Pós-créditos:

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As milhares de estrelas que brilham ativa e intensamente clareando o explendoroso céu que paira sobre o reino do Leste em uma bela e serena noite, causam certa sensação de paz na mente e no coração de Ágata a, agora, grande soberana dos reinos de Ilion/Tróia, aquém junto de sua rainha contemplam um momento, o qual lhes desperta a esperança.

- Elas estão lindas para a noite de hoje. Não é mesmo rainha Ágata?! – diz alguém que surge por detrás dos tronos onde se encontram Ágata e Heloise.

- Mas... O que? Q... Quem é você? Como entrou aqui? – indaga Ágata, já dando um salto de seu assento e voltando-se para a recém-chegada. 

-As estrelas! - diz, apontando para o céu, a mulher que ignora a reação daquela que lhe fita assustada. 

A face de Heloise - que também descera e se colocara ao lado de sua companheira - se empalidece como a de quem acaba de ver um fantasma, ou algo ainda pior. Logo, se ajoelha transtornada como se perdesse o chão.

- O que ouve Heloise? – indaga Ágata, ao percebe que sua rainha ficara gélida e notavelmente temerosa. – Você conhece essa mulher? - indaga confusa.

Enquanto Ágata ampara Heloise que repentinamente cai em uma crise descontrolada de choro e soluços, nota que a mulher misteriosa tem uma marca parecida com o numero oito na posição horizontal do lado de um dos pés. Nota também que ela tem os cabelos claros, enfeitados por pequenas tranças amarradas com raízes floridas artesanais. lhe fita, enquanto essa segue até a sacada, onde pega uma das tochas que clareiam o lugar e a ergue, fazendo movimentos circulares no ar.

Antes mesmo que Ágata pudesse demostrar qualquer reação, nota quando, ao longe, centenas de tochas fazem o mesmo movimento. Isso a deixa assombrada.

Logo, a mulher que usa um longo vestido negro como uma noite sem luar, retorna com seus braços a balançar, e mais uma vez se põe diante daquelas que lhe fitam incrédulas. Nota que uma delas busca, com dificuldade, se recompor. Seu sorriso sarcástico indica que ela sabe que fora reconhecida, pelo menos por uma delas.

- Ágata... – diz Heloise com sua voz tremula, fazendo um grande esforço para se manter de pé. – Essa mulher... Não é outra, se não aquela... Aquela aquém aprendemos a temer... Ela é a... Rainha Morgana em pessoa! - conclui, lançando um olhar assombrado para a companheira.

- O que...? – assusta-se a jovem rainha do Leste e dos Reinos Silenciosos. Logo, uma repentina tremedeira nas pernas acompanhada de um frio na espinha lhe dominam. No entanto, a pesar do impacto da informação que acaba de receber, reluta para que seu temor não seja notado pela imponente inimiga.

- Por que você esta aqui? – indaga, fitando a mulher. Nota que o soldado André e a própria rainha Heloise estavam certos quando descreveram sua beleza e jovialidade, apesar do grande perigo que representa pra qualquer um que vier a contemplá-la.

- Você tem muita coragem, rainha Ágata! - diz a mulher fitando a soberana dos Reinos Silenciosos. - E eu gosto muito disso. Gosto mesmo. Especialmente tratando-se de uma mulher em um mundo de homens ignorantes e estupidos. No entanto, creio que ainda não está pronta para ser uma rainha de verdade. Nem tampouco para ter uma só para você!

- Diga logo o que você quer? – insiste Ágata não compreendendo as palavras daquela cuja presença já é uma ameaça eminente.

- O que eu quero...? - indaga a mulher, voltando a sorrir irônicamente. - O que eu vier querer aqui ou em qualquer outro lugar já poderá ser considerado meu, pois, sou onipotente. Tudo que meus olhos puderem alcançar e tudo aquilo que vocês pensam que lhes pertence, como suas moradas, seus objetos de valor, as roupas que vocês estão usando e até as peças mais intimas que cobrem a nudez de seus sugestivos e delicados corpos. Até mesmo o próprio ar que vocês respiram seria meu se eu assim o desejasse!

- Você precisa ser mais clara Morgana...! - suplica Ágata já rangendo os dentes. Busca a todo o custo não perder o controle, pois, sabe que isso seria fatal.

- Mas eu já lhe disse, querida Ágata. No entanto, percebo que minhas palavras escaparam mesmo com facilidade a sua limitada compreensão. Todavia não posso culpa-la por isso. Você é tão somente um menina assustada brincando de lider. Serei mais objetiva como você me pede, então. – diz a mulher mudando assustadoramente a expressão de sua face.

- Diga de uma vez! - exige Ágata.

- Como você já deve saber,  menina,  eu sou a viúva do rei dos reis da Grécia e do mundo, e que eu já matei tudo que anda, rasteja, pula ou voa sobre a face dessa terra. Dito isso lhe afirmo que minha presença aqui em seu reino se resume a uma reivindicação. Apenas uma reivindicação! – diz mostrando o dedo indicador.

- E qual seria essa revindicação, afinal? – indaga a rainha Ágata já fitando a espada sagrada exposta no altar ao lado de seu trono.

- Não se preocupe com a espada, ela já me cumpriu com seu propósito. E antes que eu me esqueça, aquela a qual vocês chamam de Oráculo também já se encontra sobre meu poder!

"O Oráculo?" pensa Ágata, já não podendo esconder o que sua face revela. "Então reino Central caiu".

Nesse momento, uma intensa troca de olhares se faz no lugar.

- Diga logo. O que veio reivindicar aqui no meu reino? – insiste Ágata já elevando a voz.

- Eu, rainha Morgana, herdeira do exército do rei Agamêmnon, reivindico do palácio de Leste a sua rainha... Heloise!

...


A irmandade Secreta dos Reinos SilenciososOnde histórias criam vida. Descubra agora