CAPÍTULO 19

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Quando o choro não parou, mas as horas passaram, eu levantei da cama e recolhi os poucos pertences que eu tinha espalhados pelo quarto. Não era muita coisa, a mala estava praticamente arrumada, afinal, íamos ficar somente uma noite neste hotel e logo seguiríamos para outro em Wyoming. Então, em menos de 10 minutos eu tinha tudo pronto; jogando-me na cama para esperar Hero, eu chorei.

Chorei até dormir.

Senti mãos acariciando meu rosto e barriga, e sabia quem era antes mesmo de abrir os olhos. Aproveitei aquele afago, aquele carinho, mesmo que tudo fosse uma mentira eu me deixei levar, afinal, eu não a sentiria depois de hoje.

Tomando coragem de enfrentá-lo, eu viro-me longe de suas mãos e o encaro. Ele me dedica um sorriso ao qual não retribuo, dou-lhe somente uma última olhada em seu rosto falso, antes de levantar-me da cama.

— Você está bem, meu anjo? — Ele pergunta preocupado.

Será que está realmente?

— Sim. Na verdade, precisamos conversar. — Digo séria.

Ele me olha intrigado, mas acena em concordância.

Então, tomando coragem, eu deixo as palavras saírem de minha boca.

— Estou voltando para Berkeley, Hero.

— O quê? Mas por quê? — Ele levanta da cama e anda até mim. — Aconteceu alguma coisa? Você está bem? Por que não quer seguir comigo na turnê?

— Isso é... muitas perguntas. — Digo, massageando minha testa, uma dor de cabeça ameaçando.

Eu estava admirada comigo mesma. Estava agindo com Hero de forma fria e não chorando como um bebê. Pelo menos não ainda. A verdade é que, ao ver aquele beijo foi como se a última fagulha do fogo da inocência que tinha em meu interior se apagasse com um balde água fria, que Hero jogou.

E, então, minha maneira de ver o mundo mudou e eu não conseguia enxergar bondade em mais nada, não conseguia confiar. Pelo menos era assim que eu me sentia no momento.

Eu não culpava Ayla por tudo, ela era solteira, afinal. Hero, por sua vez, era comprometido e tinha três filhos a caminho.

— Não, Hero. — Continuo. — Eu não estou deixando você na turnê e indo te esperar eu Berkeley, eu estou deixando-o definitivamente.

Ele arregala os olhos espantados, seu rosto tornando-se branco, como se perdesse todo o sangue.

— Não. — Ele sussurra.

E quando eu acho que ele vai me perguntar o motivo, ele me surpreende ao se jogar em seus joelhos e abraça minhas pernas.

Era assim que ele pretendia se desculpar por transar com Ayla?

— Hero. — Chamo-o, segurando seus ombros. — Olhe para mim. — Ordeno.

Mas ele não obedece e, com o rosto enterrado em minhas pernas, ele implora.

— Por favor, não faça isso. Eu não suportaria ficar outra vez sem você. Por favor, eu não sei o que faria... Oh, Deus, Jo. Por favor.

As lágrimas, que estava conseguindo reter com minha frieza e atitude indiferente, caíram sobre meu rosto ao ouvir sua súplica.

Deus! Como eu queria acreditar nele. Eu o amava, apesar de tudo, mas não queria continuar com alguém que, claramente, não me respeitava.

— Você não vai perguntar o porquê de eu estar indo embora?

— Isso não importa? — Ele diz com a voz sofrida. — Só não faça isso! Meu Deus, não faça Jo. Eu a amo muito e não suportaria perdê-la outra vez.

MINE, Now and Forever [ Livro 2 Adaptação Herophine]Onde histórias criam vida. Descubra agora