Congratulations, Mom [frazel]

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Hazel e Frank estão casados a anos e o amor continua tão forte quanto na adolescência. Em mais um dia qualquer o semideus chega em casa depois do trabalho, mas o que encontra no sofá o surpreende.

*  •  *  •  *

Era fim de tarde quando Frank Zhang chegou em casa depois do trabalho, estava cansado de passar o dia inteiro cuidando de cachorrinhos doentes, mas, pelo menos, foi melhor do que imaginava, estava contando com a morte iminente de um dos recém-nascidos, entretanto o pequenino obteve uma recuperação milagrosa, animando todos os funcionários da clínica veterinária. Estava empolgado para contar a noticia à sua mulher, afinal ela estava a par dos acontecimentos dos filhotes desde o nascimento, então quando abriu a porta e a viu no sofá já desatou a falar.

— Ei, amor, você nem sabe o que aconteceu! — contou feliz conforme tirava os sapatos e o excesso de agasalhos, para então ir até ela. — O Gus teve uma melhora impressionante! Eu só preciso de um banho primeiro e te conto tudo, mas sério, se ele continuar assim, acho que... — Frank se calou ao chegar na frente da esposa e ver a expressão em seu rosto.

Hazel não parecia nem um pouco feliz, na verdade, era como se não tivesse escutado uma única palavra do que o marido falou. Os olhos estavam sem foco e abatidos, as mãos pousavam na barriga perfeitamente redonda devido a gravidez e as pernas batiam uma na outra num movimento involuntário de nervosismo. Frank se amaldiçoou mentalmente por tê-la deixado sozinha em casa, devia ter aceitado a folga que lhe fora oferecida, ela havia pedido para ele deixar de ser dramático e ir trabalhar, que ia ficar tudo bem, e ele acreditou, mas pelo jeito ambos estavam enganados. Se tivesse acontecido algo com o bebê ele nunca se perdoaria.

— O que houve, amor? — ele questionou segurando seu rosto com carinho, foi a gota d'água. Assim que o olhos dourados encontram os castanhos, eles se encheram de lágrimas.

Não houve nenhuma resposta a não ser um soluço repleto de dor que esmagou o coração de Frank. O semideus sentou ao lado dela e fez o melhor que pôde para a puxar em um abraço lateral meio desengonçado e afagou suas costas ao lhe dar um beijo na testa, deixando com que Hazel chorasse em sua camisa fedida a cachorro, não que ela se importasse naquele momento. Os soluços e lágrimas eram intensos e não pareciam que acabariam em breve, causando agonia ao marido de vê-la sofrendo, pois ele já estava quase chorando junto sem saber o motivo pelo qual estariam chorando juntos.

— Fala comigo, por favor — pediu baixinho, com medo de que houvesse acontecido alguma coisa com o bebê.

— Eu não sei se consigo — ela respondeu depois de tomar um longo suspiro tentando parar de soluçar, eles não se desfizeram do abraço e ela ainda tinha suas costas acariciadas.

— Tudo bem, apenas quando estiver pronta.

— Não é disso que estou falando — resmungou Hazel com a voz fraca, a cabeça ainda enterrada no ombro do parceiro. — Acha que seremos bons pais? Não tenho ideia do que estou fazendo, Frank, como eu vou fazer isso?

— Amor... — Frank estava pronto para argumentar, pronto para dizer que ela seria a melhor mãe do mundo, pronto para esclarecer que eles seriam a família mais incrível de todas. Porém ela não o deu oportunidade de falar mais nada e desencostou do seu ombro para olhar em seus olhos.

— Minha mãe era péssima, me usava para ganhar dinheiro e atenção, eu não tenho nenhum exemplo. Nada me impede de ser como ela. E se eu botar nosso filho em perigo? Quantos monstros vão ir atrás da criança de dois dos semideuses mais poderosos da geração? Se não conseguirmos protegê-lo? Se ele não gostar de mim e me achar superprotetora? — Hazel levantou no meio das perguntas.

Ela vacilou no primeiro passo, e Frank levantou junto para tentar ajudar, mas Hazel o ignorou ali, recuperando-se rapidamente. Começou a andar de um lado para o outro aflita e o semideus sentiu o coração falhar em seu peito ao ver a mulher que amava duvidando da própria capacidade maternal.

— E ele vai sofrer preconceito, Frank, o mundo é mau. Eu vou ser a mãe que ele vai precisar? Eu posso deixar ele cair, afinal ele vai ser uma coisinha tão pequena no início que eu posso, sei lá, apertar ele demais e o matar sufocado? E quando...

— Hazel Levesque Zhang, para. — Frank não aguentava mais a ver se auto desprezar, segurou em suas mãos a fazendo parar de andar e olhou fixamente nos olhos vermelhos inchados. — Você vai ser uma mãe incrível.

— Não tem como saber...

— Deixe-me falar. Primeiro de tudo, eu estou aqui com você, nós entramos nessa juntos e vamos continuar assim, seremos uma família maravilhosa. Não é porque você não teve uma mãe modelo que vai ser como ela. Meu amor, você é a pessoa mais gentil, carinhosa, justa, empática e forte que eu conheço, sem falar das outras inúmeras características, para mim já é certeza que você vai ser uma mãe perfeita, você já é! — Hazel fungou ainda sem estar completamente recuperada, seu marido soltou umas das mãos para colocar uma mecha de seus cachos atrás da orelha e lhe acariciar a bochecha onde deixou a mão repousar, abrindo um pequeno sorriso. — Não tem como você ser ruim, Hazel, tipo realmente impossível. E bom, quanto a segurança, nós vamos fazer de tudo para o manter seguro, e ele vai treinar conosco, vamos o ensinar a usar os poderes que tiver, de modo que, quando precisar enfrentar uma luta, ele vai vencer.

"Mas por enquanto Jay é apenas um bebê em desenvolvimento, em breve a gente só vai precisar se preocupar com mamadeira, fralda e sono, deixa para pensar nos monstros daqui alguns anos, pode ser? Estamos seguros em Nova Roma."

Frank tinha certeza absoluta das palavras que dizia, mas por dentro estava com tanto medo quanto a esposa em falhar como pai, só não queria demonstrar. Ele preferia focar na positividade e no fato que Hazel precisava dele inteiro, se os dois desmoronassem seria péssimo, não, ele aguentaria firme pela linda família que se formava, afinal seu maior sonho estava se tornando realidade e não podia imaginar um cenário melhor nem em seus mais profundos desejos. Foi pego de surpresa quando Hazel o beijou, os lábios com o gosto salgado das lágrimas, um beijo lento cheio de amor e carinho, mas que durou menos do que gostaria.

— Você acha mesmo, amor? — ela perguntou assim que se afastou. — Consegue me ver como uma boa mãe?

— É claro que sim, é só olhar para você e ver como costuma ficar radiante quando está abraçando a barriga sem nem perceber, ou seu sorriso bobo e os olhos brilhantes quando fala com nosso pequeno. E o seu jeito com as crianças dos nossos amigos! Você é perfeita, o nosso filho vai amar você, não tenho dúvidas. — Frank agora segurava o rosto da semideusa entre as duas mãos e via a insegurança e tristeza serem substituídas por um sorriso.

— Obrigada por isso. Sabe, o Jason também vai te amar.

— E ele vai ser muito amado de volta, tem uma família linda esperando por ele aqui fora e um bando de tios prontos para mimá-lo.

Eles riram e se abraçaram novamente, dessa vez Frank ficou atrás dela a envolvendo pela barriga e Hazel apoiou a cabeça no seu ombro, mais confortável do que se abraçarem da forma normal. Era visível que Hazel se sentiu bem mais leve depois da conversa, talvez o que ela precisava era apenas uma confirmação de que não importava quem fossem seus exemplos, eles seriam diferentes, seriam melhores, e Frank estava mais do que feliz em lhe dar isso, a felicidade dela era a felicidade dele. Se falhassem, falhariam juntos e aprenderiam com seus erros, pois se falhassem seria tentando acertar, então na próxima vez fariam melhor.

— Hã... amor? — Hazel chamou sua atenção com a voz hesitante e seu marido depositou um beijo em seu pescoço antes de responder.

— Sim?

— Eu acho que a bolsa acabou de estourar.

— Cacete!

— Olha a boca!

Contos do RiordanverseOnde histórias criam vida. Descubra agora