Capítulo 3- Raciocínio lógico

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Parei o carro logo em frente ao restaurante de Lilly. Pude vê-la arrumando as mesas e cadeiras para a hora do almoço, que não tardaria a chegar. Eva e eu não conseguimos falar nada em todo o trajeto. Era como se aquilo não fosse real. As peças do quebra-cabeça não se encaixavam na minha mente. Muita coisa precisava ser esclarecida para que tivéssemos a primeira luz frente a de tudo isso.

-Já sabe como vai contar pra ela?- Perguntou Eva.

-Não.- Respondi.

-Quer que eu diga?

-Te agradecerei imensamente.

Uma pausa silenciosa tomou o carro por completo. Respirou fundo algumas vezes e coloquei a ponta dos dedos na porta, prestes a abri-la.

-Antes de irmos, você tem de me contar algo. Você disse que alguém te visitou.- Disse Eva enquanto segurava meu braço.

-Eu estava no meu escritório...

-Nosso escritório. - Me interrompeu Eva.

-Que seja.- Prossegui.- Eu não tinha aberto o escritório para os clientes mas ele entrou da mesma forma. Era um sujeito esquisito de todas as formas que você pode imaginar. Mas o que ele disse foi o que me deixou mais perturbado.

-E o que foi?- Perguntou Eva. Soou apressada por uma resposta.

-Falou algo sobre uma espécie de jogo, disse que eu deveria investigar algo e em seguida me entregou um envelope com dinheiro.- Expliquei com toda a calma que o momento poderia oferecer.

-E onde está esse envelope?- Perguntou Eva.

Estiquei meu braço, e com a ponta do dedo indicador abri o porta-luva. Não havia nada. Procurei nos meus bolsos e também não encontrei o envelope.

-Eu... Eu devo ter deixado no meu quarto.- Respondi. Eu estava confuso, tinha a certeza de que havia deixado no carro.

-Você realmente tem certeza do que está dizendo?- Perguntou Eva. Sua voz não soou firme como sempre, mas em um tom de voz mais baixo, como se estivesse com medo de insinuar algo.

-É claro que eu tenho certeza. Quando voltarmos a pousada lhe mostro o envelope.- Respondi. Tive de conter uma espécie de riso.

-Tudo bem. Vamos descer agora. Lilly precisa saber sobre Elizabeth.

Eva desceu primeiro e eu a segui logo em seguida. Bati a porta atrás de mim fazendo um barulho tão alto que Lilly pode ouvir do lado de dentro do restaurante.

-Oi!- Disse Lilly em um tom mais do que animado. Ela secou as mãos no avental branco que estava pendurado em seu pescoço e correu na minha direção.

Seus braços se entrelaçaram em meu pescoço e ela me beijou fervorosamente, mas não pude retribuir da mesma forma. Nem ao menos consegui mexer meus lábios.

-O que houve? - Perguntou ela.- Você está estranho. Vocês dois, na verdade. - Completou.

-Elizabeth foi encontrada morta está manhã.- As palavras de Eva foram como um soco na boca do estômago de Lilly. Sua boca se abriu involuntariamente e seu equilíbrio fora completamente perdido. Ela tentou apoiar a mão na parede mas não teve forças, caindo sentada ao chão. Abaixei-me em sua altura e segurei sua mão.

-Como ela estava quando foi encontrada? Alguém fez isso a ela?- Lágrimas escorriam pelo rosto de Lilly, sua voz era apenas um sussuro sem força. Sua mão soltou a minha e seus braços e pernas amoleceram, deixando-se esticados enquanto suas costas tocavam a parede. 

-Ela foi encontrada suspensa por uma corda a sete metros do chão, em uma árvore da praça próxima a pousada. Tudo indica que foi um suicídio.- Completou Eva. O tom de sua voz era fúnebre e ao mesmo tempo inexpressivo.

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