Enquanto corre, ofegante, para escapar de um rei tirano aquém quer lhe fazer mal, Ágata, que só consegue pensar em como conseguirá chegar ao vilarejo para se proteger na casa de sua avó, vê sua nudez como o menor de seus problemas.
"Pesadelo" pensa ao despertar assustada e molhada de suor. Nota que está nos aposentos reais Junto da rainha Heloise com quem passara a noite conversando até que o sono lhe tomou. "Ainda tenho pesadelos com o dia em que o rei Meneses me encontrou no rio e tentou me abusar."
Logo, a moça tira cuidadosamente o braço da rainha que envolve seu corpo, o mesmo faz com as pernas que entrelaçam as suas, se levanta e sai do lugar sem despertá-la. Segue até o salão do trono, ali nota Abner também adormecido - tendo nas mãos a espada cujos Troianos e seus descendentes acreditam ter sido forjada pelos próprios deuses. Em seguida, segue até a sacada de onde contempla um céu lindo e estrelado. Ao fitar as terras do Leste, nota ali o exército local, acampado próximo aos portões do palácio e, e a menos de um quilometro a frente, os exércitos inimigos também acampados. Lembra-se, com pesar, da guerra que está declarada entre o reino do Leste e os reinos liderados pelos reis Tifas e Sócrates.
"Abner, eu não consigo lhe perdoar. Mas, também não posso deixar de ama-lo", pensa, voltando a fitar o homem adormecido em seu trono. "Se você não tivesse aparecido aquele dia, me coberto com sua capa e me escondido, o rei Meneses teria conseguido me alcançar e consumaria o que sua obsessão lhe exigia".
- Ágata! – chama Heloise ao despertar e ver que a moça já não está em seus braços. Uma estranha e repentina sensação do solidão lhe toma. Lembra-se de quando a moça era pequenina e vinha com sua avó ou com o pai visitar o palácio. "Eu sempre me senti tão bem com ela por perto" pensa, não deixando de sentir a ausência de calor do corpo da moça em quem tem encontrado abrigo, especialmente agora que uma guerra se iniciou.
Assim que chega ao salão do trono, a rainha nota que Abner ficara ali até adormecer. Nota também que Ágata se encontra na sacada de onde parece fitar os exércitos que já há alguém tempo estão lá em baixo.
-Você me assustou! – diz Ágata ao se virar, assim que Heloise lhe toca o obro.
- Senti sua falta! – diz a rainha fitando a moça com ternura no olhar.
- Eu precisava tomar um pouco de ar!- diz a jovem não deixando de notar o jeito doce com o qual Heloise lhe olha. Sabe que a mulher sempre lhe fora gentil e carinhosa.
- Veja como a lua está cheia e bela essa noite! – diz a rainha tentando puxar conversa com Ágata.
- É verdade! – concorda a moça que sente uma agradável brisa lhe afagar o delicado rosto e assanhar seus cabelos.
- Posso te abraçar? – pede a rainha repentinamente.
- O quê? ... É... Quero dizer... Sim... Claro! – balbucia Ágata aquém acaba de lembrar-se de algo que lhe disséra Danubia.
- Quero lhe dizer uma coisa Ágata! – diz Heloise fitando a moça que agora abraça, tendo o rosto tão próximo ao dela.
- O que... Mas... Agora...? Digo... Pode dizer! – balbucia a moça embaraçada.
- É que eu já estou cansada de ser reclamada por alguém que almeja conquista o trono do Leste!
- Mas... Como assim?
-Tem sempre alguém querendo tomar posse de mim, como se eu fosse um objeto. É como se ninguém se importasse com o que eu realmente quero e sinto!
- Mas o que você deseja afinal, minha rainha?
- Você!
- O que...? - expressa Ágata já arregalando os olhos e ficando corada.
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A irmandade Secreta dos Reinos Silenciosos
RomanceApós o misterioso assassinato de um dos sete reis da irmandade, o jovem Abner terá de abrir mão de seus planos com Ágata para assumir o lugar que lhe fora designado pelos Anciões do conselho. Agora o soldado de linha de frente do reino do Leste terá...