04 | i love you baby

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LONDRES, 2020

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LONDRES, 2020

Daniel deu um sorriso mínimo ao passar pela porta do apartamento de Tina. Existiam tantas memórias felizes e vivas em sua mente.

Recordou-se vividamente quando pisou ali pela primeira vez, após uma visita surpresa que fez a médica. Da primeira vez que passaram a noite juntos, depois de conversas jogadas fora e taças de vinho. Dos dias alegres e frios, das quais eles aproveitavam enrolados no edredom, deitados de conchinha.

Ah, Daniel gostava desses simples momentos. Queria voltar até eles, vivê-los novamente com mais intensidade e de forma lenta.

Ele sentou-se no sofá, esquadrinhando cada detalhe do apartamento, concluindo que tudo continuava em seu devido lugar, mesmo depois de Tina ir morar com ele.

— Por que você está rindo? — a voz arrastada de Tina, fez ele cair em si.

Não era um pesadelo, era real. Tina realmente tinha lhe deixado há duas semanas atrás e agora estava ali, ao alcance de seus dedos, desarrumada — mas ainda sim linda —, dizendo com lentidão e incapaz de se manter de pé por alguns segundos.

Não era a Tina que Daniel conhecera. Sua Tina não era de encher a cara e se jogar na noite em meio a corpos dançantes e desconhecidos.

Sua garota era focada e simplista. Escolhia ficar em casa, andando descalça sobre o piso frio, enquanto segurava a caneca de café e sorria para observar a paisagem pelas janelas de vidro — sendo elas em Mônaco ou em Londres.

— Vivemos muitas coisas entre essas paredes. — Tina lhe encarou, recobrando sua sanidade.

A menção de Daniel, fez suas lembranças surgirem em seus olhos. O brilho faíscou sobre suas íris. Lembrou-se da mania que Daniel tinha de tentar preparar café da manhã para ela. Das noites de amor, nas quais seus corpos se tornavam apenas um, queimando em prazer e carinho. Das surpresas que Daniel preparava com a ajuda não tão eficiente de Max.

Gostava dos amigos de Daniel. Todos tão extrovertidos quanto ele. Das viagens para Perth, dos almoços em família. Das brincadeiras entre o vinhedo, depois da comida italiana que sua nonna se dedicava a fazer. Tina desconfiava que sua nonna Rosa preferia Daniel ao invés dela.

— Eu preciso de uma explicação, Tina. — Daniel pediu. — Apenas uma explicação que me faça sair por aquela porta — apontou para a mesma —, e nunca retornar a sua vida. — Tina engoliu o bolo que formou-se em sua garganta.

Não tinha certeza se conseguiria dizer adeus novamente ao homem que ela tanto amava. Não planejava reencontrar Daniel. Não queria olhar nos olhos do piloto e repetir a despedida. Tina não conseguia.

— Eu não quero que você saia por aquela porta. — admitiu em meio as lágrimas que começaram a descer.

Daniel segurou a mão dela, respirando descompassadamente, em um misto de sentimentos que não tinha como distingui-los. Estava nervoso e cheio de expectativas.

FOREVER | DANIEL RICCIARDOOnde histórias criam vida. Descubra agora