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Mesmo com o ventilador ligado, o calor persistia. Ela ainda estava com aquele maldito sobretudo, e eu não conseguia entender o motivo. Será que era por respeito à Anahí? Espero sinceramente que seja por isso. Anahí fez questão de nos acomodar lado a lado, de frente para ela e Poncho. O sorriso cheio de más intenções que lançou me irritou. Droga! Ela é minha aluna, por que Anahí não entendia de uma vez por todas e parava de forçar algo que não devia acontecer?

Poncho completou minha taça de vinho enquanto eu me servia de massa, mas, ao tentar servir a Dulce, interrompi.

- Suco ou água para você. - percebi de relance o olhar furioso dela. - Ela está sob minha responsabilidade, Poncho. Não vou embebedar a garota, isso pode custar meu emprego.

- Amor, eu pego o suco para ela. Fica aqui com eles. - disse Anahí, impedindo Poncho de se levantar.

Dulce, visivelmente emburrada, mal olhou para mim.

- Professor Herrera, as meninas disseram que vai ter prova da sua matéria na próxima semana?

- Não. A prova de vocês é na outra semana.

- Ah, entendi...

Discretamente, observei suas mãos unidas sob a mesa. Ela estava desconfortável, e eu sabia que não era só uma encenação. Em um terreno estranho, Dulce não precisava bancar a durona. Eu a conhecia bem o suficiente para saber que estava certo.

- Trouxe um suquinho de limão para a nossa convidada. - Anny colocou uma jarra transparente na frente de Dulce, exibindo um sorriso doce.

Dulce retribuiu o gesto, servindo-se com um pouco do suco.

Entre conversas triviais e os olhares insinuantes que Anny lançava para nós dois, durante o jantar, ela tentava forçar uma aproximação que jamais aconteceria. Foi então que Dulce decidiu ir ao banheiro, e nesse momento, Anahí soltou mais uma pérola...

- Por que você não mostra o toalete a ela?

Era evidente que Poncho se esforçava para conter o riso. Em vez de vetar as loucuras da esposa, ele parecia alimentar a situação, se divertindo com seu silêncio. Desgraçado! Segunda no colégio, ele teria que lidar comigo.

- Agradeço, Anny, mas eu já sei onde fica.

Dulce se levantou, capturando toda a minha atenção, e não consegui esconder o olhar que se fixou nela, como se o mundo ao redor se dissolvesse, deixando apenas sua presença radiante em foco.

- Depois diz que não tem interesse. É nítido, Christopher, que você está de quatro por essa mocinha. - ela me provocou.

- Cala a boca, Anahí! - irritei-me. - Não estou interessado em ninguém, pare de falar besteira, por favor.

Poncho começou a rir, e a sua risada só me deixou mais nervoso. Travei a mandíbula e decidi encher a taça com mais vinho.

- Sou professor dela, e não podemos nos envolver. Queria que você entendesse isso de uma vez por todas e parasse de tentar nos colocar juntos. Além disso, não sinto nada pela Saviñón, como você anda especulando. - Virei a taça de vinho em um só gole, batendo-a com força sobre a madeira rústica logo depois.

𝑂𝑑𝑒𝑖𝑜 𝑎𝑚𝑎𝑟 𝑣𝑜𝑐𝑒 -𝑉𝑜𝑛𝑑𝑦. Onde histórias criam vida. Descubra agora