

altura, nada que Chrysander fizesse deveria feri-la, mas aquele homem ainda exercia tal poder

sobre ela.

– Marley.

Girando, ela se deparou com Chrysander parado à soleira da porta. Parecia cansado. As

feições abatidas e os olhos preocupados. Havia algo mais naquela expressão. Tristeza e...

medo?

Chrysander entrou no quarto um pouco hesitante.

– Precisamos conversar.

Marley sentiu a tensão crescer e, em seguida, se preparou para o que sabia que viria. O

repúdio de Chrysander. Ela desviou o rosto, mas anuiu. Sim, precisavam conversar e colocar

um fim naquilo.

Os dedos longos pousaram sob seu queixo, antes de ele gentilmente lhe virar o rosto para

que o encarasse.

– Não fique assim, agape mou. Não gosto de vê-la triste.

Chrysander baixou a mão para lhe capturar o punho. O polegar lhe roçando a pulsação que

acelerou diante daquele toque.

Marley permitiu que ele a guiasse até a cama. Chrysander a sentou e se acomodou ao seu

lado. O corpo enrijecido e a postura gritando aflição. De repente, ela não queria esperar para

ouvir o que Chrysander tinha a dizer. A raiva em ebulição dentro dela.

– Você mentiu para mim – começou ela. – Tudo que me disse desde aquele dia no hospital

foi uma mentira atrás da outra. Você não gosta de mim. Todas as coisas que disse não

passaram de mentiras. Quando me levava para a cama, me desprezava, mas ainda assim fez

amor comigo e me fez acreditar que se importava comigo. Que tipo de pessoa age dessa

forma? – Marley estremeceu e levou as mãos ao rosto.

– Está errada – retrucou Chrysander com voz suave, afastando-lhe as mãos e levando uma

delas aos lábios para lhe beijar a palma. – Gosto muito de você. Não a desprezava quando

fazíamos amor. Sim, menti sobre os detalhes. Orientaram-me para não fazer ou dizer nada que a aborrecesse até que recuperasse a memória. Eu menti, mas sobre coisas pequenas. Não

sobre as importantes. Como, por exemplo, o quanto gosto de você. S'agapo, pedhaki mou. –

Marley baixou a cabeça, sentindo as lágrimas lhe queimarem os olhos. Como queria acreditar

nele. No entanto, Chrysander não fizera nada para merecer sua confiança. – Errei muito com

você. – Marley ergueu a cabeça, encarando-o com expressão chocada. Aquele homem

admitindo que errou? Vergonha e uma dor profunda desbotavam os olhos âmbar. – Há coisas

que deve saber. Nunca recebi nenhum pedido de resgate. Eu teria movido céus e terras para

libertá-la. Nenhuma quantia seria alta o suficiente. Não sabia que você havia sido sequestrada.

O queixo de Marley pendeu.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora