Felix

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Eu não fazia ideia para onde estava indo, só andava sentindo a água da chuva me encharcar, tinha a sensação de que a raiva que estava sentido faria aquela água evaporar no momento em que eu me abrigasse. Resolvo caminhar até a quadra de basquete que ficava próxima de casa, quando chego lá, me sento em um dos bancos e fico olhando a chuva cair.

Frustração e fúria eram os sentimentos que tomavam espaço no meu coração naquele instante, eu queria gritar com todo mundo e sair quebrando tudo naquela casa. Era como se o fato de ter sido sempre um filho que fazia o que os pais mandassem, que se dedicava na escola e que nunca havia feito algo de errado não adiantasse mais nada. Eu sendo gay anulava meu bom caráter e minha índole para as pessoas que eu mais amava.

Maior parte da minha raiva se concentrava ao meu avô, eu nunca havia sido próximo a ele e sabia o tipo de pessoa que ele era, desta forma não estava muito surpreso com sua reação, mas eu não esperava palavras tão rudes como as dele. Mesmo que os meus pais não fossem as pessoas mais carinhosas do mundo, eu esperava que eles ao menos apaziguassem a situação e me sentia totalmente indesejado por eles não terem agido. Ao pensar em tais coisas, a dor e o sentimento de abandono havia se apossado de mim, me fazendo pensar se alguém estava ao meu lado naquela situação, Rachel? Vovó?

- Felix - escuto alguém me chamando.

Era Chan, ele corria em minha direção e a água começava a encharcá-lo também. De repente, me sinto irritado outra vez, ele não devia estar aqui. Me levanto e caminho na direção oposta dele. Ele se apressa a correr mais rápido e segurar o meu braço para me impedir.

- Felix, vamos - ele me olha preocupado.

- Eu tô bem - empurro sua mão para me desvencilhar dele.

- Vamos sair da chuva, vamos conversar - ele para na minha frente.

Faço menção de começar a caminhar novamente, mas ele segura meus ombros me barrando.

- Me solta - falo irritado e o empurro, mas ele continua me segurando - Me solta, Christopher.

- Vamos - ele diz sério, segura meu braço e começa a me puxar para fora da quadra.

Tento me soltar, mas ele não me deixa. Saímos da quadra e chegamos a calçada, o carro da mãe de Chan estava estacionado na rua. Ele abre a porta do passageiro.

- Entra, por favor - ele me olha sério, o encaro por alguns segundo, mas entro com relutância.

Ele dá volta e entra no carro também, quando ele me olha, vejo a tristeza estampada em seus olhos.

- Rachel me contou o que aconteceu - ele fala.

Olho para ele irritado, mas a expressão do meu rosto foi se alterando devido meu esforço para segurar as lágrimas, apesar de todas as coisas que haviam me chateado na vida, eu quase nunca chorava. Acho que o fato de sempre querer ser perfeito me deu uma certa ideia de que se eu chorasse eu seria muito fraco e não conseguiria superar as expectativas de todos. Desvio meu olhar para a janela do carro, meus olhos já estavam marejados pelas lágrimas.

- Tá tudo bem, pode chorar - ele fala percebendo que eu estava mordendo os lábios - Eu tô aqui, vamos pra casa.

Ele liga o carro e começa a dirigir sempre se voltando para mim que estava com a cabeça encostada no vidro, algumas lágrimas já escorriam do meu rosto se juntando com a água da chuva.

- Eu vou pegar uma toalha - ele fala quando entramos em seu apertamento.

Ele volta com duas toalhas, mas ao invés de me entregar uma, ele se aproxima e começa a enxugar minha cabeça suavemente. Ele pega minha mão e me leva para o quarto. Me ajuda a tirar minhas roupas e depois tira suas próprias roupas. Ele liga o chuveiro na água quente e entramos debaixo da água. Chan me abraça e naquele momento não consigo mais me segurar e desabo a chorar.

Após o banho, me sento no sofá de Chan e ele se senta ao meu lado, acaricia meu rosto e sorri de maneira terna.

- Eu nunca cheguei a imaginar que eu iria me assumir, foi um baque até pra mim - suspiro.

- Mais uma vez você se superou e se mostrou mais corajoso que nunca, não é fácil fazer o que você fez, se impor e mostrar quem você realmente é - ele sorri novamente.

- Eu não sei o que eu vou fazer agora - respiro fundo e olho para o chão fixamente.

- Bom, dá um tempo pra eles processarem toda a coisa, digo o seu pai e sua mãe, foi um baque pros dois também - Chan dá de ombros - Você pode ficar aqui pelo tempo que quiser e voltar pra lá quando estiver pronto pra discutir tudo com eles.

- Obrigado - dou um beijo suave em seu ombro nu.

- Estou com fome - ele se levanta - Vou preparar algo pra gente.

Ele dá a volta no sofá e caminha para a cozinha que dividia o mesmo cômodo com a sala, então o observo retirar as coisas da geladeira e dos armários e começar a preparar alguns sanduíches.

- Eu preciso do meu celular, mas deixei em casa - reviro os olhos.

- Eu vou mandar uma mensagem pra sua irmã e pedir pra ela trazer - ele sorri para mim por um momento e volta a sua atenção para a comida.

Depois de ter preparado tudo, ele me entrega um prato com um sanduíche de queijo com tomate bem caprichado, pega os copos com o suco e coloca sobre a mesinha de centro e pega seu prato.

- Eu sei que está sendo um dia ruim, mas ainda é seu aniversário... - ele se detem e me olha com os olhos arregalados.

- O que foi? - me apresso a perguntar.

- É seu aniversário, quase me esqueci - ele deposita seu prato na mesa de centro - Parabéns, sunshine - ele me puxa em sua direção e me dá um selinho bem demorado - obrigado por me deixar fazer parte da sua vida, tipo eu sei que é o seu aniversário, mas eu quero dizer que eu me sinto presenteado todo dia por ter você comigo - ele sorri ternamente.

Sorrio da mesma maneira para ele e o puxo para um abraço apertado.

- Eu te amo - ele fala bem baixinho enquanto encaixa seu rosto em meu pescoço.

Sinto meu corpo inteiro se arrepiar como se uma corrente elétrica percorresse todos os meus músculos, fazia muito tempo que não ouvia alguém dizer aquelas palavras para mim e era a primeira vez que Chan havia me dito. Ao sentir seu cheiro, o calor de seu corpo e lembrando de tudo que havíamos passado juntos, não me restava dúvidas de que suas palavras haviam sido sinceras e que aquele homem realmente me amava e que ao invés de me prender, ele me ajudaria a voar mais e mais alto. Também não restava dúvidas sobre o meu amor por ele já que eu amava tudo nele, era grato por tudo o que le havia feito por mim e queria estar com ele em todos os momentos.

- Eu te amo também - fecho os olhos.

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Hoje também foi postado o segundo capítulo da minha nova fanfic de Hyunlix Don't Play with Me, não deixem de ir lá darem uma força, aposto que vocês vão gostar.

Muito obrigado por lerem, por favor deixem a estrelinha e compartilhem para me incentivar a continuar escrevendo. Sintam-se a vontade para comentarem, eu amo interagir com os leitores.

Stray with Me (Chanlix)Onde histórias criam vida. Descubra agora