Quem sabe fui eu quem não esqueceu os beijos

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Quando chegaram ao ápice, Mia se apoiou em um dos ombros de Miguel para recobrar suas forças. Após um tempo tentou colocar seus pés no chão, mas não teve o resultado esperado quando sentiu que suas pernas estavam trêmulas. Miguel percebeu, apoiou a cintura dela, até que retomasse o equilíbrio enquanto tentava encontrar o seu próprio.
Quando Mia conseguiu se fixar no chão, logo afastou Miguel, recobrando a consciência.

Mia: "Não acredito! Olha o que eu fiz? Não posso fazer isso!"

Miguel: "Desculpe, Mia. Eu não deveria ter vindo." - Miguel ainda estava terminando de ajeitar-se.

Mia: "A culpa não foi só sua, Miguel. Fui eu quem te puxou. Nós dois fizemos isso. Isso deve ser porque não tínhamos nos despedido direito e aí se misturou com o fato de estarmos confusos. Isso é errado! Sai daqui, Miguel

Miguel: "Sim. Eu... Me perdoe, está bem." - Miguel correu o mais rápido que pôde. Queria dizer a ela que no caso dele não era falta de despedida ou confusão e sim amor, ele ainda a amava.

Miguel não dormiu a noite inteira. Tentou assistir algo na televisão do hotel, mas cada vez que fechava os olhos as cenas passavam em sua cabeça. O corpo dele, embora já tivesse tomado banho, estava sob efeito dela. Ele podia ouvir claramente a respiração dela quando ele a tocou novamente. Ansiava por ela, não apenas porque a achava linda ou desejava seu corpo, não apenas porque o sexo com ela, desde a primeira vez foi algo diferente, e sim porque ele a amava, o desejo era parte do amor que ele sentia. Queria poder dormir enquanto recebia um cafuné dela, queria poder olhar nos olhos dela e dizer o que sentia, queria fazê-la sorrir, mas era tarde, outro estava fazendo isto e ele invadiu este espaço, ele não tinha mais este direito.

Miguel habitava os pensamentos de Mia mais do que nunca. Ele parecia tão presente quanto a oito anos atrás. Sim, durante o tempo em Paris ela sempre pensou nele, primeiro de forma dolorosa, mas logo como algum tipo de amor impossível ou platônico, algo que não podia mais existir e foi desta forma que havia conseguido sobreviver até então. Porém, agora, tudo parecia bem real. Embora o corpo dele estivesse mais musculoso, ele ainda era o mesmo. As mãos dele tinham o mesmo efeito sobre ela, os lábios dele, como ela amava beijar aqueles lábios. Pensava em como seria se eles não tivessem terminado, se tivessem namorado a distância, no entanto, logo tentou afastar estes pensamentos, isto estava fora de questão, ela tinha um namorado, aliás iria ter que contar isto a Fernando de algum modo.

No dia seguinte, após dormir no máximo duas horas, Miguel acordou assustado com uma intimação de Roberta para preparar-se, pois o pessoal iria a uma cachoeira. Tentou dizer que estava com dor de cabeça, o que era fato, apesar de o motivo maior ser querer ficar longe de Mia.
Noite passada Franco ligou perguntando porque ele havia ido embora, se Mia o havia tratado mal ou algo assim. Respondeu dizendo que estava se sentindo mal.
Sua recusa não surtiu qualquer efeito, logo, Diego, Giovanni e Santos invadiram o quarto dele, o obrigando a organizar algumas coisas para levar e logo descer. Tudo bem, ele prometeu que para o bem de Mia, ele ficaria longe.

Mia estava tensa, sabia que não era certo ficar perto de Miguel, porém era tudo que mais desejava. Ela ficaria longe, prometeu a si mesma.

O lugar era lindo, tinha uma cachoeira de águas cristalinas. Primeiro todos trataram de deixar suas coisas na Borda mais alta da cachoeira, incluindo as comidas e bebidas.
Miguel, logo tirou sua camiseta branca e mergulhou na cachoeira usando uma bermuda preta. Mia tentava não olhá-lo.
Não se falaram nem se dirigiram olhares durante todo o tempo, até que Miguel esbarrou em Mia: "Desculpe, Mia!"
Se olharam fixamente, como se só existissem os dois naquele local.

Mia: "Tudo bem."

Lupi: "Gente, sem querer ser invasiva, mas vocês não acham que seria boa, conversar? É que fica o maior climão. Todo mundo conversando e vocês não trocam uma palavra. Acho que vocês precisam se resolver."

Mia: "Não temos o que resolver, Lupi."

Miguel baixou os olhos.

Lupi: "Ok. Se querem ficar assim, problema de vocês."

Lupi saiu deixando os dois, Mia movimentou-se para sair.
Em um impulso, Miguel esticou os braços para segurá-la: "Mia! Espera!" - mas logo a soltou - "Desculpe! Olha, eu sei que você não quer ver minha cara e eu até concordo com isso, mas o que você acha de a gente conversar, sabe? Queria falar com você já tem um tempo".

Mia: "Olha, Miguel, eu não sei se é uma boa. Ainda mais pelo que aconteceu."

Miguel: "Não precisamos falar do que aconteceu, Mia. Vamos apenas conversar e nos resolvermos."

Mia: "Ok, Miguel."

Decidiram dirigir-se para um local mais afastado de onde todos estavam. Acabaram em uma pedra na parte mais acima da cachoeira onde poderiam sentar e conversar.

Ambos olhavam a paisagem a sua frente, não tinham coragem pra cruzar seus olhares, era arriscado demais, quando isto ocorria, não havia mais como fingir.

Miguel: "Então, Mia, quero te pedir perdão por tudo que já fiz. Por como toda a nossa história ficou mal resolvida, pelas vezes que fui um péssimo namorado." - Miguel tentava esconder sua tensão.

Mia: "Está tudo bem, Miguel. Isto já passou."

Miguel: "Não passou, não! Olha, você tem que saber. Eu sei que é tarde. Sei que você pode não sentir o mesmo. Sei que você tem um namorado que com certeza é muito melhor do que eu já fui um dia, mas Mia, eu preciso dizer ou eu vou sufocar. Nada mudou dentro de mim. Quando eu olho pra você, eu sinto o mesmo que senti desde a primeira vez que te vi. Em todos esses anos ninguém me causou o que você me causa. Olhar seus olhos enche a minha vida de alegria. É como se você fosse a única detentora da minha existência. Todos esses anos que eu passei longe de você, foram importantes para que eu amadurecesse, mas doeu tanto. Eu nunca consegui esquecer seus beijos, o seu sorriso, nunca! Dói mais ainda porque sei que não mereço seu amor. Ontem". - pausou suas palavras tentando impedir que suas lágrimas fluíssem. "O que aconteceu ontem, não foi porque eu estava confuso, é porque eu amo você! Eu amo você mais ainda agora. Todos esses anos só me deram a certeza de que eu nunca vou amar alguém como amo você. Eu sei que o nosso tempo terminou. Sei que não temos mais tempo para isso, Mia, mas eu amo você e você tem que saber disso. Então, pouco importa o meu orgulho."

Mia voltou seu olhar para encontrar o de Miguel. Ambos estavam com os olhos marejados, tentando conter-se de chorar.
Mia o agarrou para um abraço, sentia-se segura nos braços dele. Pareciam ter sido feitos especialmente para comportá-la.

Mia sussurrou enquanto o abraçava: "Eu também amo você, Miguel!"

Sugestão:

Quizá - RBD

Desde o primeiro olhar - MyM (Mia e Miguel)Onde histórias criam vida. Descubra agora