Um bilhete simples, sem muita informação, o suficiente para ela indagar o que ele estava planejando, e o porquê sair assim sem falar com ela diretamente, mas não quer ficar pensando nisso, não neste momento em que batem em sua porta e mal esperam ela autorizar e entram em seu quarto.
–Julieta minha cara o que está acontecendo? – diz Suzana, com uma falsa preocupação.
– Não sei do que fala. – Julieta começa a se levantar da cama.
– Como não? O filho do barão dormiu aqui – ela não consegue manter a curiosidade e é direta.
– Já vi que a fofoca rolou solta.– ela não se deixa abater por aquela indiscrição.
– Não é fofoca, Mercedes disse que você chegou muito pálida, sendo amparada pelo caipi…. – se calou até ao ver o olhar de raiva que a patroa lança para ela – Digo pelo senhor Aurélio.
– Não passei bem ontem, e ele de fato me ajudou, não se sentiu bem em me deixar sozinha e apenas isso, e só o que vou falar sobre o que aconteceu, não devo explicações – ela fica próxima a Suzana – nem a você nem a ninguém. – e sai rumo ao banheiro deixando uma Suzana de queixo caído e olhos arregalados.
Julieta tratou de preencher seu dia de mais e mais trabalho, não permitindo pensar no que Aurélio estava fazendo ou no quanto ele vinha transformando sua vida a ponto de contar o seu mais tenebroso segredo e principalmente no quanto essa distância repentina a afetava.
Passa um dia, três, uma semana, seus pensamentos não a obedecem mais, não podia mais deixar de pensar que ele a abandonou após revelar o seu passado, suas atitudes estavam rudes por demais, por mais que o trabalho na compra de terras estavam indo bem, ela estava tão raivosa que Darcy veio conversar com ela no escritório.
– Julieta, você tem um minuto?
– Sim claro, entre – ela tira os pequenos óculos de leitura – Você quer beber algo?
– Não obrigado, os negócios estão indo bem – ele fala querendo ganhar um tempinho, ela apenas concorda – As pessoas do Vale parecem aceitar você.
– Sim, graças a sua ajuda, ao senhor Brandão e…. – ela não consegue completar, sem querer sua voz engasgou.
– E Aurélio, ele quem você iria mencionar?
– Sim, ele mesmo – coloca a mão no pescoço, começa a sentir um pequeno incômodo.
– Uma pena ele precisar se afastar assim – Darcy continua, não percebendo ou não querendo perceber a aflição da rainha do café.
– Sim, uma pena ele não estar aqui presente. – ela levanta e vai até a janela – Mas ele deve ter coisas mais importantes para resolver em São Paulo.
– Talvez, vocês estavam começando a se dar bem – Darcy resolve arriscar, era óbvio para quem tivesse observado um pouco mais os dois juntos, que ali tinha sentimento, muito sentimento, mas também sabia que Julieta não daria o braço a torcer e confessar algo, mas ela o surpreende e fala com uma voz embargada.
– Sim estávamos nos dando bem, Aurélio conseguiu derrubar um pouco da minha armadura – ela ainda olha pela janela, Darcy apenas observa e permanece em silêncio.– Eu sou uma pessoa difícil , você sabe– ela consegue esboçar um sorriso ao olhar para o amigo– E Aurélio não se importou com isso, e mesmo assim insistia em ficar ao meu lado e agora ele simplesmente foi embora.
– Deve ter acontecido algo, ele é uma pessoas honrada e sincera. – Darcy tenta amenizar.
– Eu sei, sei disso – ela se vira para o amigo – Ele é uma das melhores pessoas que conheci, mas não podemos comandar a vida dos outros.– ela divaga mais para si mesmo.
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Nunca é Tarde...
FanfictionJulieta veste preto não por causa do falecido marido, veste por que enterrou a si mesma quando casou obrigada, veste preto para se esconder, veste como uma armadura que sente proteger de qualquer coisa. Aurélio ama sua família acima de qualquer cois...