CAPÍTULO 02

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O tempo passa como uma tartaruga sem pernas. O ar dentro do Silverado parece cada vez mais escasso. O fluxo de pessoas na calçada me deixa tonto. E eu não posso mais esperar para vê-la novamente.

Quando, em uma agonia profunda, resolvo sair do carro para esperá-la do lado de fora, eu travo. Congelo onde estou. E em uma respiração ofegante, eu a observo.

Ela caminha pela calçada, parece alheia ao seu redor. Seus cabelos estão mais longos, mas há olheiras embaixo de seus olhos. Ela parece cansada, esgotada, mais dura. Não há o brilho tão costumeiro em seu olhar. Não há o sorriso de orelha a orelha que eu tanto amo. Eu a deixei assim, eu a fiz ficar dessa forma.

Eu acabei com a mulher que eu amo.

Culpa corrói todo o meu corpo.

Sua forma está mais cheia, desço meu olhar por seu corpo. Seus seios estão visivelmente maiores, mas é quando eu chego a sua barriga que eu travo.

Ela não está somente proeminente como há um mês. Agora ela é totalmente visível e não se pode passar por uma barriga de uma pessoa mais cheinha. Está nítido que ela carrega um bebê.

Ela para na porta da clínica, tomando uma respiração profunda. E fala com pessoas ao seu redor que ainda não tinha me dado conta. Logo reconheço Ray, mas quando observo a outra pessoa, é como se tivesse voltado no tempo. E o sonho que tive quando ela foi embora, volta nitidamente em minha mente.

Não.

Porra não.

Ele não irá roubá-la.

Ele não irá roubá-los!

Não caralho. Eu não permitirei.

E tomando finalmente uma atitude, eu salto do carro pronto para tudo. Principalmente para recuperar minha mulher.

Atravesso a rua determinado.

E quase sou atropelado quando o faço sem sequer olhar para os lados. Eu não enxergava mais nada. Somente ela e Chad. Mas esse último sumiu de minha mente quando a encarei de perto depois de um mês.

Ela demora um pouco para me notar. Mas, quando o faz, me olha como se não conseguisse acreditar. Eu passo o olhar por seu corpo novamente, parando em sua enorme barriga. Ela percebe meu olhar e coloca os braços sobre a barriga, como que para proteger o bebê.

Meu coração sangra com o gesto.

 Mas lembro que eu sou o único culpado por isso.

— Jo. — Sussurro seu nome.

Ela não responde e somente me encara. Como se não conseguisse acreditar que sou eu. Eu não me seguro por mais tempo. E antes que ela possa ao menos se dar conta, eu me atiro sobre ela, pegando-a em meus braços, mas tomando cuidado com sua barriga.

— Cristo. Como eu senti sua falta, baby. —Eu cheiro seu pescoço.

Rosas e campos.

Como eu senti falta de seu cheiro.

De seu corpo no meu.

De sua presença.

Ela coloca as mãos em meu peito e me empurra para longe. E eu a deixo ir, somente para que ela não ponha forças demais tentando me afastar e prejudique o bebê.

Eu encaro seu rosto e estico uma mão para tocá-la. Como se estivesse vendo uma miragem e precisasse tocar para comprovar a realidade. Mas ela me impede disso, quando balança a cabeça.

De repente uma lágrima escorre em seu rosto.

— Como me encontrou? — Questiona.

— Eu te busquei tanto. — Aproximo-me dela. Querendo pegá-la em meus braços outra vez. Mas ela dá um passo para trás. — Jo, você não sabe o que eu passei todo esse tempo. Eu estive no inferno. Eu vivo nele.

MINE, Now and Forever [ Livro 2 Adaptação Herophine]Onde histórias criam vida. Descubra agora