O inimigo bate a porta

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Oito longas semanas se passaram desde que o rei decidira se pronunciar para seu povo. Desde então, uma grande movimentação tomou conta de todo o reino do Leste. Cada um com uma meta a ser cumprida. Nesse tempo, a produção de alimentos aumentou significativamente, assim como a fabricação, a compra e a venda de equipamento de ataque e defesa (E.A.D).

Ainda angustiada, Ágata, que jamais conseguira deixar de pensar em seu amado Abner, agora cavalga pelo bosque, perdida em pensamentos.

"É mesmo uma grande pena que eu não tenha me entregue ao Abner, com tantos momentos que tivemos desde que nos conhecemos e começamos a namorar", pensa a jovem enquanto desce do cavalo e o amarra em uma das muitas árvores do lugar. Segue meio sem rumo até depara-se com o rio que corta quase todo o reino.

Mas uma vez, seus olhos se enchem de lágrimas. Tem sido muito difícil para ela segurar-se diante de tantos pensamentos envolvendo a vida e a morte de seu grande amor.

- É um ótimo lugar para se parar e refletir, não é?! – diz uma voz, vinda detrás da moça que acabara de agachar-se para beber um pouco da cristalina água que refletira seus olhos vermelhos de chorar.

Sem pensar, Ágata levanta-se e mesmo sem olhar pra trás atira a adaga que traz consigo.

Uau... – expressa um homem que por pouco não é acertado na cabeça pelo objeto que se finca, violêntamente, em uma árvore bem ao seu lado. – Isso foi... Sensacional. Assustador, mas... Sensacional!

Quem é você – indaga a moça assustada. Não esperava que pudesse ter alguém ali, no seu cantinho da paz.

- Não me temas, senhorita Ágata. – afirma o homem de olhos verde musgo e cabelos grisalhos, já erguendo as mãos para que a moça não se sinta ainda mais ameaçada. – Eu me chamo André!

- Como sabe o meu nome? O que faz aqui? Você está me seguindo? – indaga a moça notavelmente incomodada.

- Eu estava no palácio durante o pronunciamento do rei! – afirma o homem que abaixa os braços, evitando fazer movimentos bruscos. – Vi quando você passou mal e saiu desacordada nos braços do um dos soldados!

A moça que começa a sentir-se um pouco menos insegura. Encara e analisa, minunciosamente, o homem agora a sua frente. Nota que esse parece ser um guerreiro, ao jugar pelos sinais de combate marcados por todo o seu corpo, e pelo rosto envelhecido pela exposição ao sol.

- É um prazer conhece-la, finalmente! – diz com máxima serenidade.

- Então você esteve mesmo me seguindo! – diz a moça erguendo o cenho.

- Sim. Já há algum tempo venho tentando me aproximar de você. – afirma o homem, movendo-se com muita cautela, afinal, não há como saber se uma segunda adaga sairá voando em sua direção. – Eu preciso da sua ajuda!

Ágata que vê o homem aproximar-se e ajoelhar-se a beira do rio para também saciar-se ali. Não compreende para que ele precisaria de sua ajuda.

- O que você quer de mim? – indaga enquanto caminha até a árvore e de lá retira, com certa dificuldade, sua adaga. Nota ali perto, um volume o qual logo estranha.

Ao mexer nas coisas que acaba de encontrar, a moça depara-se com uma espada, um liguido estranho armazenado em um pequeno frasco, alem de um escudo com um estranho brasão. Logo uma lança, ocuta pelo gramado, surge em baixo do que está a revirar.

- O que significa essas coisas? – indaga Ágata, já se afastando.

- Assim como aquele aquém você ama, eu também sou um soldado. – afirma o homem, aproximando-se e recolhendo seus objetos. – Você não precisa ter medo de mim, como eu já lhe tinha dito. Tenho estado por perto já há algum tempo, se eu tivesse que lhe fazer algum mal já o teria feito!

A irmandade Secreta dos Reinos SilenciososOnde histórias criam vida. Descubra agora