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» Forget the mistake. Remember the lesson. «

(André)

1 de outubro de 2021

Quando a campainha toca, anunciando a chegada do Hugo e da Rita, eu acabei de meter a lasanha a gratinar no forno, por isso nós ficamos a conversar na sala, enquanto esperamos que o jantar fique pronto. Eles regressaram ontem da sua lua-de-mel e eu convidei-os para virem jantar cá a casa hoje, para podermos pôr a conversa em dia.

- Ai, eu juro que te fiquei apaixonada por Santorini. – conta a Rita – É tudo tão bonito que nem parece real, parece saído de um filme de encantar.

- Imagino! – sorrio, observando como os meus amigos parecem felizes – Agora vai ser bom é regressar ao trabalho.

- Não fales de coisas tristes, puto. – pede o Hugo e todos rimos.

- Sim, eu fico deprimida só de pensar que os dias de papo para o ar, a apanhar sol, já acabaram. – a Rita murmura, fazendo beicinho.

- A lasanha já deve estar pronta, vamos indo para a mesa. – informo, após confirmar o tempo no relógio. Nós vamos até à cozinha e os meus amigos sentam-se na mesa, enquanto eu tiro o tabuleiro com o jantar do forno – Espero que esteja boa. – digo, enquanto sirvo todos.

A Rita é a primeira a provar e levanta-me um polegar em sinal de aprovação e logo de seguida o Hugo elogia.

- Sim, senhor, estás um homem, André Miguel. Até já sabes cozinhar. – o meu melhor amigo pica-me.

- Um gajo tem de estar sempre a evoluir. – gargalho, provando também eu a minha comida.

Durante grande parte do jantar, eles contam-me as suas aventuras da lua de mel e mostram-me fotos dos sítios incríveis que visitaram. Falam-me ainda de algumas das peripécias que experienciaram, como, por exemplo, a Rita ter sido picada por um peixe-aranha ou o Hugo quase ter perdido os documentos porque se esqueceu da carteira no restaurante. Eu rio-me imenso com as histórias deles porque aquele tipo de coisas só aconteceria mesmo a eles, não podia ter acontecido com mais ninguém.

- E tu? Não tens nada para nos contar? – a Rita pergunta e eu percebo, pelos olhinhos que faz, que obviamente a Carolina e ela já falaram.

- Pelo teu tom, acho que nada do que eu tenha para contar são novidades. – brinco.

- São, se fores tu a contar. Lá porque eu posso ter ouvido algo de outro passarinho, não quer dizer que não queira ouvir da tua parte. – ela responde, sorrindo – Vá, nós queremos saber tudo da tua boca.

- Não há muito para contar, na verdade. – afirmo – No dia do vosso casamento, eu simplesmente decidi que está na altura de fazer algo que já devia ter feito há muito tempo, que é mostrar à Carol que sou mesmo um André diferente. Dar-lhe-ei todas as provas que forem precisas de que mudei e de que estou disposto a lutar por ela. Sei que ela não me vai perdoar assim, de um dia para o outro, e que vai ser preciso algum tempo para que ela volte a confiar em mim, mas vou empenhar-me mesmo em mostrar-lhe que as minhas intenções são sinceras. Quero que possamos voltar a ser amigos, como éramos.

- Com tudo o que eram dantes? – o Hugo pergunta e eu reviro os olhos.

- Estou só a referir-me à parte da amizade. A Carol era a minha melhor amiga, em quem eu confiava a 100% e, com ela, eu era sempre eu mesmo. Sei que estraguei isso tudo, mas farei tudo o que puder para tentar reverter a situação e tentar que consigamos reconstruir a nossa amizade, desta vez de forma totalmente honesta e muito mais forte. – esclareço – Continuando, eu percebi que ela não tinha acreditado em mim quando fui falar com ela no casamento, por isso decidi que tinha de lhe dar provas concretas de que estava a falar a sério. E dei.

- Que foram? – o Hugo pergunta, mas eu sei perfeitamente que ele sabe do que é que estou a falar, apenas quer que eu o diga em voz alta.

- Escrevi-lhe uma carta. – respondo e ele sorri.

- Juro que estou mesmo orgulhoso de ti, puto. – ele dá-me uma palmadinha no ombro.

- Só para que conste, tu nunca me escreveste uma carta. – a Rita aponta o dedo ao seu, agora, marido e eu rio-me alto – Foi muito bonito da tua parte, André.

- Achas que agora ela já acredita que eu estou a ser sincero? – questiono-lhe, visto que ela conhece a Carolina melhor do que ninguém e que elas são como irmãs.

- O que é que tu achas? – ela devolve-me a pergunta.

- Ela disse-me que as dúvidas dela se tinham dissipado, mas que não me estava a abrir nenhuma porta, mas antes uma janela. – explico – Mas eu quero saber o que é que tu achas, Rita. Tu és a melhor amiga dela, vocês são muito próximas e eu entendo que não vás simplesmente dizer-me o que ela te disse, mas gostava de ter uma ideia mais concreta daquilo em que me estou a meter. Se posso avançar ou se vou bater com a cabeça forte e feio.

- Avança. – a Rita diz-me – Tens de ir com a calma, mas tu sabes disso. Um passo de cada vez e, eventualmente, ela vai abrir a porta para te deixar entrar, pelo menos, no hall de entrada. – ela afirma.

- Okay. – assinto – Gelado para a sobremesa? – sugiro e ambos concordam.

Vou ao congelador buscar a taça de gelado stracciatella que comprei e coloco taças na mesa para os três.

- E quais são os teus planos? – o Hugo pergunta-me.

- Eu não digo nada à Carol, fica descansado. – a Rita antecipa-se, antes que eu possa sequer responder.

- Eu quero começar com coisas pequenas, pequenos gestos que a relembrem de que eu estou aqui para lutar por ela, sem ser demasiado invasivo. – explico – Não vou já convidá-la para irmos tomar café ou jantar juntos. Vou dar-lhe mais algumas coisas, com significado, e vou vendo como as coisas vão correndo. Ela precisa de ir conhecendo, aos poucos, o novo André.

- Acho que fazes bem. – o meu melhor amigo sorri-me.

- Eu também acho que estás no caminho certo, André. Não podes é desistir quando as coisas forem mais difíceis ou quando sentires que a Carol não te está a deixar entrar. Tens de ter paciência, está bem? – a Rita aconselha-me.

- Está bem. – concordo.

- Estou mesmo orgulhoso de ti, mano. – diz-me o Hugo e eu reviro os olhos, embora deixe escapar um sorriso – A sério, cresceste mesmo no último ano e meio. Não desejo que volte a acontecer, mas aquilo que aconteceu entre ti e a Carol acabou por trazer algo de bom.

- Às vezes, os momentos mais difíceis podem ensinar-nos lições que nem sequer sabíamos que precisávamos de aprender. – a Rita conclui e todos assentimos, concordando com a veracidade das suas palavras.

***

Quem mais está orgulhoso do nosso André? O Hugo está e eu também!

Espero que estejam todos bem desse lado. Por favor, protejam-se, sim?

Vemo-nos em breve!

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