Me perdi na paixão
Queria ter acordado plenamente e feliz no meu apartamento, mas o que eu vi foi um cara barbudo sorrindo com uma escova de dentes na boca.
- Gom bia - falou o animal raivoso.
- AAAAAAAAAAAA - eu gritei.
- IAAAAAAAAAAA - Dhalia levantou gritando também.
- UAAAAAAAAAAA - Tony gritou por bondade.
- Vem então, porra, não vou cair sem matar - Ciele saiu do chuveiro com o cabelo todo ensaboado e uma escopeta calibre .12 cinza nas mãos. - VEM!!! - e ela engatilhou a arma pesada.
- Hummm bom dia. - falei meio tímido com aquela cena, cobrindo os olhos como um bom cavalheiro.
- Bom dia, meus queridos, café na mesa. Se preparem bem - Ciele apoiou a arma no ombro, o que não ajudou muito. - E vamos lá.
- Amor, todos estão vendo meu local favorito - Tony estava vermelho de vergonha.
- Eita - Ciele agiu naturalmente e saiu correndo de volta pro banho.Tomamos café como uma família feliz, bolo de coco, um café bem docinho e diversos papos aleatórios sobre a bolsa de valores, armas e promessas de ano novo - mesmo a gente estando em maio - e como tudo iria se desenrolar. Desde os pneus furados ao ataque aéreo do Tony.
- Há uma rocha de apoio no local em que irei descer, é tudo milimetricamente calculado, Ezio - Tony riscou uma linha na foto com super zoom a qual ele tinha imprimido do Google Maps, um local exato para jogar o fura pneus. - Exatamente aqui, nada mais e nem nada menos. Compreende?
- Por mim tudo bem.
- Confio no Ezio e vocês gostaram dele rápido demais, então imagino que vá dá tudo certo - Dhalia estava ao meu lado encarando o plano, depois da última conversa sua empatia tinha dobrado por mim. - Mas, não vai ser detectado essa impressão? Caso venham a investigar.
- Tudo bem, Ciele usou a "cebola" pra conseguir tudo e um pouco da DW - Tony não se mexia enquanto explicava, praticamente uma máquina.
- Ezio - Ciele me chamou de fundo, estava verificando as armas no sofá, mexia nelas como se fossem relíquias frágeis. - Venha aqui.
Encarei Tony e Dhalia e eles fizeram um sinal de "boa sorte, passamos por isso também".
- Sim - andei até ela e sentei na parte que formava a perna do "L" no sofá.
- Sei da sua auto afirmação de estar preparado, mas você não está - curta, verdadeira e direita. - A cabelo de fogo me contou seus problemas depois de ter matado aquele senhor, vômitos, choradeiras, desmaios e afins... Você tem certe...
- Não preciso de avisos, Ciele, na verdade, até agradeço a preocupação - meus dedos estavam cruzados entre meus joelhos, sem tremedeiras ou medo, apenas calma. - Mesmo todos vocês sendo mais habituados a esse mundo, acredito já ter passado por merdas o suficiente para aguentar isso.
- O que vamos fazer não é certo - ela parou de limpar a arma e me encarou. - Pessoas vão morrer, isso você pode ter certeza.
- O que é "fazer o certo"? Vamos tirar dinheiro de uma família que guarda na poupança esperando pagar a faculdade da filha ou os cuidados médicos da mesma. No entanto, vamos tirar do filhinho do dono da empresa, aquele tipo que assedia e abusa das funcionárias as quais precisam e querem subir de cargo - levantei já deixando claro o encerramento da conversa. - Preciso ir ao banheiro.
- Você fala bonito pra sua perspectiva, mas somente para ela - pra que continuar? A voz dela soava fria e certa, mesmo discordando de mim. - E nós quatro? Onde nos encaixamos? Já viu as possibilidades? Já escolheu?
- Enquanto eu não escolher, tudo é possível - finalmente me livrei, nossa, queria tanto usar o vaso, maldito nervosismo.Na estrada, Tony foi com seu carro até um acampamento e deixou ele lá, conversou com o dono e pegou outro carro sem placa, vulgo esse dirigido por Ciele até o ponto de encontro. Eu e Dhalia fomos deixados na estrada com as mochilas prontas e às armas cruzadas como espadas ninjas nas costas.
- Aprontamos agora, o carro vai chegar em trinta minutos - Dhalia além da mochila, carrega uma mala de viagem praticamente quadrada. - Me ajuda aqui - abrimos o cubo e vimos um tapete de metal enrolado, puxamos de uma vez, aquilo deveria pesar uns 50kg ou mais. - Beleza, você leva até lá e vem chutando, cuidado pra não se furar, essas coisas são afiadas.
Olhei para os lados caçando algum sinal de vida. Peguei o rolo de metal quase quebrando minha coluna e o arrastei até o outro lado da parede, Dhalia estava me encarando recostada na mureta.
- Como tem tanta certeza do próximo carro ser o carro forte? - apoiei o tapete cinza no chão que fez um baque de mil panelas juntas caindo e comecei a chutar em direção a mureta, até ele se abrir.
- Eles tem horários, dias e estradas específicas com pouco movimento - ela estava terminando de colocar os silenciadores nas armas. - Tony tem total segurança disso tudo, vamos ver, né?
Era muito suspeito um cara como Tony saber daquele caminho específico para o carro forte, naquele caminho, naquele dia... Sinceramente, muito suspeito. E é nesse momento que eu corto para a tortura na mão de uma família mafiosa dona do esquema de carros fortes.
Brincadeira, sem cortes.- Okey, cama de pregos colocada, agora é só esperar as vítimas - estava suado, era uma tarde quente e sem sol. Deveria estar na praia ou dormindo dentro do refrigerador da geladeira.
- Toma - Dhalia me deu uma garrafa de água e a arma agora silenciada. - Nervoso?
- Um pouco, mas assim que colocar a máscara eu relaxo, talvez - estávamos encostados na mureta olhando as estradas que circundavam a montanha. - E você?
- Muito e um pouco, não queria morrer assim.
- E não vai - levantei o punho esperando uma retribuição de irmandade, ao invés disso ela me abraçou, com força, seus braços eram tão aconchegantes e felizes. - Isso foi inesperado.
- Se contar pra alguém, você tá morto.
- É justo.
- Eles estão chegando, hora do show - ela colocou sua máscara do Trump e eu repeti o mesmo gesto colocando minha máscara de Hannya branco e chifres dourados quebrados.
- Se escaparmos dessa, prometo te contar tudo sobre mim - ela completou com a voz meio abafada pela máscara.
- Feito - o carro estava a alguns metros da gente prestes a perder os pneus, destravamos às armas e esperamos o estouro do sinal. - Digam olá.
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Aqueles Perigosos Cabelos Rubros
RomanceObs: Não conto essa história porque eu quero. Mas séria um erro não falar dela Pois bem, uma noite de ano novo te proporciona todas as maravilhas do mundo. Bem, não trouxe nada disso para mim. Eai, sou Ezio, feliz ano novo. Minha maior meta? D...