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NA: Aeee, resolvi postar antes porque vocês já estavam esperando demais! Obrigada aos dois 'guest' que eu não sei o nome por comentarem, adorei ler o que vocês acharam do extra!
Q

uero os outros sumidos comentando também, hein! :*

Era uma Vez em Veneza

.9.
C

orri diretamente para meu quarto, arranquei a fantasia de meu corpo, coloquei uma roupa leve e me joguei na cama, abraçando-me a um dos travesseiros. Mordred ficou agitado ao me ver, mas o deixei no chão. Meu coração não voltara ao ritmo normal. Eu ainda sentia como meu corpo houvesse caído em um formigueiro, e eu não pudesse ficar quieto por muito tempo. Fiquei revirando de um lado para o outro, sem parar, sorrindo em alguns momentos, ficando sério e angustiado em outros.
O que havíamos feito?
Toquei meus lábios e senti-os quente, formigando. Quando Harry me beijou, eu não pensei em nada além do calor de sua boca, ou a maneira como ele me segurou firmemente, prensando-me na parede com seu corpo. E era estranho, pois agora quando eu parava para pensar e relembrar, eu me sentia angustiado, nervoso e amedrontado.
Talvez por isso eu houvesse corrido no lugar de deixar que ele tirasse a minha máscara. O que eu faria agora? E, teria ele me reconhecido? E se tivesse? O que eu falaria quando ele chegasse ao palazzo? Afundei o rosto no travesseiro, não querendo nem imaginar.
E se ele não havia me reconhecido... Por que me beijara daquele jeito? Seria ele o tipo de pessoa que agarrava qualquer um que se insinuasse? Pensei nas mulheres com quem ele saía – Cho Chang como o exemplo mais atual – que se jogavam em cima deles como moscas no mel, e cheguei à conclusão que sim, talvez ele fosse esse tipo de pessoa. E isso me deixou ainda mais atormentado.
Passei horas deitado na cama revirando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Até que Anna apareceu. Ela deu duas batidinhas rápidas na porta antes de se esgueirar para dentro. Só então percebi que a noite já ia alta. Ela sorriu para mim e correu para a cama, jogando-se no colchão. Não vestia mais a fantasia, mas sim um de seus vestidos simples de poucas rendas.
"Draco, eu vou me casar!" Ela exclamou, segurando meus ombros e balançando-se na cama, fazendo o colchão ondular. Eu pisquei atordoado, enquanto ouvia "Hics!" indignados de Mordred por estar sendo deixado de fora da festa.
"Você vai sair aqui do palazzo?" Foi a primeira coisa que consegui perguntar. Ela parou e me olhou com carinho antes de deitar do meu lado.
"Sim, mas ainda vai demorar um pouquinho, então não precisa ficar triste." Ela falou.
"Eu não estou triste. Estou muito feliz por você." Reformulei rapidamente, revirando os olhos e dando-lhe um beliscão. Ela começou a me contar todos os detalhes, sobre como Justino a pediu em casamento, até que, de repente, soltou uma exclamação de susto, sentou-se de rompante e encarou-me com os olhos brilhantes.
"Esqueci completamente de você! Como sou egoísta! Vai, sua vez de me contar tudo que aprontou hoje!" Ela me encheu de perguntas, parecendo ainda mais jovial e entusiasmada do que nunca.
Contei-lhe o que havia acontecido. Ela tinha olhos tão esbugalhados ao final do relato, que a cutuquei no ombro, para certificar-me de que ainda estava consciente.
"Isso é tão romântico!" Ela gritou de repente, deixando-se cair novamente na cama. "Mas isso está errado. Você deveria ter deixado ele tirar a máscara, e então se declarado! Vamos, vem comigo. Acho que ouvi sons lá embaixo. Harry deve ter chegado." Ela saiu da cama e me arrastou junto. Eu tentei fincar os pés no chão, mas ela estava determinada.
"Anna... o que está planejando?" Sussurrei, como se alguém pudesse nos escutar.
"Você vai lá embaixo, e conta toda a verdade para o Sr. Potter. E eu poderei assistir em primeira mão a reação dele. Isso vai ser tão legal!" Ela cantarolou, com um sorriso enorme. O pedido de casamento a deixara mais maluca do que eu me lembrava.
"Eu não vou conseguir! Que ideia ridícula, Anna!" Balbuciei nervosamente. Não era assim tão fácil!
"Mas Draco! Você mesmo disse que não conseguiria manter isso para você por muito tempo!" Ela teimou e continuou me arrastando, até que alcançamos o primeiro andar. Mordred nos seguira e parecia tão suspeito quanto um ladrão cheio de más intenções. Anna só parou quando chegamos à frente do escritório de Harry. Eu engoli em seco quando ela abriu a porta, empurrou-me lá para dentro e fechou a porta às minhas costas.
Harry estava sentado na cadeira de sua mesa, com o rosto abaixado, segurando as têmporas. Ele ergueu a cabeça assim que parei ofegante na entrada do cômodo. Seus olhos verdes brilhavam tanto que eu me esqueci de respirar por alguns minutos. Ele permaneceu em silêncio, esperando que eu me manifestasse. Quando eu não o fiz, ele se levantou, contornou a mesa e se aproximou de mim. Cambaleei para trás até que minhas costas batessem na porta.
Ele colocou uma mão em minha testa.
"Está melhor da febre?" Ele perguntou suavemente. Tive então a certeza de que ele não havia me reconhecido fantasiado. Não agiria como se nada houvesse acontecido se soubesse que fora eu a beijá-lo. Respirei entre aliviado e consternado.
"Estou bem." Falei.
"Ficou em casa, descansando, então?" O tom dele soou-me duvidoso. Minhas entranhas reviraram de nervosismo. Por que ele estava tão perto?
Respirei fundo reunindo toda a minha coragem.
"É claro." Menti na cara dura, e posso jurar que ouvi um rosnado de Anna do outro lado da porta.
"Mas o que você está fazendo ouvindo atrás da porta, menina? Isso não é nada educado! Volte para a cozinha, antes que Harry fique sabendo sobre isso. E leve esse coelho fedorento!" A voz de Cho Chang chegou aos nossos ouvidos. Apenas pude imaginar o olhar mortal que Anna deve ter-lhe oferecido antes de fazer o que ela ordenara.
Harry me afastou da porta e, no segundo seguinte, Cho Chang entrava no escritório sem qualquer cerimônia. Eu, como sempre, quis jogá-la no canal e deixá-la ser arrastada pelas correntes até as profundezas do Adriático.
"Harry, meu amor, eu estava-" Ela parou quando me viu, como se eu fosse algo desagradável às suas retinas, e piscou algumas vezes. "Draco, anjinho, não sabia que estava aqui. Melhorou da sua febre? Fiquei tão preocupada. Cheguei a perguntar a Harry se ele não queria voltar mais cedo, mas ele disse que você já deveria estar melhor e que deveríamos aproveitar a festa."
Olhei para Harry esperando que ele desmentisse, mas quando ele ficou quieto, com a expressão tão indecifrável quando a superfície nua de uma pedra, eu senti um solavanco no peito.
"Ele já está melhor." Ele disse, apenas.
Abaixei a cabeça e deixei o escritório. Meus ombros pesavam, e eu estava mais confuso do que nunca.

Era uma vez em veneza Onde histórias criam vida. Descubra agora