Capítulo 8

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Domingo chegou, e Michael foi até a casa que Diana indicou. Uma casa grande e pintada de branco. Michael olhou ao redor e abriu o portaozinho. Tanto o portão quanto o muro que o acompanha são muito baixos, e Michael pensou que poderiam ser apenas para conter cachorros de porte médio.

- Michael?

Ele reconheceu a voz de Diana, e logo viu uma moça bem magra e alta, com cabelos longos e negros. Ela tinha uma expressão de incredulidade.

- Achei que você fosse... não sei, mais velho.

- Tenho 17.

- Eu já estou na faculdade.

- Parabéns. Posso entrar?

Diana andou até Michael e pegou seu case de violino. Os dois andaram até a sala, grande e cheia de carpetes. Seguiram por um corredor, chegando a outro cômodo igualmente grande, cheio de caixas.

- Aqui é o depósito dos meus pais. – disse Diana.

Em seguida, ela puxou uma corda, abrindo um alçapão. Começou a descer uma escada caracol, e Michael a seguiu.

- Feche, por favor.

Os dois então estavam em um ambiente grande e todo forrado para abafar o som. Em um canto, um computador já ligado.

- Aqui é seu local de ensaios?

- Meu estúdio. Meus pais nunca deram importância pra mim. Só seus coquetéis infinitos são interessantes. Então, tudo que eu pedisse que me tirasse do caminho, eles davam. Está vendo aquele armário ali? – apontou para uma das paredes, que tem um grande armário. – Abra.

Michael foi e abriu o armário, e lá havia uma série de baixos, violões e guitarras, e até duas peças de bateria.

- Boh! Tudo isso é teu?!

- Sim. E o computador, que isso pra gravar tudo que ensaio aqui.

Diana então sentou-se de pernas cruzadas em cima de um dos tapetes que forra o chão. Michael fez o mesmo.

- Então, qual é a tua ideia?

- Eu quero fazer rock. De qual tipo, ainda não sei. Tu conhece RACS?

- Nunca ouvi falar.

- Eles faziam hard rock com violino. É muito bom.

- Depois ouço. Eu estou numa pegada mais instrumental ultimamente, porque quero começar a descobrir a função de cada parte. Tu já ouviu Gran Dense?

- Não...

- Deveria. E Radiohead. E CDP. Tu ensaia esse violino teu?

- Tenho professor particular... e agora participo do Círculo do Jazz.

Diana arregalou os olhos.

- Tu participa do Círculo?! Tu sabe onde é?

- Sei, claro.

- Eu sempre quis participar! Como tu soube?

- Através do meu professor.


Diana levantou-se e colocou as mãos no cabelo. Andou por alguns instantes, até que parou subitamente, como que tendo uma ideia.

- Já sei quem chamar.

- Chamar pra quem?

- Pra banda! Já sei quem chamar.

- Como assim?

- Michael, tu não tem mais ninguém ainda, certo? E eu conheço um guitarrista bom. Ele tocou comigo em uma banda no colégio, mas depois não deu certo em mais nenhuma. Vou ligar pra ele!

Diana pegou o celular do bolso e digitou os números rapidamente.

- Ei, Gui, vem pra minha casa. E traz a gui! – ela disse, e logo desligou.

- "Gui traz a gui"? Espero que o nome dele seja Guilherme.

- E é, engraçadinho!

Dez minutos depois, a campainha tocou. Não era possível ouvir, mas uma luz azul acendeu-se, e Diana notou.

- É um jeito de saber que a campainha está tocando. Se eu estiver esperando alguém.

- Ah, certo.

Diana subiu as escadas rapidamente, e logo voltava com um rapaz magro, de cabelos loiros com topete, que trazia um case de guitarra. Michael cumprimentou Guilherme, que logo mostrou sua guitarra branca.

- Nossa, que linda! – disse Michael sem perceber.

- É, é minha lindeza. – disse Guilherme, com voz tímida. – Bom, qual é a ideia aqui? Isso vai terminar tarde? Minha irmã está viajando, e preciso ir na casa dela regar as plantas.

- Vai chover hoje, Gui. – disse Diana. – Tu não fala tanto de Deus? Então.

- Certo. Uma banda nova? Não vai dar certo. Tenho saudades da Escalada, Di.

Diana olhou fixamente para Gui, mas com um olhar que Michael entendeu ser de ternura.

- Eu também, mas a Joana quis bancar a veterinária, não quis?

- Eu fui estudar administração, mas nada me impediu... – disse Gui, de cabeça baixa.

- O guri aqui quer fazer rock com violino. – Assim que Diana disse isso, Gui olhou para Michael. – E botou um anúncio no mural do Mal.

- O Mal deixou? Um anúncio falando de violino? Qual vai ser o nome da banda, guri?

Michael levantou-se, pegando seu case.

- Eu... não pensei nisso. Pensei primeiro na música.

- Então... vamos tocar. – disse Gui, plugando sua guitarra em um amplificador.

Diana ligou seu baixo e colocou os microfones nos instrumentos, começando a gravar tudo.

- O que vai ser? Já comecei a gravar.

- Por mim, RPM. – disse Gui.

- Por ti é SEMPRE RPM, Gui!

- Mas eu gosto!

- Pode ser RPM pra mim... – disse Michael, timidamente.

- Mas o RPM não tem violino. – disse Diana.

- Eu toco violino na linha de teclado. "Alvorada Voraz", talvez.

Os três então começaram a tocar juntos. Guilherme e Diana claramente já estavam entrosados, mas ficou fácil para Michael acompanhá-los. A música correu suavemente, com Michael murmurando a letra para acompanhar.

Ao final, Michael abriu os olhos, e percebeu que Diana e Guilherme também haviam fechado os seus. Quando os três se viram, Diana olhou para o teto.

- Alguém mais sentiu estar levitando?

- Diana, é por ISSO que sou contra drogas. – disse Guilherme.

- Eu também não curto! Mas que foi algo fora desse mundo, foi.

Michael olhou por um instante para seu violino. Diana tinha razão sobre a sensação que o tocar trouxera.

- Não somos desse mundo, né? – ele disse. – Somos a banda fora daqui, no espaço...

- Agora tu vai dizer que o nome tem de ser A Banda das Galáxias! – disse Guilherme, com um sorriso no rosto.

Logo ele notou Diana e Michael sorrindo para ele.

- Não estão concordando... estão?

A Banda das Galáxias e o Planeta ConquistadoOnde histórias criam vida. Descubra agora