Desde o primeiro olhar - MyM (Mia e Miguel)

Pode ser que a fé me cegue, mas volto acreditar que isso não se acaba

O bom de se ter amigos de longa data, é que eles te conhecem bem, o ruim de ter amigos de longa data, é que eles realmente te conhecem bem.

Miguel tentou olhar para o lugar apontado em seu pescoço, limpando-o com o guardanapo.

Todos riam da cena.

Santos: "Eu não ia falar nada. Não queria ser invasivo com vocês, além de ser engraçado ver você com uma marca no pescoço fingindo normalidade. Mas a Lupi falou então..." - caiu na gargalhada novamente.

Miguel: "Eu não sei do que vocês estão rindo e nem do que estão falando. Não sei como me manchei aqui."

Diego: "Miguel, Miguel,Miguel, a gente não trouxa, não!"

Miguel: "Eu devo ter esbarrado em algum lugar e aí manchou."

Roberta: "Sim, você esbarrou com seu pescoço na boca da Mia."

Todos riram novamente.

Giovanni: "Vocês são péssimos disfarçando. Ainda não perceberam isso? Desde o quarto ano vocês ficam achando que a gente é burro. Até alguém cego vê!"

Mia não conseguia falar, tentava controlar a risada e manter uma pose confusa.

Mia: "Ai, gente! Para com isso!"

Bruno: "Gente, deixe que eles se peguem à vontade! Quando eles se sentirem prontos eles contam e fingimos surpresa!"

Risadas se instalaram novamente.

Lupi: "Tudo que eu peço é que não fiquem se pegando por aí pelos corredores, temos um quarto de hóspedes. Não queremos nos deparar com algo impróprio e que provavelmente vai nos traumatizar."

Miguel: "Que isso, Lupi? Até você?"

Lupi: "Ai, Miguel! Só estou avisando."

Lolly: "Eu não vou falar nada." - afirmou dirigindo seu olhar ao seu irmão.

Mia: "Lolly, onde você comprou esse lindo vestido que você está usando?" - Mia a questionou em uma tentativa desesperada de mudar de assunto. Lolly ainda ria da situação de seu irmão.

A reunião se estendeu pela madrugada. A meia noite ouve desejos de ano novo. Mia e Miguel se abraçaram fervorosos, felizes por finalmente estar passando o ano novo juntos novamente.
Queriam mais, mas foi inegável não pensar em como iam conseguir isso, Mia tinha Paris e Miguel tinha seu emprego e os cuidados com sua irmã em Massachusetts.
Logo, voltariam às suas rotinas habituais que não incluíam um ao outro,
Seus pedidos de ano novo eram justamente sobre isso, pediam para ficar juntos de algum modo.
Acreditavam que de algum lugar poderiam ser ouvidos.
Miguel e Mia se despediram da noite com um beijo, que mesmo tendo sido dado no meio de seus amigos não levantou qualquer alvoroço. Era tão óbvio que para eles. Não havia qualquer surpresa.
Era como dizer que água era molhada.

Ao chegar ao hotel, fazer todo o seu processo de higiene e deitar-se em sua cama, Miguel repetiu um processo que havia feito toda a noite desde que ele e Mia se reconciliaram: pensava em um futuro com ela, em como seriam seus filhos, havia voltado a sonhar e assim adormecia facilmente, embriagado por seus pensamentos.

Mia não conseguia conter sua alegria, estes últimos dias ao lado de Miguel transbordavam seu coração. Contudo, não conseguia esquecer de que ela precisava dizer a ele amanhã, que teria que voltar para Paris no dia seguinte.
Fernando estava ameaçando jogar suas coisas fora, então ela pediu que umas amigas buscassem suas coisas e as deixasse na casa de uma delas. Ela precisava ir até lá, resolver isto e arrumar um novo apartamento. Além disso, seu trabalho estava lá, ela havia iniciado uma pequena empresa de design, todos os seus investimentos estavam lá.
Não queria que Miguel a deixasse e temia pela reação dele, mas decidiu que não pensaria nisso agora. Decidiu pensar nele e adormeceu rapidamente.

Pela manhã, Miguel já havia feito toda a sua rotina de exercícios e agora estava no banho, teria de se preparar para encontrar-se com Mia.
Iriam a um restaurante próximo ao hotel que ele estava, um que eles vinham frequentando muito nos últimos dias.

Lolly haviam embarcado no vôo de volta para os Estados Unidos pela manhã e ele sabia que logo teria que ir também, porém pretendia não pensar sobre isto, afinal acreditava que até o dia chegar ele conseguiria resolver o problema da distância entre ele e Mia.

Já passava das uma da tarde quando ela chegou ao restaurante e o viu sentado à sua espera. O cumprimentou com um beijo e abriu um sorriso.

Miguel: "Você está linda, meu amor! Que saudade que eu estava de você!"

Mia: "Miguel, eu sou linda! E eu também estava morrendo de saudade de você, meu Piolhinho! - Mia concentrou-se no que queria dizer - Amor que preciso te contar uma coisa - segurou nas mãos dele sobre a mesa e olhou em seus olhos - o Fernando queria jogar minhas coisas no lixo..."

Miguel: "Como assim, Mia? Ele não é nem maluco!" - falou interrompendo-a.

Mia: "Calma, Miguel! Me deixe falar!"

Miguel: "Desculpe! Pode falar."

Mia: "Como disse: ele queria jogar, mas algumas amigas minhas foram até o apartamento, pegaram minhas coisas e levaram para a casa delas."

Miguel: "Caramba, meu amor! Que bom que elas te ajudaram."

Mia: "Sim, mas acontece que... que..."

Miguel: "Fala, Mia! O que acontece?" - disse, confuso.

Mia: "Eu vou ter que ir à Paris amanhã, pois preciso de um novo apartamento. Além disso ela está reclamando que a casa dela está cheia de coisas minhas, tem a empresa que eu abri recentemente..."

Miguel: "Calma aí! Então você está me dizendo que vai ir embora amanhã?"

Mia: "Sim, Miguel. Mas eu não quero ir! Não quero deixar você!"

Ele a olhou fixamente enquanto pensava sobre o que ela havia dito. O destino estava novamente os separando. Ele sabia que isto iria acontecer novamente, porém não pensou que se sucederia tão rápido.

Mia: "Miguel, diz alguma coisa!" - ela observou os olhos dele se encherem de lágrimas fazendo com que os dela reagissem do mesmo modo.

Miguel nada disse. Foi até Mia e a puxou para ficar de pé, dando-lhe um abraço apertado.
Novamente, havia silêncio. Algo familiar para ambos.
Desfrutaram de sua refeição ainda em silêncio, após pagar a conta, Miguel agarrou a mão de sua amada e chamou um táxi.
Durante o percurso, nada ainda era dito, somente se olhavam constantemente, como se fossem perder o outro de vista se ao menos ousassem piscar.
Desceram do táxi em frente o hotel em que Miguel estava hospedado, ainda sem se quer esboçar uma palavra, seguiram até o quarto dele.

Sugestão:

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