"Big me to talk about it..."
Michael não queria estar lá quando falaram da ideia. Aliás, achou a ideia horrível.
- Garanto que vai mudar sua vida!, disse seu cunhado, marido de sua irmã, oito anos mais velha.
E lá estava Michael, com 17 anos de idade, os cabelos castanhos despenteados, o corpo magro e um sorriso enorme no rosto, vendo o show da banda Foo Fighters em sua cidade. Nunca havia ouvido uma música sequer deles, mas não só as melodias, mas as letras, a energia... tudo ali era incrível, único.
Ainda em transe, Michael demorou a perceber que já estava no carro, voltando para casa, junto com seu cunhado e sua irmã. Esta dorme em seu colo, no banco de trás, enquanto o cunhado dirige tranquilamente.
- Michael! O que achou do show, guri?
- Achei incrível! - exclamou Michael, sem medo de acordar sua irmã (o que não aconteceu). - As guitarras, o baixo... a bateria! Como que eu nunca conheci essa banda antes?!
- Eu tentei te apresentar. Tua irmã também. Mas tu ficava ouvindo aquela música clássica... Nada contra, mas não dá pra curtir o show do Beethoven!
- Verdade... Não dá... - disse Michael, como que para si mesmo, encostando no banco e sorrindo.Na manhã seguinte, Michael acordou disposto. Percebeu que dormiu no sofá do apartamento da irmã, e aí lembrou-se que havia combinado isso.
Levantou-se com calma, e percebeu que o cunhado Diogo já preparava o café. Diogo era um homem grande, mas não muito alto. Seu porte físico foi resultado de muitas horas na academia - onde conheceu Leia, irmã de Michael. Apesar de, no início, parecer intimidador, Diogo logo provou-se como um homem equilibrado, e sua profissão como treinador em uma casa de repouso de idoso lhe deu os méritos necessários para poder casar-se com Leia.
- Bom dia, roqueiro! - disse Diogo.
- Bom dia... Nossa, eu apaguei.
- Pudera, com o tanto que pulou e gritou. Quer café?
- Não sei se meu estômago aguenta... - disse Michael. Em seguida, pegou uma caneca e a jarra de café, e serviu-se de um pouco do líquido negro. - E Leia?
- Ah, ela agora só acorda pelo meio da tarde.Diogo percebeu rapidamente o entusiasmo nos olhos de Michael.
- Diogo, me leva em uma loja de discos?
- Uma loja de discos?
- É! Eu quero ir em uma! Preciso conhecer mais!
- Bem, só conheço uma que ainda está aberta... Ela vende CD, LP... até fita cassete, se bobear.
- Ótimo!Os dois terminaram de beber café, Diogo trocou de roupa, e logo os dois desciam a rua, virando a direita e chegando em uma loja pequena. Dentro, o ambiente tinha um rock pesado de trilha de fundo, e a pouca luz iluminava as caixas com vários CDs e LPs, bem ao centro, sem muita distinção e organização.
Michael entrou e já foi olhando capa por capa, lendo os nomes das músicas e dos artistas. David Bowie, Led Zeppelin, Black Sabbath... Tudo aquilo tomou a mente de Michael.- Calma, guri! Parece que descobriu o rock hoje! - disse uma voz rouca do fundo da loja. Surgindo na luz, tratava-se de um senhor de avançada idade, cabelos rareando, mas parte deles coberta por uma bandana cinza. Os óculos não escondiam olhos cansados e cheios de marcas do tempo. O cavanhaque insistia em continuar castanho. O corpo, magricelo, portava uma camiseta do Slayer.
- Bom, ele descobriu no show do Foo Fighters. - disse Diogo.
- Foi bom o show deles?
- Muito! Basta ver como ficou meu cunhado.Alheio ao diálogo, Michael continuava a olhar os discos. Selecionou alguns, pagou (muito menos do que esperava, o que foi bom para seu orçamento de adolescente), e continuou a olhar para cada capa atenciosamente mesmo ao andar na rua com Diogo.
- Mal posso esperar para ouvir tudo isso!
- Imagino! - disse Diogo.
- Como será ter uma banda, Diogo?
- O que?
- Como será ter uma banda? Digo... eu já toco um instrumento. - Michael olhava para o nada, pensativo. - Se eu já toco, fica fácil achar outros pra tocar comigo... e eu posso montar uma banda!Diogo riu.
- Não sei se é tão fácil assim... Como você vai montar uma banda de rock tocando violino?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Banda das Galáxias e o Planeta Conquistado
Teen FictionMichael e seus amigos decidiram montar uma banda... mas não tinham ideia de onde eles iriam parar.