Horizonte

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Sinto o frio em mim, mesmo estando nessa tarde tão quente.
Tudo esfriou aqui dentro, me pegou de surpresa, foi de repente.

A agonia percorre o meu corpo e eu sinto minha pele enrijecer.
Peço perdão, a culpa foi minha, eu cansei de culpar você.

Eu estava no lugar errado, não tinha o que fazer.
Você seguiu seus instintos, você achou que era só isso que precisava dizer.

Um pedido de desculpas.
Para livrar-se da culpa.

Um pedido de perdão.
Fez-se dele um bordão.

O papel rasga e te mostra como dói a alma.
Agora tudo está arruinado, mas eu tento parecer calma.

Não posso deixar essas lágrimas rolarem e mostrar minha fraqueza.
Se perguntarem como estou hoje eu não responderei com franqueza.

O portão é de aço, estou presa e aqui dentro faz muito barulho.
Está tudo fechado, como eu, estou dentro do embrulho.

Embrulho que dá no pé da barriga.
O nó na garganta, o vazio que intriga.

A água bate no pulso e a ferida do coração arde.
O sangue que corre dói menos do que meu psicológico nessa tarde.

Preciso enfrentar essa dor antes que me chamem de covarde.
Se a mágoa me pedir para ir com ela, pedirei que me aguarde.

Estava a procura de um sorriso, mas tudo desmoronou.
Tive a maior esperança de felicidade, quando você me beijou.

Mas de repente outra vez, o sentimento fugiu.
O sangue, o corte, o medo, novamente resurgiu.

Vou me livrar desse sentimento, arrancar direto da fonte.
Estou indo para longe agora, vou seguir o horizonte.

Poesia DisfóricaOnde histórias criam vida. Descubra agora