Londres

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Sabe quando dizem nos filmes que Londres é uma cidade chuvosa e escura, que sempre está coberta de nuvens? Bom, no meu primeiro dia nessa cidade fantástica, mal coloquei os pés para fora do aeroporto e uma chuva forte estava caindo.
O pior que eu não tinha ninguém da família comigo, apenas a companhia do advogado que minha irmã contratará, era o irmão do melhor amigo dela e estávamos nos dois embaixo de uma chuva enquanto tentávamos chamar o taxi.
Pedro era uma advogado iniciante mas a firma da sua família tinha uma boa reputação no Brasil e ele estava dando um desconto para amigos.
Sem falar que seu conhecimento pelas leis britânicas era essencial naquele momento da minha vida.

- Até que enfim! - Ele gemeu quando um táxi parou, entramos no carro.

Não tinha levado muita coisa, apenas uma mala pequena e minha mochila, o Pedro também apenas uma mala pequena e uma maleta que provavelmente era com coisas de advogados.
Ele dá o endereço do hotel para o motorista e eu fico sentada apenas observando com estranheza, nos filmes eu aprendi que na Europa os carros andam do lado errado da rua, fazia sentido o câmbio ser do lado esquerdo?

Encosto minha cabeça na janela e Observo a cidade de Londres crescer ao meu redor, tudo era diferente. Meu sonho era morar aqui e agora eu estava pisando nessa cidade porque o ator que eu mais admiro me odeia.
O universo era mesmo piadista.
As horas no hotel só não foram piores que as horas no avião. Toda a viagem eu passei nervosa e dopada de remédios para não acabar vomitando, odeio aviões mas pior que isso eu temia o encontro de amanhã.
Agora no hotel o nervosismo passou um pouco, provavelmente o cansaço ou a vista da cidade, Pedro fora dormir no quarto ao lado e eu decide tomar um banho e tentar assistir a televisão.

Meu conhecimento da língua inglesa era ótimo, mas não tinha cabimento de assistir uma série ou o noticiário sem uma legenda se quer para me ajudar. Desisti desligando a televisão e me levantei da cama, puxando as cortinas da janela e observando aquela cidade histórica.
Londres fora o berço do mundo ocidental ao qual conhecemos, era tão surreal pensar que tantos marcos ocorreram aqui, Reis andaram por essas ruas....
Suspiro, não ia conseguir descansar para a audiência de amanhã, então deixei um recado ao Pedro e sai sozinha do hotel.

Não havia muitos lugares que eu pudesse ir sem me perder, então optei por me manter perto do hotel, não me afastando muito. As pessoas na cidade tinham uma cara meio irritada, meio infelizes.
Acho que eu ficaria infeliz também se todo dia fosse chuva e tivesse uma aparência tão medíocre.
Não sou nenhuma rainha da beleza, minha aparência é bastante comum, não sou nem alta nem baixa, não sou gorda e muito menos magra.
Tenho coxas grossas, uma bunda normal e seios médios, minha cintura era até fina o que me dava um corpo de violão, mas não que fosse chamar muita atenção.
Meus cabelos eram de uma cor comum de castanhos e olhos fáceis de se esquecer a tonalidade, uma aparência comum mas mesmo assim eu me destacava em meio aquelas pessoas extremamente pálidas e com uma expressão mal humorada, em pensar que achava que os russos que andavam com a cara fechada.

Minhas peripécias pela região próxima ao hotel, acabam no momento em que atravesso uma esquina e encontro uma livraria, era pequena e escondida entre os demais estabelecimentos, quase não há vejo mas meu cadarço do tênis desamarrar e me obriga a parar. Noto a fachada simplório em tons de marrom e preto e o nome escrito em uma tinta dourada "Books Blossom" com um símbolo de uma flor de cerejeira.
Curiosa eu entro na livraria, primeiro eu noto o cheiro delicioso de livros, o calor aconchegante e a sensação de estar em um local de paz.
Mas também noto a bagunça, a livraria parecia saída de um filme de Harry Potter, com os livros amontoados e espalhados, parecia confuso mas as pessoas que andavam lá dentro, pareciam entender a confusão.

Empino o queixo e finjo entender também todo o esquema complexo.

Acho um corredor e entro nele, olhando as prateleiras e os preços, passo meus dedos pelas lombardas e quando acho um livro específico, o puxo para fora da prateleira mas nesse momento uma mão do outro lado o puxa para si, ficamos nesse impasse.
É sério? Tantos livros nesse inferno e alguém pega justo o livro que eu queria, eu o solto e a pessoa do outro lado o toma.

Processada pelo meu Ídolo (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora