Abner, o Senhor da Guerra

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As nossas escolhas são o que de fato nos define...

Já há algum tempo, Uriel vem relutando para se conter diante da pergunta que não quer calar. Sabe o quanto o assunto é delicado e perturbador para a mente da amiga, mas, finalmente decide correr o risco de ser repreendido e até agredido por ela, pois, lhe conhece bem quando fica irritada.

- Eu não quero falar sobre isso, Uriel! – grita a moça assim que é questionada pelo amigo.

Ao lhe ver pegar suas coisas afim de descer do monte onde passaram toda a manhã, o rapaz a alcança e lhe segura pelo braço.

- Perdeu a noção do perigo? – indaga Dinorá, desconhecendo a repentina coragem do amigo.

- Já chega de ficar fugindo, Dinorá! – diz o rapaz, agora se colocando a frente da moça. – Você finalmente a encontrou e precisa saber lhe dar com isso!

Nesse momento, a face da jovem passa por notáveis mudanças e o amigo sabe bem o risco que corre quando isso acontece.

- Eu não pedi para encontrá-la! – diz a jovem com a voz meio tremula e ja com os olhos brilhando.

- Dinorá...?! – expressa o amigo ao notar lágrimas escorrendo pela face da amiga.

- Ela não me quis, e eu nunca a perdoarei por ter me abandonado! – afirma a moça, virando-se de costas para o amigo. Não gosta que ele a veja assim.

Carinhosamente, Uriel a abraça na intenção de confortá-la. Mas, logo se da conta de que não fora uma boa ideia. A moça lhe empurra bruscamente, fazendo-o cair sentado no chão.

- Eu não gosto de me sentir assim e você sabe muito bem disso, Uriel. Eu não sou uma princesinha fraca e indefesa. – afirma a moça com voz inegavelmente alterada.

"Ela está sofrendo. E sua negação já não a convence mais" pensa Uriel enquanto se levanta e novamente fica diante da amiga.

- Eu sou forte. – continua a moça. – Fui treinada pelo maior arqueiro que os sete reinos tem!

- Por que você continua a se negar assim, princesa?

- O que...?

Uriel ama a amiga com quem fora criado, dificilmente lhe vê chorar, pois, essa sempre têm o máximo cuidado para evitar que isso acontessa. Sabe que ela não é bem o herdeiro que o rei Tifas esperava, mas,  que tivéra todo o amor por parte de um homem que lhe cuidara e educara como a própria filha.

- Você é a melhor guerreira dos sete reinos! – afirma o rapaz, buscando confortar a amiga, mesmo sabendo que nos reinos silenciosos não há outras mulheres guerreiras. – Todos que a conhecem temem sua velocidade e o poder destrutivo das flechas atiradas por você, e isso não é por acaso, afinal, você foi educada e treinado pelo senhor Alcebíades aquém te proteje e ama como uma filha!

"De fato o tio Alce se esforçou muito para me tornar uma arqueira tão eficiente", reconhece a moça. "Ele sempre me foi o pai que o rei Tifas jamais se importou em ser".

- Essa situação é algo com o qual você precisa lhe dar. Você tem mesmo que superar! – afirma o rapaz.

- O meu pai não é uma pessoa muito amigável, eu sei disso...! – diz a jovem, agora fitando o amigo. -... Mas aquela mulher... Ela...!

Diante da pausa forçada da amiga, Uriel pensa em lhe dar um tempo, mas opta por não o fazer.

- Você precisa se entender com ela, já que finalmente a encontrou!

- Não.

- Dinorá. Você sabe que...!

- Já te disse que não quero saber dela...!

A irmandade Secreta dos Reinos SilenciososOnde histórias criam vida. Descubra agora