Memórias

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Onde eu estou? Sinto a grama em baixo da minha cabeça fazendo cócegas em meus ouvidos e a brisa fresca batendo em meu rosto. Abro meus olhos lentamente e me deparo com o céu pintado em lindo azul celeste, se estendendo até onde meu campo de visão podia alcançar. 

Levanto meu tronco devagar e olho ao meu redor. Eu vejo uma casa de dois andares na minha frente, madeira branca e com uma porta de mesma cor da parede, olho para todas as direções para ter mais informação do lugar. Tanto minha direita quanto minha esquerda eram iguais, um cercado branco e um gramado muito bem cuidado. Não sei o porquê, mas aquele lugar me trazia um certo conforto e aos poucos vai caindo minha ficha de onde eu estava.


"É... a minha casa... mas como?"


Eu estava incrédulo com o que estava vendo, achava que meus olhos estavam pregando uma peça em mim. Como um relâmpago me levanto e vou na direção da porta. Pego a maçaneta, mas travo com medo do que estaria atrás dela. Penso que verei a mesma coisa horrenda de antes mas... pode ser minha chance de rever minha família. Mesmo receoso a abro, mantendo meus olhos fechados com medo do resultado, fico assim alguns segundos até que algo faz com que minha espinha tremesse.



- Yuki? - Ouço uma voz feminina chamar o meu nome, não consigo evitar em abrir os meus olhos  e observar um milagre. 



Quando olho pro cômodo, sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Vejo meu pai sentado na mesa e lendo o jornal, minha mãe junto a ele tomando seu café e me olhando com certa preocupação, enquanto meu irmão estava deitado no sofá assistindo a televisão. Assim que meus olhos avistam aquela cena a unica resolução que vem em minha mente era:


"Graças a Deus, era tudo um sonho."



- Yuki, algum problema? - Ouço a voz gentil da minha mãe me chamar.


- Ah não é nada mãe, não precisa se preocupar. - Digo alegre e tentando manter as lágrimas em meus olhos.



Minha mãe é uma mulher linda. Com seu rosto de traços delicados e finos, longo cabelo branco e olhos azuis brilhantes. Sua beleza era com certeza motivo de inveja entre as outras mães. Mas além de sua aparência, a gentileza e graça de seus movimentos e falas condiziam aos de alguém nascido na realeza.



- Yuki, por que você sempre dorme no quintal? - Ouço a voz grossa do meu pai, que não tirava os olhos do jornal. - Se você gosta tanto assim de ficar lá fora, talvez mudemos seu quarto para lá.



Dou uma leve risada com a pida do meu pai... espero que tenha sido uma piada, ele parecia um pouco sério demais. Meu pai era o completo oposto da minha mãe, seus traços eram robustos e rígidos, seu cabelo era curto e preto e olhos castanho escuro forte. Se minha mãe era uma nobre, meu pai com certeza seria um militar.



- Pai, você não deveria fazer ameaças contra os seus próprios filhos. - Dizia meu irmão de fundo, com ar de graça em suas palavras.

8º Pecado CapitalOnde histórias criam vida. Descubra agora