Hotel Summer Times

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— Janet, não estou com um bom pressentimento. – Escuto Agnes sussurrar em meu ouvido enquanto passamos pela porta do hotel abandonado.

— Shiiiu. – Bryan a silencia.

Era Halloween, e o que poderia ser mais divertido do que visitar lugares “assombrados”? Eu não acreditava em nada dessas lendas, a nossa pequena cidade de Avalon era repleta delas, e para mim, não passava disso, histórias para assustar crianças desocupadas. Mas tenho que admitir, o hotel era bem desconfortável. Ligamos nossas lanternas, estava escuro demais para enxergar qualquer coisa. Eu conseguia ver os pequenos pontinhos de pó voando através da iluminação que saia da minha lanterna laranja, e por um momento, sinto um arrepio percorrer minha espinha, de repente o lugar parecia mais frio. Me envolvo nos meus próprios braços a fim de tentar me sentir um pouco mais segura.

O lobby possuía umas poltronas e sofás espalhados, e um deles estava revirado no chão. Algum dia eles foram de um vermelho vibrante, agora, eles estavam desbotados e feios. A bancada da recepção estava vazia, exceto por um telefone abandonado, talvez antigo demais para o ano de 2020. Escuto um barulho, e me viro rapidamente, eu estava começando a ficar aflita, mas jamais admitiria isso, ainda mais quando a ideia fora minha.

— Alexander! Cuidado! – Digo em um sussurro quando ele esbarra em uma luminária que estava no chão. 

— Está muito escuro, não consigo ver nada. – Ele se defende.

— Vamos embora! – Agnes implora. Minha amiga loira estava realmente com medo, e se eu também não estivesse tão incomodada, eu teria dado risada.

— Ainda não. – Digo. – Imagina as coisas que poderíamos fazer aqui? – Falo com uma voz sombria, apontando a lanterna para o meu rosto. Talvez eu estivesse a provocando, mas sinceramente, sinto que era apenas para esconder meu próprio medo. – Vamos. – Continuo. Começo a andar na frente, entrando no que parecia ser a cafeteria. Havia umas máquinas com bebidas dentro, uma delas estava caída no chão. Abro um sorriso e vou até a que estava jogada, o vidro estava quebrado, por isso estava fácil de pegar uma Coca-Cola. Pego uma latinha. – Bryan, pega! – Exclamo e jogo em sua direção, mas ele não é rápido o suficiente, e a latinha cai no piso manchado, o barulho ecoa por todo lugar, e Agnes solta um gritinho.

— Não faz tanto barulho! – Ela pede.

— Agnes, não se preocupe, não tem nada aqui. É só um hotel antigo. – Eu explico tentando parecer uma mãe explicando algo para sua filha. O hotel Summer Times já foi famoso uma vez, talvez nos anos 50, quem sabe? Boatos dizem que uma mulher se suicidou na banheira do quarto 153 no décimo terceiro andar, a notícia se espalhou, eles perderam clientes e faliram. O lugar era tão “assombrado” que nenhuma construtora se interessou em demolir o terreno para construir algo novo. O que posso dizer? Avalon é uma cidade muito supersticiosa.

— Eu sei! Mas tudo isso... é extremamente medonho. Você não sabe o que tem aqui. – Ela explica e eu reviro os olhos me virando em sua direção.

— Não vai me dizer que você realmente acredita na história? – Pergunto de maneira retórica.

— Você não acha que existe uma razão para ninguém se aproximar daqui? Ninguém ousar demolir o prédio? Dizem que o espírito da mulher ainda vaga por aqui! Sabe o que eu ouvi falar? Ela se matou porque foi abusada! Qualquer homem que entra aqui, morre. – Minha amiga fala, e lançamos um olhar para Alexander e Bryan que estavam escutando com atenção. De repente uma brisa fria envolve o ambiente, o que me faz estremecer. – Viu? – Ela pergunta subitamente abaixando ainda mais a voz. – Não tem nenhuma janela por aqui! Só vamos embora, Janet. Não quero que nada aconteça.

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