Roubar de madru', roupa de madame
- Menino Ezio, não é assim - Tony me ajudava a entender a arma gigante na minha frente. - Você precisa puxar aqui e começar a atirar.
- Tony, é a primeira vez que vejo essa arma. Não é nada fácil.
- Aiai, sabes qual arma é está?
- Uma M16? - arrisquei, pesquisei apenas a minha arma a qual não via fazia dias, escondida em baixo do sofá ou sei lá.
- Não, hermano. Não é uma simples M16 - Tony gesticulava muito enquanto falava, fazia sinais de objetos, as vezes letras e complementos para onomatopeias. - Esta é considerado por mim a melhor arma cívil estadunidense, uma Hk MR762A1 com munição 7.62 mm OTAN, detalhe - seu dedo indicador parou no ar pegando o silêncio, - não confuda com o cartucho russo 7,62×54mmR ou mesmo as munições de AK - ele pegou a arma e a acariciou como um filhote. - Está belezinha foi feita pra até um magrelo mini definido como você poder matar um dinossauro... Ou o presidente - essa última parte brilhou em seus olhos.
- É, se você tá dizendo, foi barato comprar quatro armas iguais? Tipo, leve quatro, ganhe uma granada e uma bandeira dos confederados.
- Não comprei quatro armas iguais, essa é a sua, sua parceira e sua dupla. A chica pelirroja e mi amor também tem ferros diferentes.
- Legal... E o que eu faço com isso? - olhei a arma inteira e analisei de que forma aquilo iria quebrar meu ombro.
- Mata os motoristas.
- E você?
- Mato o segurança.
- Isso tudo pendurado em uma corda com uma arma de 38 quilos?
- Ora, ora. Andou pesquisando?
- Fiz meus estudos.
- Legal - ele jogou a arma pra mim, segurei com uma certa dificuldade, mas era como um saco grande de arroz. - Você, garoto Ezio, vai acabar com os motoristas junto com a fuego e eu... Você já sabe, abrimos, roubamos e vazamos.
- Isso parece suspeitamente fácil demais - estreitei os olhos tentando arrancar mais alguma informação através do olhar.
- Garoto, é amanhã, relaxa.
- Não dá pra relaxar, Antônio Banderas. Eu tô surtando faz três meses que inventei de me aventurar com uma ruiva batedora de carteiras - apoiei aquele pedaço feio de ferro na mesa de centro e fitei Tony, o armário latino. - Não durmo bem, choro dia sim, dia não, vômito a maioria das coisas que como e possivelmente destruí uma família pelo simples motivo de não saber travar uma bosta de arma.
- A ruiva disse que o moço tava com uma escope...
- Tô nem aí, porra - não sabia se podia exaltar minha voz, mas fiz isso e bati na mesa. - Tem no mínimo duas semanas em que tentei engolir uma bala de tanta pressão acumulada aqui - cutuquei minha têmpora direita com ódio, - não sou covarde o suficiente nem pra me matar, minha dor neuropática tá tão forte que antes eu sentia formigas sob minha pele, agora são garfadas, estão esfaqueando meu rosto... E eu não posso fazer nada.
- Ez...
- Eu tentei ligar pra ela - minha voz vacilou, a adrenalina foi substituída por lágrimas e soluços, - queria tanto perdoar ela, queria tanto que ela... Tanto.
- Entendo você, filho. Tentei tanto apenas tirar o dinheiro, mas as pessoas brigam por isso, vão sempre morrer por isso... Também tenho sangue nas mãos e isso me dói vinte e quatro horas por dia, cada pessoa.
Tá de sacanagem, maluco na minha frente era um ladrão procurado e estava romantizando as pessoas as quais ele matou. É uma piada de mau gosto.
- É, valeu pela gentileza - limpei a umidade dos meus olhos e voltei o foco para aquela arma. - Vou pra minha casa e amanhã cedo broto aqui.
- Ir embora? - Ciele saiu do corredor com uma montanha de lençóis nas mãos com Dhalia logo atrás segurando três travesseiros igual uma bandeja. - Ninguém vai sair hoje, vamos dormir aqui para irmos direto amanhã - estendeu os edredons no chão entre a TV e o sofá em formato de "L", colocou dois lençóis em cima e a Dhalia jogou os travesseiros de qualquer jeito.
- Hummm.
- Algum problema em casa? Precisa voltar hoje? - Tony me olhou como um gatinho carente.
- Esqueci de alimentar meu peixe.
- Você não tem um peixe - a voz da ruiva era indiferente... Ou fingia não ligar.
- Tenho, comprei ele ontem. O nome é "Randolph Carter" - quis responder com o mesmo desinteresse, mas eu realmente não ligava.
A ruiva virou o rosto e foi deitar sem responder.
- Hahahahahahahaha - Tony sorriu com vontade daquela situação. - Você é incrível, garoto Ezio.- Obrigado, vou banhar e dormir - fui e voltei pelo corredor. - Hum? Podem me emprestar uma toalha e falar onde fica o banheiro?
- Toalhas no armário embaixo da pia, banheiro é a segunda porta na esquerda e o sabonete é líquido, relaxa - Ciele falou com uma naturalidade assustadora, não era a primeira vez que falava aquilo, com certeza.
- Valeu - sai novamente rumo ao chuveiro.Quando voltei a sala estava escura, Dhalia deitada e o casal tinha sumido, mas um ronco ensurdecedor vinha do quarto... Um trator dormia com eles.
Dhalia dormia silenciosamente apoiada na perna do sofá, possivelmente era a pessoa que adorava o lado da parede, queria conversar com ela depois daquele dia, mas até olhar me causava incômodo.
Peguei meu lençol e ajeitei a cabeça pra capotar, quando senti um travesseiro nos meus pés. O outro travesseiro.
- Pode me devolver? - Dhalia falou cansada.
- Você dorme do jeito certo?
Ela levantou o braço - travesseiro, Ezio.
- Claro, aqui - entreguei a nuvem fofinha e me virei pra contar meus carneirinhos.
- Você é um covarde - nunca havia escutado algo com tanta clareza quanto essa frase, e ela falou com gosto.
- É a única forma conhecida por mim de resolver os problemas, sua mesquinha.
- Mesquinha? - ela levantou silenciosamente e respondi com a mesma atitude, ficamos no encarando sentados no chão. - Você fugiu logo depois da... Daquilo, acha que sou tão fácil? Que dou pro primeiro magrelo esquisito com cara de sonâmbulo o qual eu vejo? Você é um babaca, só pensa em si mesmo e vive em um mundinho vitimista medíocre.
- Uau, essa doeu - a verdade é dolorosamente... Verdadeira.
- Não vou me desculpar, foi uma atitude hipócrita e egocêntrica - ela cutucou meu peito, parecia uma bala.
- Acha que eu não sei? Eu penso...
- Não pensa, não
- Cala a boca e escuta pelo menos uma vez, demonia.
- Última vez em que escutei você, terminou de um jeito bom e logo depois terminou de uma forma patética. Quer saber? Você é patético - mais cutucadas no meu peito. - Única coisa boa na sua vida são suas pernas pra correr como um mimado medroso, deveria aproveitar agora e voltar pra tua mãe, talvez ela te crie certo dessa vez...
Não pensei muito, apenas senti minha mão esquentar na hora de seu encontro com a bochecha de Dhalia. O tapa ressoou pela sala igual uma palma.
- Opa.
Quando Dhalia virou, seus olhos exalam um ódio mortal.
- Seu fudido - ela voou no meu pescoço e começou a me socar e dar tapas esquisitos. - Quem você pensa que é? Ninguém toca em mim.
- Espera, espera - segurei suas mãos. - E a deportação? Não eram 60 dias?.
- Consegui o visto até o final de agosto. Minha existência depois disso é um crime, agora cala a boca e deixa eu te socar.
- Não - empurrei seu rosto e joguei ela pra trás, caindo de bunda no edredom. - E também agradeceria se não citasse minha mãe... - minha garganta doía só em pronunciar isso, palavra inútil, doentia...
- Entendi.
- Foi mal... Por tudo, eu só não consigo conciliar minha vida com minha vida - encarei minhas mãos, memórias doem.
- Poderia ter conversado comigo, não sou a psicóloga mais bem conhecida pela região... Mas sei lá.
- Consulta meio cara essa tua... E meio ruim.
- Eu gosto do que a gente tem.
Ela falou isso com tanta naturalidade.
- Sabe.
- Quê?
- Quer saber da história?
- Óbvio, adoro quando você fala.
Ela jogou um travesseiro pra mim e mandou eu deitar. Fiz o que foi pedido e logo após Dhalia deitou - se na minha barriga.
- Pronta.
- Okey.
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Aqueles Perigosos Cabelos Rubros
RomanceObs: Não conto essa história porque eu quero. Mas séria um erro não falar dela Pois bem, uma noite de ano novo te proporciona todas as maravilhas do mundo. Bem, não trouxe nada disso para mim. Eai, sou Ezio, feliz ano novo. Minha maior meta? D...