E no meio da solidão continuo pensando em você

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"Seria estranho contar a alguém que você teve uma recaída com seu ex um dia após o natal?" - Mia pensava silenciosamente enquanto tomava seu banho matinal.

Na verdade, ela sabia que não havia momento adequado para informar isso à alguém.
Temia magoar Fernando, mas já tinha feito isso. Não contar a ele seria ainda pior.
Ele não merecia passar por nada assim.
Decidiu que tomaria seu café da manhã na companhia dele e depois o convidaria para ir até um restaurante para contar a ele.

No café da manhã, tudo se deu como de costume, houve conversas e risadas, porém Mia mantinha-se inquieta dado ao que teria que revelar ao seu namorado.
Chamou-o para ir até o restaurante e organizou-se para sair, arrumando-se da melhor forma que pôde.
Ao chegar a um pequeno restaurante, embora nada modesto, um lugar reservado próximo ao bairro de Mia, sentaram-se em uma mesa.

Fernando: "Amor, eu não consegui parar de pensar em você ontem depois do que aconteceu. Sempre foi ótimo com você, mas parece que ontem você estava diferente, sabe? Foi loucura!"

Mia ria desconcertada, tentando ocultar seu constrangimento, tanto pelo que a levou a agir assim, quanto pelo que ela iria ter que dizer, que coincidentemente, culminavam na mesma pessoa.

Mia: "Então, eu chamei você aqui porque queria te contar algo sério, sinceramente não sei como você vai reagir e vou entender qualquer reação que tiver."

Fernando a olhava intrigado: "O que você está querendo dizer, Mia? Aconteceu algo com você?"

Mia: "Olha, Fernando, eu queria contar assim que aconteceu. Não sei porque aconteceu, mas preciso contar."

Fernando: "Então, me conta, Mia! Você está me assustando!"

Mia encheu-se de coragem e disse: "Eu tive uma recaída. Não sei exatamente porque. Não sei se foi porque não havia me despedido direito não sei." - os olhos de mia se encheram de lágrimas temendo a reação de Fernando.

Fernando ainda estava confuso tentando entender do que Mia estava falando, ou na verdade, estava temendo ter entendido.
Fernando: "Mia, do que você está falando exatamente?"

Mia o olhou nos olhos, queria ser verdadeira com ele: "Quando você teve que voltar, houve um momento em que meu pai e a Alma convidaram o Miguel para ir até minha casa, para que pudessem conversar. Só soube na hora - Mia respirava profundamente dando pausas pequenas para pensar no que falar exatamente, embora tivesse ensaiado diversas vezes, as palavras pareciam fugir agora - Houve um instante em que eles tiveram que sair e pediram para que esperássemos até que voltassem..."

"Mia, não!" - Fernando a interrompeu.

Mia: "Fernando, me perdoe! Eu preciso te contar."

Fernando não olhava mais nos olhos dela: "Eu não quero ouvir Mia! Vamos ficar em silêncio! Eu não quero ouvir!"

Uma lágrima já escorria pelo rosto de Mia, Fernando continuava aparentando inabalável.

A refeição seguiu em silêncio. Mia quase não conseguiu comer. Não conseguia prever o que viria a seguir.
Fernando continuava mantendo sua feição.

Ao finalizar o almoço, ele sorriu para o garçom ao pagar a conta. Mia estava perplexa, porém não tinha mais coragem de dizer qualquer coisa.

Entraram no carro ainda em silêncio. Mia olhava pela janela do carro as paisagens de volta para sua casa, não queria encará-lo.
Quando percebeu que estavam parando em um acostamento na beira da estrada, estavam a uns dez minutos de distância de sua casa, assustou-se.

Fernando parou o carro e debruçou sobre o volante, soltando uma respirando profunda.
Fernando: "Você me traiu com aquele cara né?! Que vagabunda que você é! Eu sabia que faria essa merda! Você não consegue se segurar não é mesmo? Com quantos já me traiu? É por isso que tentou me satisfazer mais ontem a noite, para se aliviar da culpa? Você é uma grande filha da puta! Você é igualzinho a sua mãe! Eu devia ter percebido!" - Fernando profeçava cada palavra com tanta raiva que suas veias saltavam na testa e no pescoço.

Mia chorava, não queria contestá-lo, ele tinha razão de odiá-la.

Fernando a puxou pelo braço: "Você não vai dizer nada, sua puta? Vai continuar assim? Bem que me falaram que você dava para todo mundo! E ainda me veio com aquele papo de que sofria pelo seu ex e por isso não queria ninguém! Eu duvido! Você já deve ter me traído bastante né?! - Ele riu em tom de ironia - Parabéns pra você, Mia! Me ganhou direitinho no seu papinho de moça pura! Aqueles anos dizendo que me queria só como amigo devem ter sido seu trunfo pra me conquistar porque ninguém te quer pra nada sério não é?! É por isso que aquele infeliz te largou! Ele não queria uma puta como você!"

Mia chorava desesperada e tentava livrar seu braço das mãos de Fernando.
"Não foi assim. Tudo que eu te disse era verdade. Aconteceu isso só essa vez. Eu me sinto péssima! Por favor, entenda! Se quiser me deixar eu vou entender, mas não fale assim comigo! Entendo que você está nervoso, mas desse jeito está me deixando com medo!"

Ele soltou o braço dela, voltou a pegar no volante do carro, levando-a para casa.
Deixou que ela saísse do carro, fechou a porta e arrancou em disparada com o carro sem dizer mais nada.

Mia foi direto para o seu quarto, chorou copiosamente.
Não queria trair a confiança de alguém assim.
Não queria fazer com alguém o que sua mãe fez com ela.

As palavras dele ecoavam nos pensamentos dela. Ela sinceramente entendia que ele estava magoado e com razão.
Ainda sim, seus pensamentos voltavam para Miguel, queria poder ganhar um abraço dele, talvez isto confortasse ela hoje.
Pedia a Deus para que Fernando ficasse bem, que voltasse para casa em segurança. Porém, agora tinha que manter-se ainda mais longe de Miguel, ainda que Fernando terminasse com ela.
Miguel e ela já não eram mais destinados a ficar juntos e tinham que aceitar isto.

Sugestão de hoje:

¿Qué Hay Detrás? - RBD (live in Rio)

Desde o primeiro olhar - MyM (Mia e Miguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora