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Tirou o traseiro do sofá alguns minutos depois, somente para ir até o armário e tirar de lá a mesma apostila da sua aula. Aproveitando o embalo ele pegou uma folha A4, e caminhando em direção á mesa, colocou as duas coisas na minha frente.

— Não se esqueça da atividade. Você tem 30 minutos para fazer o exercício e me entregar. — anunciou ele, com a voz arrastada, enquanto seu dedo indicador dançava como um metrônomo sobre o relógio, muito semelhante àqueles que eram vendidos nas feirinhas de pobres.

— Esqueceu rápido, professor. Não se lembra de que alguns minutos atrás eu deixei bem claro para o senhor que não farei nenhuma droga de atividade? Portanto, não perca o seu tempo colocando apostila e papel em branco na minha frente, porque senão eu vou rasgar tanto o livro, como a folha bem na sua cara. — Empurrei as duas coisas para que ficassem o mais distante possível de mim.

— Por favor, Srta., Saviñón Coopere. Eu só estou querendo ajudá-la.

— Agradeço a preocupação, mas dispenso qualquer tipo de ajuda vinda de um professor corrupto como o senhor. Se quer ficar do lado deles, ok. Ganharia muito mais se me deixasse seguir com o plano. Mas não, achou melhor ir lá e acabar com tudo. Não tem problema, porque outras oportunidades irão surgir, e pode ter certeza de que ninguém irá me impedir. Eu sei que está do lado dele, não sou trouxa.

Não havia motivos para eu me decepcionar, mas acabei sentindo isso se alastrar como um vírus dentro de mim.

— Está muito equivocada, Saviñón, eu não estou do lado de ninguém, e muito menos contra você. Meu intuito aqui é ajudar vocês, e nada, além disso. Quero ser amigo da turma e fazer o possível para que todos se sintam à vontade comigo. A minha intenção não é ser um carrasco com vocês, entende?

Sua mão esquerda tocou meu ombro de maneira sútil, e esse simples contato gerou um estranho arrepio que se espalhou por todo o corpo.

— Tira suas mãos de mim! — eu esquivei, e ele também fez a mesma coisa com a sua mão. Nossos olhares se cruzaram, e eu quebrei aquele contato de imediato. — Vamos parar com essa ceninha de bom Samaritano que quer ser amigo de todo o mundo, porque isso não cola para mim.

— Perdão! Eu acabei me excedendo.

Ele deu dois passos para trás e colocou a mesma mão que tocou meu ombro em um dos bolsos de sua calça.

— Espero nunca mais o ver tocar em mim dessa forma, ok? — bradei.

— E não verá. Agora faça a atividade, por favor. Você só poderá sair daqui quando me entregar. Lembrando que não quero nada em branco.

Voltando a se acomodar no mesmo sofá, eu acabei olhando de relance para ele, que continuou me observando. Peguei a única caneta esferográfica preta que o indivíduo havia trazido junto com as outras coisas, e comecei a girá-la entre os dedos, tendo uma grande ideia.

— Vamos fazer um acordo, professor?

— Que tipo de acordo, Saviñón? — Seus olhos estreitaram para mim de modo desconfiado.

Merda!

— Eu faço atividade, e em troca o senhor me deixa em paz. — sorri com os lábios fechados.

— Você não gosta de perder uma Saviñón. — riu nasalado, os olhos brilhando com a provocação.

— Claro, eu sou uma ótima jogadora, pode apostar. — Respondi com um sorriso confiante, enquanto começava a morder a ponta da caneta. O brilho na sua expressão me desafiava, mas eu tinha um truque na manga.

— Sinto muito em te despontar, mas eu não cairei na sua lábia. — ele disse, com um tom de voz que ecoou como um trovão dentro da minha mente. —Você quer ficar livre para poder colocar fogo na cozinha e finalmente ser expulsa, estou errado? — olhei para ele, suas sobrancelhas arqueadas em um desafio silencioso.

𝑂𝑑𝑒𝑖𝑜 𝑎𝑚𝑎𝑟 𝑣𝑜𝑐𝑒 -𝑉𝑜𝑛𝑑𝑦. Onde histórias criam vida. Descubra agora