Luz

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Nunca me imaginei nessa situação, antes de quase sermos mortos pelos hobgoblins roxos, fomos salvos por três figuras desconhecidas. Ren ainda estava desmaiado atrás de mim, sem mostrar nenhum ferimento muito extremo, devido a poção de cura que Jax havia me dado. Eu estava no chão de joelhos, sem nenhuma energia para me levantar e lutar contra o inimigo em nossa frente, enquanto a sacerdotisa de cabelos castanhos ficava entre nós e o hobgoblin, que eu antes havia derrubando com o meu ataque elétrico que não causou nenhum dano em seu corpo.

Ele vê a nova figura feminina em sua frente e novamente levanta sua mão musculosa e roxa, determinado em tirar aquela mulher de seu caminho. 


"Ela não vai aguentar esse golpe, preciso...!"


Eu penso desesperadamente, tentando me levantar rápido. Os nervos e músculos da minha perna gritavam de cansaço e não consigo mover um centímetro para erguer o meu escudo de gelo novamente, dando-lhes pelo menos tempo para fugir.  Mas de repente meus músculos relaxam e começo a sentir um calor em meu corpo, uma luz calorosa que envolvia a mim e Ren, aos poucos sinto aquela escuridão começar a sumir. O véu dourado e luminoso faz o meus olhos brilharem e o desespero aos pouco some. Tento descobrir da onde aquilo estava vindo, e não demoro muito para encontrar a minha reposta quando meus olhos caem sobre a mulher desconhecida em minha frente. Ela olha por cima de seu ombro de forma delicada, com seus olhos azuis como o céu e com um sorriso calmo e simpático em seu rosto, algo que eu não esperava vindo de uma situação como essa.


- Não se preocupe, eu te protejo. - A voz suave dela me acalma completamente, enquanto aquele calor reabastecida minhas energias e curava minhas pernas exaustas. Ela se vira mais uma vez para frente e a simpatia de sua face muda para uma de raiva e desprezo, como se apenas a aparência de seu oponente já a desagradasse totalmente. - Está pronto, criatura nojenta?! - O tom grave dela, faz o ar tremer e assim que chega aos ouvidos da criatura roxa, ela apenas se enfurece e dá um urro selvagem.



Ele volta a se mover e avança seu punho contra a mulher, que não se move ou mostra nenhuma preocupação em sua expressão. Quando acho que o punho iria atingir o rosto dela, espalhando o sangue da dama no ar e ao mesmo tempo quebrando os ossos de sua face, algo bloqueia o ataque bárbaro e poderoso.

Como se houvesse uma parede invisível entre o hobgoblin e nossa salvadora, o soco dele para no ar ou melhor é impedido de se mover. Apenas confuso e sem saber o que fazer, a criatura humanoide apenas começa a repetir o movimento diversas vezes e aumentando a velocidade e a força a cada repetição. O som do impacto cresce e o estrondo do punho contra essa proteção invisível fazem até o chão tremer, só consigo permanecer ali parado observando o sangue do monstro sendo estampado pelo seu próprio punho no ar, enquanto a mulher apenas olhava com tédio para aquela cena. Me lembro de Jax na hora, com uma expressão de que aquele inimigo não vale seu tempo. O hobgoblin para de esmurrar o nada, talvez pelo cansaço ou pela dor de seus dedos que pareciam estar quebrados e com um pouco de sangue escorrendo por eles.


- Hum... como eu pensei. - A mulher finalmente fala algo, com certo cansaço e querendo que o seu atacante parasse de desperdiçar o seu tempo. - Uma criatura tão horrenda não tem força nem para passar desse nível de proteção, agora que você já terminou de sujar tudo com seu sangue podre... desapareça. - Ela fala com seriedade, estalando seus dedos com delicadeza, mas ao mesmo tempo gerando um som alto o suficiente para ecoar em meio ao campo de batalha.


Nem eu ou muito menos o monstro entendemos o que estava acontecendo, ele apenas avança novamente e mesmo com os seus dedos sangrando, continua atacando de forma barbárica. Mas o ataque é completamente interrompido, quando um longo e denso rastro de luz atravessa a cabeça do monstro e como se aquilo congelasse seus movimentos agressivos, a fera para simplesmente de se mover. Uma luz tão potente que chegava a iluminar a própria noite. Apenas observo pasmo com aquele feixe poderoso, sucumbindo o hobgoblin. Quando a luz radiante finalmente some, e o escuro volta a reinar nossos arredores, o cheiro nauseante de carne queimada entra em minhas narinas. Os meus olhos demoraram um pouco para conseguir ver o dano que ele havia sofrido, mas quando minha visão finalmente volta ao normal vejo o estrago. O ser roxo ameaçador em nossa frente, estava agora sem sua cabeça e um pouco de seu torso, onde aquela luz havia passado, com uma leve fumaça fina e branca saindo do ferimento com carne carbonizada.

8º Pecado CapitalOnde histórias criam vida. Descubra agora