Te juro, polícia, que eu não sei
A pior parte daquela maldita viagem não era estar num carro com assassinas, assediadores, ladrões e tudo que há de ruim. Era Dhalia, na cabeça dela era genial a ideia de sentar no meu colo durante a viagem, se mexia toda hora procurando uma posição confortável - pra ela - agora eu sabia como os bancos se sentiam, era agoniante, mas não iria reclamar. Ameacei ela de morte faz pouco tempo, era bom deixar tudo voltar ao "normal".
- Ezio - ela me encarou e sussurrou.
- O quê? - me concentrei, talvez fosse algo importante.
- Você tá muito animado lá em baixo - e abriu outro sorriso.
- Mas que inferno!
- O que vocês tanto gritam aí atrás? Odeio crianças escandalosas - Shayara já dirigia a uma hora, estava ficando assustador todo aquele mistério e aquele maldito baú com armas dentro.
- Desculpa, é que ela aqui não sabe se aquietar - dei uma cutucada em Dhalia, ela se retorceu e pisou no meu pé. - Demônio.
- Otário.
- Mimada.
- Demente.
- Vocês dois podem ficar quietos? - desviei o olhar e vi o topo da cabeça grisalha de Serdit. - São as coisas mais decepcionantes as quais já conheci.
- Achei que seu filho fosse decepcionante - o pré adolescente se meteu.
- Ele também - ela completou.
- Você tem um filho? - falei escondido atrás de Dhalia.
- Sim.
- Que louco teria relações com você? - Dhalia era bem cirúrgica.
- Muitos homens matariam para ter uma chance comigo - a velha jovem se gabou.
- Ou você mataria eles - Ian falou.
- Cala a boca, Ian.
Ian se calou.
- Uau, e quantos anos ele tem? - tentei ser o mais familiar possível.
- Não te interessa, eneádedos.
- Isso é bullying, sabia?
- Se tivesse sido mais corajoso, talvez eu falasse - ela estava me zuando? Depois de quase ter me matado?
- Você é doente, sabia? - eu continuava atrás de Dhalia me protegendo, sempre perto da arma.
- E quem não é?.
- Amém - todos da família de doentes falaram em uníssono.
Encarei a ruiva com um desconforto e ela entendeu a mensagem, aquilo já estava esquisito.Após um tempo razoável, Shayara estacionou o carro no penúltimo andar de um estacionamento de andares, tínhamos uma boa visão daquele bairro meio morto, pichado e com cheiro de banheiro. É, com certeza estávamos ferrados, um silêncio enorme ficou entre nós seis logo após a descida do carro.
- Okey, toma - a chefa estendeu uma maleta, não era a mesma do banco de passageiros, possivelmente estava no porta molas. - Essa, meu bem. É uma HK UMP, você vai fazer "papapapapa" e seu alvo vai falar "aiaiaiai".
- Legal. Quem são os inimigos? - perguntei curioso pela aquela coisa sombria e metálica, tinha dois cartuchos de reserva e um já na arma; ambos cheios.
- Tá vendo prédio o vermelho cor de merda? - Serdit apontou para a outra rua, era visível de longe.
- Hummm - se a merda daquela mulher tinha a cor vermelha, certamente era preocupante. - Tudo bem então.
- Sim, mas antes - foi como um vulto. Shayara me socou no rosto fazendo com que eu caísse igual uma pedra. A alguns passos, Gim pegou minha arma da cintura de Dhalia e Serdit a imobilizou no chão.
- Escuta aqui - fui agarrado pelo cabelo, Gim entregou a arma para aquela mulher assustadora e ela levou o ferro direto pra dentro da minha boca. - Eu deixei passar quando você entregou isso para aquela vadiazinha, mas assim que você ameaçou as minhas crianças!!! - ela estava com raiva, muita raiva, quase quebrou meu molar em uma mexida. - Eu tive que ficar puta, querido, compreende?
- Confiendo - respondi sendo bem preenchido por todo aquele metal não saudável.
- A maior vai ficar com a sua parceira - Dhalia parecia morta, a louca havia pressionado o joelho contra as costas dela. - E você como é muito engraçado, vai levar essa paradinha do tamanho do seu pau. Okey?
Mexi os ombros confirmando.
- Fico feliz pela nossa irmandade - e se levantou, deixando a arma em cima de mim.
- Então - cuspi um pedaço de dente pro lado, quase não sobrou nenhum molar, - o que a gente tem que fazer?
- Entrem lá e matem o inquilinos do apartamento 25.
Fiquei esperando o resto.
- Só isso?
- Você é burro? Deveria tá agradecido pela gentileza de matar só alguns inquilinos - puta merda, como aquela louca era intrometida.
- Hummm - olhei pra Dhalia no fim do joelho dela. - Dá pra soltar?
- Ah, claro - ela saiu e limpou as mãos nas calças.
- Se é assim, vamos lá então.
- Espera - ruivas são bem intrometidas.
- O que é? - Serdit sempre nos odiando.
- Podemos saber o que nos espera?
- Não.
- Vão nos ajudar?.
- Essa já é a ajuda, agora vão - Shayara nos expulsou sem muitas formalidades, Dhalia pegou a arma de presente, colocou os pentes extras no cinto como se fossem espadas e descemos até a saida.Paramos na esquina, dois loucos armados era totalmente normal naquele local. Encarei Dhalia tremendo de medo, mas ao mesmo tempo confiante.
- Desculpa não manter a promessa - falei tentando quebrar aquele clima.
- Não é sua culpa - ela parou como se tivesse achando uma ideia. - Ei, domingo é teu aniversário, vamos comemorar bastante.
- Que droga - ela tinha lembrado.
- Haha, memória de elefante.
- Tá, vamos comemorar.
- Irru.
- Mas...
- Aaaaa.
- Vamos ter que sair vivos daqui, beleza?
- Por mim tudo bem - ela pegou a alça da arma e a deixou escondida nas costas em baixo da jaqueta. - Tudo certo, não dá pra ver nada.
- Já guardei a pistola.
- Hehe - ela fez aquela cara de novo.
- Você tem o quê? Nove anos?
- Culpa sua, anda, isso tá ficando suspeito. E você surta quando tem testemunhas.
Ela estava certa, caminhamos até a porta dupla de entrada do prédio, um vidro suja e com alguns trincados.
- Ei.
- O quê?
- E se eu só tivesse mandado você embora?
- Sua vida não séria tão divertida.
- Hipocrisia.
- E você adora minha bunda - afirmou enquanto lia o nome do prédio numa placa quebrada e queimada.
- Verdade.
- Entra logo - e me empurrou pra dentro do campo inimigo.
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Aqueles Perigosos Cabelos Rubros
RomansaObs: Não conto essa história porque eu quero. Mas séria um erro não falar dela Pois bem, uma noite de ano novo te proporciona todas as maravilhas do mundo. Bem, não trouxe nada disso para mim. Eai, sou Ezio, feliz ano novo. Minha maior meta? D...