Quando ela bateu a porta ao sair, Miguel sentiu como se uma faca entrasse em seu peito gradativamente, rompendo primeiro a pele, depois perfurando sua carne até se instalar de vez em seu coração. Foi a maior dor que ele já sentiu. A dor de não tê-la era insuportável, ele sinceramente duvidava se conseguiria sobreviver a tamanha dor.
Mia estava com raiva, mas a tristeza que sentia era ainda maior. Aquele homem era tudo pra ela. Eles já haviam passado por tantas coisas.
Ela não ligou para Peter, optou por chamar um táxi. Dentro do carro, chorou copiosamente, nem mesmo tentou abafar o barulho de seu choro, não estava em condições de tentar conservar sua reputação. O motorista não fez nenhuma pergunta, ela se sentiu grata por isto.
Ao chegar em casa caminhou o mais rápido possível em direção ao seu quarto e lá desabou. Sua cama ainda tinha o cheiro dele, o corpo dela tinha o cheiro dele.Dias depois, Miguel ouviu seu telefone tocar e resolveu por fim atender quando viu que o número pertencia a casa de Mia. Ele não atendeu ninguém desde o acontecido. Só saia de casa para fazer o básico. Evitava todos os amigos e conhecidos. Ele tentou ligar para Mia durante este tempo, mas ela nunca atendia. Pensou em ir a casa dela mas o medo de ser rejeitado era maior.
Ele já não conseguia nem mesmo organizar mais seus pensamentos, tentava sempre lembrar-se de que ela precisava ir e se ela odiar ele fosse o preço para que fosse feliz, ele pagaria.
Miguel atendeu o telefone: "Alô, Mia? Meu amor, por favor não me deixe!" - nem mesmo ousava tentar esconder sua voz embargada e desesperada.
Franco: "Não, Miguel! A Mia viajou ontem, ela não te contou? Decidiu que iria estudar em Paris. Vocês estão bem?"
Miguel tentava fazer com que Franco não percebesse por meio de sua respiração irregular que estava chorando, mas as lágrimas caiam de seu rosto de forma inevitável.
Miguel: "Está tudo certo, Franco. Do que você precisa?"
Franco: "Você viu sua caixa de emails? Você passou! Conseguiu! Eu estou tão orgulhoso de você! O reitor da universidade me ligou porque você não havia respondido o email."
Miguel: "Ah, obrigada, Franco! Eu não vi. Acabei me distraindo com algumas coisas."
Franco: " Você pode vir até aqui mais tarde?"
Miguel relutou, mas sabia que ele insistiria e se Mia não estava lá ele poderia ir até seu quarto uma última vez.
Miguel: "Posso sim, Franco."
Franco: "Está bem, Miguel. Nos vemos mais tarde."Já se aproximavam das 18:00 horas quando Miguel chegou a casa dos Colucci. Só a fachada do lugar já lhe deu arrepios, em parte porque ela não estava lá e em parte porque ele não sabia quando poderia entrar ali e vê-la novamente. Não sabia se algum dia ela entenderia que ele não a abandonou.
Franco: "Oi, meu filho! Como você está? Parece um pouco abatido."
Miguel: "Oi, Franco! Estou bem, não se preocupe. Espero que esteja bem também."
Franco: "Estou sim. Muito feliz por todos os acontecimentos. Finalmente Mia está fazendo o que queria fazer e você está muito perto de fazer o mesmo. Estou orgulhoso de vocês! Mas depois falamos de Mia. Miguel, já providenciei quase tudo da sua ida para lá. Já pedi até mesmo aos meus amigos que procurassem um apartamento próximo a sua faculdade. Você irá trabalhar na minha filial que fica por lá e me manterá informado sobre os acontecimentos. Você já falou com a sua mãe? Eu falei com ela hoje. Liguei para contar a novidade. Ela está tão feliz!"
Miguel: "Falei com ela hoje pouco antes de vir pra cá. Ela me disse que você ligou. Obrigada por tudo que está fazendo por mim, eu não tenho como te agradecer."
Franco: "Você merece, Miguel! E já me agradece sendo sempre você mesmo."
Franco: "Você já comeu? Esqueci de perguntar. Quer comer algo?"
Miguel: "Não, não Franco. Eu estou bem. Será que eu posso dar uma passada ali no quarto da Mia? É que tem uma coisa minha lá que eu esqueci de pegar."
Franco: "Peço que se alimente direito, Miguel ou não vai sobreviver até a viagem. Pode ir lá sim".
Miguel: "Obrigado, Franco! Prometo que vou comer direito."Ele entrou no quarto dela reparando calmamente em cada detalhe, como se quisesse decorar cada parte dela e de tudo que pertencia à ela dentro dele. Inspirou fundo no travesseiro dela para sentir o cheiro de sua Mia.
Ele havia prometido não entrar mais no quarto dela sem sua permissão, mas aquela poderia ser a última vez.
Ele avistou uma cartela de estrelinhas adesivas em que só havia uma restante. "Ela deve tê-la esquecido" - pensou. A tomou para si, colocando-a em seu bolso, ele precisava de algo dela.Passaram-se sete anos, desde que tudo isso aconteceu, porém não faziam exatamente sete anos desde que ele a viu pela última vez, um ano após ele ter começado seu curso, preparou tudo para que pudesse pedir transferência para uma universidade na França, que ficasse mais perto de sua amada. Era inferior em reconhecimento comparando com a qual ele estava, mas valia a pena, por ela. Depois ele conversaria com Franco e com sua mãe. Ele até chegou a ir até Paris, pois-se de pé em frente a entrada da instituição em que ela estava, esperava que ela saísse e o visse. Não sabia se ela iria recebê-lo com desprezo, com raiva ou seja lá como fosse, mas precisava falar com ela.
Ele a avistou sair com um grupo de amigos, ela estava linda como sempre, mas havia escurecido os cabelos, usava calça e casaco pretos, junto à uma bota e uma boina caramelo. Em um momento pareceu que ela olhou em sua direção. Quando ele tomou coragem para aproximar-se, seu celular tocou, ele não queria atendê-lo agora, mas após ver que já haviam três chamadas de sua irmã unindo-se ao fato de que ele ainda estava com medo de falar com ela. "Afinal ele poderia procurá-la depois com mais calma, ela estava ocupada." - Pensou ele.
Ao atender o telefone, seu mundo congelou.
Sua mãe havia morrido. Ele nem mesmo sabia que ela estava doente, ela manteve esse segredo de todos.
Seus órgãos estavam fragilizados devido ao câncer que começou no fígado e já havia se espalhado por todo o seu corpo.
Pensava em como não tinha percebido. Pensava em como era um péssimo filho. Um egoísta. A deixou sozinha com sua irmã.
O velório foi carregado de tristeza, assim que terminasse ele partiria com sua irmã de volta para os Estados Unidos. Franco estava lá e por um instante ele pensou que Mia poderia aparecer também. Mas isso logo se dissipou. - "Afinal," - pensou ele - "porque ela iria se preocupar com alguém que não percebe nem a dor da própria mãe?"
Franco o abraçou: "Olha, Miguel! Eu estou com você para o que precisar."
Miguel: "Obrigado, Franco."Quando Mia soube o que havia acontecido à Elena Arango, seu coração doeu ainda mais. A falta que o filho dela fazia em sua vida já machucava tanto Mia. No dia anterior, Mia até pensou tê-lo visto perto de sua faculdade, mas a visão logo sumiu.
A presença da ausência dele não a deixava nunca, apesar de estar desfrutando de sua nova vida, queria estar com ele naquele momento, queria ir até Monterrey e secar as lágrimas dele. Por fim, decidiu que iria.A sugestão de hoje inclui duas músicas que eu amo:
Alergico - Anahí
Si No Estás Aqui - RBD
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Desde o primeiro olhar - MyM (Mia e Miguel)
Romance"Eles estavam perdidos um dentro do outro, desfrutando cada partícula que compunham suas existências. Eram um, apenas um, de todas as formas possíveis". 💙🙃 Após todos os evento ocorridos ao final da terceira temporada de Rebelde: Miguel e Mia estã...