◈ Capítulo 32 - Está Bien ◈

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"Only love can break your heart
Like poisonous darts wu you apart
Then only love
Can save the day
So unexplained
So what do you say"

- Only Love
Andra Day

Viernes, 16 agosto 2019

Entramos juntos, os três, no escritório

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Entramos juntos, os três, no escritório.

- Podes sentar. - faço o que a Lydia pede, e sento no sofá. - Tu não mudaste nada.

- Digo o mesmo em relação a ti.

- Na verdade, para vocês duas, o tempo, não passou. Parecem vinho. Quando mais tempo, melhor é. - diz o Farid.

28 anos que não os vejo. Quase três décadas após o que aconteceu. Estou a sentir-me até envergonhada junto do casal. Eu sumi, desapareci, para nenhum deles me verem mais. Eu até pensava na possibilidade de não contar para o meu filho, acerca do seu pai, mas seria uma injustiça, e egoísmo da minha parte. Ele tinha que saber, não da forma que soube, entretanto, é um direito seu.

Depois de sair de casa, após descobrir, pensava que não ia querer mais falar comigo, agir de uma forma fria, só que não foi o que aconteceu. Eu entenderia, mas Peter é maduro, é compreensivo. Desculpou-me pelo que fiz.

Não podia o impedir de vir atrás do seu pai. Ele tinha que o conhecer, após tantos anos perdidos, que foram perdidos por culpa minha, totalmente minha. Poderia ter sido tudo diferente, se eu tivesse tomado a decisão certa, de não esconder de ninguém que estava grávida do Farid. Meu filho teria um pai, ele teria um filho. E eu causei tudo isto.

- Lea, eu sei que tu estás a sentir envergonhada ao estar aqui, mas não é necessário. Nós não vamos julgá-la, não temos este direito porque, não estivemos no teu lugar para saber do que passaste ao descobrir que estavas grávida.

- Primeiramente, a começar, eu não fui madura ao fugir, invés de encarar-te e pedir-te o perdão pelo que fiz. Também dei ouvidos aquele tal, e tudo aconteceu. Decidi sair de Califórnia, e ir viver em Munique. Eu achava que quanto mais longe eu fosse, melhor seria. Mas, muitas vezes, ao distanciarmos de tudo, eles vão atrás de nós. Fui muito injusta, irresponsável.

- Não diria que foste irresponsável. Criaste e educaste o teu filho sozinha, sem ajuda de ninguém, sendo que ele é uma ótima pessoa. Foste uma mãe solteira, jovem, que tinha planos, mas acabou por os deixar de lado para se dedicar ao filho. Tu fizeste o que pudeste.

- Mas o fato é que, ele poderia ter mais uma pessoa incluída na sua educação, no seu crescimento, na sua infância, adolescência, na sua vida. Eu fiz com que ele não tivesse uma presença paterna. O quanto tinha-me perguntado acerca do pai, e eu tinha que mentir que estava falecido. Eu sou a culpada por tudo, e não há nada que me faça mudar esta ideia. Eu separei um filho de um pai.

Sinto-me sempre mal ao afirmar isto, mas é a verdade. Eu fiz algo que, se não fosse perdoada, não teria o que reclamar. Separar um filho de um pai, durante 27 anos, para ambos, parece uma eternidade.

Quando eu soube que estava grávida, fiquei desesperada. Não sabia o que fazer. Tinha acabado de terminar a minha licenciatura. Pior era que estava grávida, de um rapaz que estava comprometido com outra pessoa. Por mais que estavam numa crise, eles amam-se um ao outro. Fiquei com muita coisa na cabeça, que nem pensei direito, que nem agi da forma que deveria ter agido.

- Não vou negar que quando soube através da Barbara acerca do Samuel, fiquei chateado, não porque tinha um filho fora do casamento, mas, por ter um filho, e nunca ter sabido de nada, nem da sua existência. Nunca iria negar um filho, não importa quem seja a mãe, como foi concebido, é o meu filho, e possui o meu sangue. Faria de tudo o possível, para ser um bom pai. Não havia possibilidade de eu querer tomá-lo de ti, seria péssimo da minha parte, se separasse uma mãe e de um filho.

- Disto eu sei muito bem.

- Eu... eu não queria dizer desta. Eu só quis dizer que...

-...existem circunstâncias diferentes. Eu sei. Uma coisa é não mencionar acerca do pai, outra coisa é estar a viver, e depois separá-los a força.

- Como tu viveste durante todo este tempo? - Lydia pergunta.

Após eu chegar em Munique, grávida, recém-licenciada, não podia fazer outra coisa a não ser trabalhar. Eu não cresci num seio familiar. Não conheci o meu pai, a minha mãe bebia muito, e acabou que o conselho tutelar tomou a minha guarda, e foi assim, a viver em orfanato. Eu nunca mais a vi, e nem sei acerca dos meus irmãos.

Não queria que o meu filho passasse pela mesma situação, e faria de tudo para que não passasse. Não era uma gravidez desejada, e muito menos, tinha alguém comigo. Tinha que enfrentar tudo sozinha.

Consegui empregar-me, e o salário era bom. Robert ofereceu-me uma boa quantia, no início, eu nem usei, mas com o tempo, com a criação do Peter, fui obrigada a usar, e foi algo que ajudou por muito tempo.

A vida em Munique não foi, assim, complicada. Sozinha estava, mas, consegui.

- Quando soube que estava grávida, por uma parte, pensei em dizer, mas ali, a primeira pessoa que soube, foi o Robert, e ele conseguiu convencer-me que deveria ficar longe, que Farid não iria assumir, que teria muitos problemas com a tua família... eram muitas coisas inúteis que infelizmente, caí. Fui para Munique, e foi um bom lugar para criar o Peter.

- Pensaste em alguma vez, dizer toda a verdade para ele?

- Pensei, mas também não pensei. Não sabia como dizer tudo aquilo para ele. Acabou que descobriu não da melhor forma, e agora, eu sinto um alívio, que toda a verdade está revelada. Algo que deveria ter acontecido antes. Muito antes.

- Não te culpes mais por isso, Lea. Já aconteceu. Agora, é seguir para frente.

- Tu perdoas-me? Perdoas-me por tudo que aconteceu?

- Eu perdoei-te desde o momento que soube de tudo. Não iria ficar com este rancor em mim. Samuel não tem culpa de completamente nada. E nós estamos felizes por termos mais um membro na família.

Ficamos mais um tempo no escritório, até sairmos.

- Onde está a Barbara e o Sergio?

- Eles foram buscar uma prima da Barbara, Suhayla, assim disse.

- A Suhayla está em Madrid? Estranho. Saberemos quando voltarem.

- Está tudo bem? - meu filho pergunta.

- Sim, está tudo bem. - sorrio sem mostrar os dentes.

- Bom então. - beija a minha testa.

- Lea, ajuda-me no almoço?

- Claro.

Pessoas como a Lydia e Farid, são poucas no mundo. Ela nunca sentiu rancor de mim, eu que tinha receio. Agora, está tudo bem.

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Bjs da Babi
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