Capítulo VII - Não tenho tempo para amar!

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Jin fitava pensativo o teto do quarto. Ele há poucos instantes havia terminado mais uma das suas chamadas com Nanjoom e sentiu uma inveja branca do mesmo ao saber das boas-novas. Semanas atrás, Nanjoom confirmou que a linda garotinha era realmente o fruto do seu amor com Hanny, e agora com o processo do divórcio aceito ele poderia tentar reaver sua vida. Claro que o mais velho estava feliz por saber que a vida dera uma nova oportunidade a Nanjoom, para que ele pudesse desfrutar da maneira certa aquele intenso amor que sentia por Hanny. Mas, o que a vida reservava para Kim Seokjin? O que seria do seu relacionamento com Yue quando as suas férias acabassem? Quando voltasse para Seoul e para as suas obrigações? O que ele teria de fazer para destruir totalmente a barreira de proteção que a florista criara ao seu redor para não sofrer mais?

Ele sorriu apaixonado após lembrar-se do beijo no galpão, da entrega de ambos, do desejo latente, da vontade absurda que sentiu em fazê-la completamente sua entre aquelas flores de cores vibrantes, de ouvir os seus gemidos de prazer, de sentir o lindo corpo sem todas aquelas roupas. Os lábios de Yue eram deliciosos e Jin já se via viciado neles e no sabor de canela que possuíam. Apesar de conhecer a jovem florista há apenas dois meses, Jin já se sentia perdidamente apaixonado pela mesma.

- Aigoo... O que vou fazer? Eu sei que você sente a mesma coisa que eu, mas o que devo fazer para que você aceite esse sentimento, Yue? - ele questionou-se e adormeceu sentindo o coração temeroso.

Do outro lado da cidade Yue tentava assimilar tudo o que sentia pelo mais velho. Ela não tinha nenhuma dúvida que amava Jin, apenas não se sentia digna desse sentimento tão profundo e aterrador.

- O que vou fazer para te afastar de mim, Jin? Não quero te fazer sofrer. Aish, por que te conheci somente agora? Por quê? - Yue murmurou para si mesma fitando o teto passando o dígito nos lábios lembrando-se do delicioso beijo entre as flores. Aquela fora a primeira vez que ela sentiu vontade de se entregar para alguém sem nem pensar.

- Yue, você está acordada, querida? - Sun deu leves batidinhas na porta do quarto, entrando logo em seguida.

- Sim, Omma, estou acordada e um pouco enjoada... Aquele remédio é muito forte além de ter um gosto horrível! - ela sorriu quando a mãe sentou na cama.

- Sinto muito que esteja passando novamente por isso, querida.

- Estou bem! Não se preocupe comigo. - Yue disse, segurando a mão da mais velha. - Então, o que deseja? Não me diga que o casal Jeon/Park ligou de novo... Aigoo! Aqueles dois se preocupam demais!

- Não, Yue. - Sun sorriu após ver a careta da filha. - Na verdade, quero muito saber como foi o seu passeio com o Jin... Vocês estavam tão próximos quando voltaram. Quero estar a par dos mínimos detalhes. Você sabe que sou muito curiosa.

Fitando a mãe com um olhar inquisidor, Yue falou:

- A senhora sabia do plano dele... Sabia que ele me levaria para aquele galpão... E tudo mais.

- Bem, eu sabia da surpresa agora o "tudo mais" ficou a critério dele. E pela sua reação me parece que o Jin foi muito criativo.

- Omma! - Exclamou Yue envergonhada. Sun achou extremamente fofa as bochechas rubras da filha. - Isso não tem a menor graça. A senhora não tem por que incentivar o Jin oppa nos planos loucos dele... Não vamos poder ficar juntos! Não tenho tempo suficiente para viver seja lá o que isso for. Estou morrendo! Vocês precisam aceitar a verdade.

Suspirando fundo, a mais velha levantou-se passando as mãos nos cabelos.

- Fiquei me perguntando quando você iria falar algo assim. Você sempre foi tão teimosa e cabeça dura quanto o seu pai... Não pensei que se renderia tão fácil!

- Não é questão de aceitar, ou render-se, essa é a nossa realidade! - Yue falou com pesar se deitando com os olhos cerrados. - Não tenho mais muito tempo. Consigo sentir isso! Se não encontrarmos um doador de medula compatível logo não terei pra onde fugir... Posso não ser formada em medicina como o Jimin, mas sei como as coisas funcionam e no meu caso é assim. Terei mais um ano no máximo, isso se a doença se mantiver sob controle. O que não está acontecendo. Por isso não quero ficar me iludindo pensando em uma vida que não terei ao lado do Jin oppa. Isso é cruel demais para o meu coração.

- Então não pense no futuro e viva o agora intensamente, meu amor. - com a voz fanha, Sun tocou o rosto da filha com carinho. Ela sabia que tudo o que ouvira era verdade. O tempo da menor estava se esgotando e se eles não encontrassem realmente alguém compatível a tempo o pior iria acontece.

- Você já parou pra pensar que talvez esse rapaz tenha aparecido na sua vida com um propósito? Lembra-se do que o seu pai dizia: "Nada na vida é por acaso."

- E qual seria esse? Sofrer? Ah, por favor, Omma!

- Te fazer feliz, Yue! É perceptível o quanto ele te ama, e o quanto você o ama também. Qual é o problema de se deixar sentir?

- Sentir é o grande problema levando em consideração a minha situação! E não vou me entregar a esse amor se é isso que está sugerindo. Não vou fazer com que ele passe por isso... Eu não me perdoaria! Droga omma, o Jin não tem mais os pais e anos atrás perdeu a irmã quando ela deu a luz ao primeiro filho.

Uma lágrima deslizou pelo rosto de Yue.

- O meu coração já se despedaça um pouquinho todos os dias quando te vejo chorar escondida no seu quarto, omma. Eu não posso...

- Meu amor... - não segurando mais a vontade de chorar, Sun puxou-a para os seus braços se rendendo a tristeza. Yue se encolheu nos braços acolhedores da mãe procurando refúgio. - Ao menos diga ao Jin como se sente. Não o deixe nessa situação angustiante. Seja verdadeira consigo mesma. Prometa-me que fará isso, por favor.

- Vou tentar... - Yue sussurrou sentindo o coração se despedaçar. Seria difícil fazer aquilo, mas...

O dia amanheceu chuvoso. Nem de longe parecia ser mais um dia de primavera. As nuvens pesadas cobriam todo o céu, e as pessoas andavam nas ruas cobertas da cabeça aos pés... Jin apenas observava tudo da janela tomando a segunda xícara de café em menos de dez minutos. Sentia-se um pouco agitado, Yue ligara mais cedo dizendo que eles precisavam conversar seriamente sobre tudo. Tudo? Como assim tudo? Questionou-se Jin quando ela disse que estava a caminho do hotel. Qual seria esse "tudo" do qual ela falara? Por que tinham que conversar com tanta pressa e ainda no hotel? Por que ele não podia ir visita-la como sempre fazia? Esses e outros questionamentos ecoavam na cabeça do Kim que sentiu o coração bater desesperadamente quando avistara a jovem florista sair do táxi. Logo depois o seu interfone tocou.

- Olá, Jin oppa! - Yue disse assim que ele abriu a porta.

- Oi! Entra, por favor. - dando espaço para que a menor entrasse, Jin fechou a porta vendo-a olhar tudo com curiosidade. Ela estava tão adorável usando um vestido azul de manga longa, uma bolsa preta e tênis branco. Devido ao tratamento, ela decidiu cortar o cabelo um pouco acima do pescoço.

- O que aconteceu? Você parecia muito séria quando me ligou mais cedo.

- Desculpa se o deixei preocupado... É que realmente preciso fazer uma coisa muito difícil e não sei por onde começar. Na verdade, não sei se vou ter coragem, mas...

- E o que seria exatamente? O que é tão urgente para te fazer sair de casa quando deveria estar descansando? Ou melhor, por que não me deixou ir até a sua casa? Yue, o que está acontecendo?

Respirando fundo, Yue buscou por coragem ainda de costas pra ele.

- Precisamos por um fim nisso!

- "Por um fim" no quê, Yue? - Jin questionou-a se aproximando.

- P-Por um fim nessa nossa história sem sentido. Você precisa se afastar de mim, Jin oppa. - a menor falou num fio de voz sem encará-lo.

- E-Eu não quero mais que se aproxime. Volte para Seoul, por favor...

CHANCE DE SER FELIZ (FIC Kim Seokjin) (SAGA OS KIM'S) TerminadaOnde histórias criam vida. Descubra agora