Senhor Aurélio

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O jantar é anunciado, avisa uma empregada, a campainha toca, Julieta se vira ao mesmo tempo que Ema entra acompanhada pelo pai, Aurélio está ali é só o que consegue pensar,  por pouco a bebida que está em suas mãos vai ao chão ao ter aqueles olhos azuis em cima de si, mas não tem muito tempo para pensar pois logo tem os braços de Ema em volta de si, que foi abraçá-la antes de fazer a qualquer um daquela sala.

– Dona Julieta, como é bom ver a senhora aqui– a moça fala com um entusiasmo que a comove– Que saudades eu estava da senhora.

– Obrigada minha querida, também senti saudades– ela fala, mas olhando para Aurélio– Saudades de  você, de vocês.

– A senhora recebeu minhas cartas?– diz a moça assim que a solta.

– Algumas, tenho ficado  pouco em um lugar só, e tenho muita correspondência atrasada aqui e ali.

– Eu que sei, mamãe tem viajado tanto que nem eu mesmo estava conseguindo me corresponder com ela.– fala um Camilo empolgado por demais, Julieta podia parar e  observar o filho mais, mas não é ele quem que estava dominando os seus pensamentos e sim o homem que não conseguiu tirar da cabeça nas últimas semanas, Aurélio.

– E eu não ganho um abraços desse minha noiva linda– Ernesto diz puxando a menina para seus braços.

–Olá Senhora Julieta.– Aurélio se aproxima aos pouco dela que lhe estende a mão para tocar a dele ao que prontamente pega, e aquele toque carregado de sentimentos parece durar mais tempo que o normal, e nem fica envergonhada por isso.

–Senhor Aurélio, como vai?– Julieta sorri ao poder pronunciar o nome dele em voz alta, em nenhum momento desde que ele entrou na sala ela deixou de notar que ele estava ali, seu coração não deixa, será possivel ele estar mais bonito?Aquele azul do seu olhar ficar mais forte?Ou era apenas a saudades.

– Vou bem, vejo que a senhora também.– ele desfaz o contato, e eles não conversam mais pois Camilo delicadamente a puxa.

– Vamos jantar, por favor.– todos seguem ele e se sentam, Julieta perde a dimensão do tempo, pois Aurélio senta-se bem na sua  frente, e ela seguidamente se pega olhando para ele, não mais de uma vez ao falarem com ela precisam repetir a pergunta pois não está prestando a mínima atenção.

Aurélio, não acreditou quando ao entrar na casa seus olhos batem com os dela, parecia magnetismo pois ao vê-la deixou de perceber os outros na sala, Ema não disse que ela estaria lá, será se a filha tinha armado isso, não duvidava ao ver o olhar travesso da menina para ele, desde uma noite em que bebeu demais e confessou os sentimentos que tinha para com Julieta, sentimentos esse que Ema disse já desconfiar fazia tempos, a menina não o deixava em paz o mandado ir atrás da Rainha, não sossegou nem quando ele  contou que a tinha pedido em casamento e ela rejeitou, claro que não tinha falado a parte de Osório, tinha sido pior dizer do pedido de casamento, pois aí que Ema não parava de falar em Julieta e planos de juntar os dois se ele desse corta ela seria bem capaz de usar sua imaginação e romantismo e planejar o noivado dos dois, a filha dizia que Julieta iria voltar atrás, que ele tinha que vê-la como uma rosa que desabrocha pouco a pouco, ele ria desse sentimentalismo puro da filha, mas tentava não criar muitas esperanças, tinha sido um longo mês, ao mesmo tempo que feliz por enfim estar se reerguendo e pela primeira estar sendo útil e ganhando o próprio dinheiro, já tinha um lugar onde ele e filha viviam, tinha sido um mês triste pois involuntariamente deseja ter notícias de Julieta, coisa que não aconteceu, e agora estava ali frente a frente com ela, seus olhos pousavam sobre os delas mais do que gostaria, tentava querer soar indiferente a presença dela, mas não conseguia, ainda a amava, pensava que menos, mas não, era igual ou maior o seu amor do que quando a viu no Vale, mas apesar de tudo ele iria esperar por uma atitude ela, ver como ela iria reagir, tinha dito na carta que deixou que quando ela quisesse iriam conversar, iria seguir dessa forma.

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