Meu celular desperta me dando um pequeno susto, resmungo um pouquinho antes de me levantar efetivamente. Depois de me lembrar que era o dia do campeonato, resmungo ainda mais. Não é como se eu estivesse desanimado ou quisesse desistir, é que o medo e a pressão que estava sentindo era bem grande.
Me arrasto até o banheiro e vou fazer minha higiene matinal. Ao pegar meu celular, vejo uma mensagem de Chan.
Chan: Bom dia, meu campeão preferido, dormiu bem?
Felix: Na verdade, não sei, fiquei um bom tempo inquieto até conseguir dormir, nem sei que hora era quando eu de fato peguei no sono.
Chan: Foda... Mas relaxa
Felix: Se você me mandar relaxar mais uma vez, eu vou te bater porque a única coisa que não consigo fazer no momento é relaxar
Chan: Desculpa, Fefe, não tá mais aqui quem falou kkk
Felix: Tô indo me arrumar
Chan: Tá bom, daqui meia hora estou aí
Quando desço as escadas para fazer meu café, me deparo com a mesa já posta.
– Senta aqui pra comer – minha mãe fala.
– A gente quase nunca toma café juntos – digo um pouco suspeito e me sento ao lado da minha irmã.
– Você tem uma competição hoje, então tem que comer direito, se eu deixar você preparar, sei que você vai comer aquele seu cereal vagabundo que não dá sustância nenhuma – minha mãe começa a encher meu copo com suco.
– Tá bom, então – dou de ombros.
Pego duas torradas e algumas tiras de bacon para comer.
– É bom você ganhar, ter uma carreira de sucesso e sustentar sua irmã mais velha – Rachel fala de forma convencida.
– Ata, sem pressão, então – bufo.
– Nenhum pouquinho de pressão – ela fala e sorri.
Termino de comer e consigo escapar da minha mãe que se decide tentar me fazer comer ainda mais. Coloco as coisas que tinha arrumado na noite anterior na minha bolsa e coloco meu uniforme do clube.
Chan: Cheguei, Fefe
Vejo a mensagem e demoro um pouco para descer. Quando chego na porta de entrada, vejo meu pai na calçada conversando com Chan que ainda estava montado em sua moto. Aquilo me deixa um pouco apavorado e paranoico para saber sobre o que eles estavam conversando. Caminho rapidamente até eles.
– Eu já vi ele nadando, senhor, acho que ele vai dar conta sim – Chan sorri para meu pai.
– Eu espero que sim, se ele quiser continuar nadando ele tem que provar que é bom nisso, não dá pra ficar perdendo tempo – meu pai fala sério.
– É verdade – Chan concorda um pouco desconcertado.
– Bom, a gente já vai, pai – dou um sorriso meio forçado para ele.
– Beleza, a gente vai na hora da competição – ele fala dando um tapinha nas minhas costas.
Espero que ele se afaste antes de me virar para Chan.
– Só vamo – pego o capacete e o coloco.
Em 15 minutos chegamos no clube. Desço da moto e tiro o capacete, Chan tira o dele e me olha com ternura.
– Eu vou deixar vocês conversarem, tenho que ajudar a minha mãe – ele sorri.
– Tudo bem – sorrio de volta.
– Vou estar lá torcendo por você – ele dá uma piscadinha para mim.
– Beleza – sorrio confiante.
Olho para os lados para checar se alguém está nos olhando antes de dar um selinho nele.
– Tchau, lindão – falo e rio.
Ele apenas ri antes de recolocar o capacete.
Subo as escadas da entrada do clube um pouco tenso, em poucas horas eu estaria competindo e eu deveria ganhar se quisesse continuar nadando.
Chego na sala do diretor, vulgo pai de Chan e vulgo futuro sogro, e bato na porta. O treinador Pitterson abre a porta e sorri quando me vê.
– Entre, Felix – senhor Bang diz enquanto se levanta.
– Como está? Aposto que deve estar bem ansioso, eu ficava muito quando participava de qualquer competição... – o treinador começa a falar.
– Acho que você não vai ajudar falando isso – senhor Bang o interrompe e nós todos rimos da situação – Pode se sentar, Felix.
Eu me sento na cadeira que está ao lado do treinador.
– Não te chamei aqui para falar sobre táticas ou algo assim, o treinador Pitterson já discutiu isso com você – ele sorri – eu não tive muito tempo para conversar com você na semana passada – ele faz uma pausa – Enfim, quero te dizer que o principal não é vencer, o que importa é que você mostre e coloque todo seu potencial enquanto nada, já te vi nadando, Felix, você é um dos melhores que vi até hoje, mas não deixe a sede de vitória subir a sua cabeça porque nem sempre ganhamos e quando estamos tomados por essa sede, uma vitória pode destruir nossas vidas – ele dá um sorriso honesto.
– Tudo bem, senhor – sorrio meio sem graça.
– Anime-se, garoto, você vai detonar. O importante é que você se divirta e que no final de tudo fique orgulhoso de si mesmo e tenha em mente que deu tudo de si – o treinador dá um soquinho no meu braço e sorri.
Enquanto espero os dois terminarem de se preparar, sento na arquibancada da piscina principal do clube. Penso nas palavras do pai de Chan e as assimilo aos meus pais que só pensam em ganhar e serem os melhores e o quanto isso os fazia infelizes. Eles querem ter controle sobre tudo e esquecem que a maioria das coisas do mundo não depende do nosso controle. No final decido que iria dar o meu melhor e que o fato de perder não me faria desistir de ser melhor ou de querer nadar.
– Podemos ir, Felix? – o treinador pergunta me tirando dos meus pensamentos e me trazendo de volta para a arquibancada.
– Claro – sorrio e me levanto.
Vamos até o Sydney Olympic Park Aquatic Center no carro do senhor Bang. Ao entrarmos no ginásio me deparo com várias pessoas, provavelmente os competidores e seus treinadores.
– Vocês devem assinar a lista de presença – o treinador fala para mim e o diretor.
– Vamos, Felix – senhor Bang passa o braço pelo meu ombro e caminhamos até a mesa dos fiscais.
– Por favor, assinem aqui – o fiscal nos entrega a caneta.
O diretor assina primeiro e logo em seguida também assino no espaço em frente ao meu nome escrito na lista.
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Stray with Me (Chanlix)
RomanceChan sempre soube quem era e mesmo assim nunca teve a oportunidade de experienciar e sentir o amor incondicional por alguém. Felix sempre tentou ser o filho perfeito e exemplar e constantemente se reprimiu para agradar as pessoas que ama. Esses dois...