Prólogo.

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Senti minhas pernas formigando. Uma sensação ruim dentro de mim, como se algo estivesse errado. Eu sempre soube que esse cometa não era bom.

Eu estava tonta. Mal consegui andar até a porta de casa, onde escuto minha mãe chamar lá de cima.

- Para onde vai, Hina? - Após alguns segundos identifiquei o que ela perguntou para mim. O zumbido dentro da minha cabeça atrapalha.

- Comprar café. - Dei a primeira desculpa. Não acho que ela tenha acreditado, pois eram quase onze da noite e não tem nada aberto na região.

Uma hora para o cometa aparecer. Eu tinha que ir para algum lugar, mas não sabia onde, nem como chegava lá.

Algo me dizia que eu estava fazendo a coisa errada ao sair de casa, mas outro lado dizia para seguir em frente, já que eu sei que esse cometa não é inofensivo.

"Vá para o oeste de Nortwist" foi o que meus instintos disseram.

Me sentia como um animal sujo e desequilibrado que pode ser atropelado a qualquer momento por estar andando no meio da rua. Parece que fumei cem gramas de maconha antes de sair de casa.

Quem me conhece diria que é verdade.

Eu não lembro como cheguei no oeste. Mas cheguei de alguma forma. Eu diria que já eram onze e meia. A única coisa que eu via era mato, árvores para a esquerda e para a direita. A lua iluminava apenas o caminho que entrava mais para dentro da floresta.

Lembro muito bem das vezes que fui acampar com o colégio nessa mata, nós andávamos por esse caminho. Mas se eu continuasse em linha reta, chegaria no acampamento. E o monitor, que mora lá perto, me veria nesse estado e ligaria para a minha mãe, ou para a polícia.

Isso acabaria com o meu plano de salvar todos desse cometa, plano inexistente, já que não sei como.

Desviei para a esquerda, quase dando de cara com uma árvore. Acho que virei um zumbi. Eu estava no meio do apocalipse zumbi, acabei de virar um deles.

- Cadê? - Me segurei em uma árvore pois estava prestes a cair no chão.

Minha pobre visão me mostrava um monte de pessoas perto da minha árvore. Olhando para cima, parecendo uma seita estranha. Todos cambaleando para os lados, como eu.

A lua ilumiva o local onde eles estavam em um perfeito círculo.

- Onde está o cometa? - Minha voz quase não saiu, mas um deles conseguiu me ouvir e veio até mim.

Eu conhecia ele. O cabelo longo e os brincos estranhos. Noah Urrea também está na mata.

- Está aqui. - Ele estendeu a mão para mim. Eu a segurei firmemente. Minha tontura estava surpreendentemente passando.

Noah me levou para o grupo de pessoa. Chutei que havia umas treze ou quatorze, mas não fiz as contas direito. As mesmas pessoas que eu via todos os dias no colégio, algumas me atormentando, outras me encarando.

Olhei para cima, e, sem exitar, dei minhas últimas palavras.

- Já estou morta.

Em milésimos, tudo acabou. O mundo acabou. Eu fui esmagada por uma pedra gigante, literalmente.

𝙚𝙭𝙩𝙧𝙖𝙤𝙧𝙙𝙞𝙣𝙖𝙧𝙮Onde histórias criam vida. Descubra agora