SABRINA

97 3 0
                                    

    Já faz um mês desde que vi Andrew pela última vez. Pelo que sei ele está viajando muito para os jogos pelo país. Tenho andado tão ocupada entre treinar feito louca, fingir que não estou morrendo de dor e trabalhando na lanchonete, que nem tive tempo de pensar muito nisso. Só sei que ele faz falta e isso dói meu peito toda vez que penso demais.

    Mas hoje Carol acordo virada e decidida a me tirar de casa para fazer algo diferente.

- Coloque uma roupa decente, vamos sair daqui meia hora - ela diz colocando a cabeça na porta do meu quarto e vejo que está segurando um babyliss. Estou ocupada lendo um livro, um thriller viciante que não consigo largar mais. Me forço a levantar e resmungo até meu armário. Coloco um cardigã cinza com uma blusa bordo de gola alta por baixo e uma calça preta. Passo uma maquiagem leve no rosto e meu perfume de baunilha, engulo um comprimido para dor, pego meu celular e vou até a sala esperar por Carol. Dez minutos depois estamos no carro.

- Para onde estamos indo mesmo? - Pergunto arrumando o zíper da minha bota de salto alto

- Você já vai ver - ela sorri sem tirar os olhos da estrada. Vejo o estádio do Dallas apontando na esquina.

- Por que veio por aqui? Hoje tem jogo vai ter um transito enorme.

- Porque é aqui que vamos bobinha - ela me dá uma piscadinha e sinto meu rosto ficar quente.

- Como assim Carol?

- Como assim oque? Vamos assistir ao jogo de hockey. E não posso perder de ver meu namorado matar o Bruins em casa gata - ela dá de ombros e sou forçada a rir. Nem acredito que Carol está realmente namorando com o Nate. E eles parecem mais apaixonados do que nunca. - Ah você achou que eu estava te trazendo aqui por causa do Andrew? Nem tudo gira ao seu redor sabia

- Eu não pensei isso - digo rápido demais. Ela estaciona rindo e abro a porta do carro, esperando que o ar gelado de dezembro esfrie meu rosto.

- Ta bom - ela engancha um braço no meu e vamos até as catracas, onde ela passa dois ingressos por um leitor de código de barras e entramos no estádio.

    O lugar está lotado. Entramos na arquibancada, em meio a um mar de gente vestida principalmente de verde e prata, e depois de muito procurar, encontramos lugares bons e vagos. Claro que passamos praticamente o jogo todo em pé, pois é impossível ficar sentada com tanta adrenalina por aqui. O jogo começa e a equipe de Dallas é saudada com assovios, gritos e palmas, enquanto a do time visitante é vaiada. O jogo inteiro é agressivo e eu e Carol ficamos roucas de tanto gritar. O gol decisivo é marcado por Nate, fazendo o time ganhar por pouco.

- Tem muita gente saindo agora, vamos esperar um pouco - diga para ela, que concorda. Meu olhar recai sobre os caras que conheço tão bem. Vejo Nate abraçando Andrew fora do gelo e Mike pulando e gritando muito. Uma garota morena e alta surge do nada, caminhando com confiança até Andrew, puxa seu rosto e o beija. Sinto meu rosto esquentar, mas não consigo desviar os olhos. Ele parece surpreso mas prolonga o beijo, mais um pouco e ele engole ela - vamos! - Agarro o braço de Carol e a puxo com força para as escadas laterais que levam a saída.

- Ai garota o que deu em você? - Ela pergunta surpresa - o que você viu?

- Nada, só quero sair daqui - olho para ela por cima do ombro - vamos beber - e ela me dá um sorrisinho diabólico em resposta.

    Assim que chegamos no Hyde percebo que boa parte do pessoal que estava no jogo, resolveu beber aqui hoje. Pegamos a ponta de uma mesa, que tem um grupinho de homens sentados conversando do outro lado. Percebo que um deles não tira os olhos de Carol.

- Cadê o Nate? - Pergunto

- Eu mandei mensagem assim que terminou o jogo, mas ele não respondeu – ela suspira - mas tenho quase certeza que eles vão vir pra cá - ela ergue uma sobrancelha e percebo que está se segurando pra não sorrir.

Frosty HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora