CAPÍTULO II

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Jennie parou diante das majestosas portas duplas do quarto do príncipe, o coração batendo na garganta. O príncipe, o anel de noivado, o quarto. Oh, céus! O quarto. O quarto do príncipe. Ninguém acreditaria no que estava acontecendo. Talvez a família dela, absolutamente mais ninguém. Jennie beliscou o braço para certificar-se de que não estava sonhando.

O príncipe Jungkook adiantou-se para a abrir uma das portas.

— Entre e espere-me aí dentro.

— Alteza... — ela começou, depois hesitou.

O olhar de superioridade dele deixou-a pouco à vontade.

— O que foi, senhorita Kim?

Jennie não tinha sangue real, mas era uma Kim. Endireitando o corpo, obrigou-se a fitá-lo nos olhos.

— Lamento ter estragado seu aniversário.

— Entre. — Com a mão nas costas de Jennie, conduziu-a para dentro do quarto. Evidentemente, ele nem prestara atenção no pedido de desculpas dela. — Não toque em nada e fique longe das janelas.

Ela se conteve para não perguntar se deveria entrar descalça, para não macular o carpete. De nada adiantaria irritá-lo ainda mais.

— Sim, Alteza.

— Tenho que voltar à festa. Creio que meu tio está sofrendo um ataque cardíaco.

Ataque cardíaco? Jennie abriu a boca, mas a voz morreu na garganta. O príncipe Jungkook saiu do quarto, fechando a porta. Jennie tentou abri-la, mas estava trancada à chave.

Ela estava presa no quarto do príncipe. Sozinha.

Um ataque cardíaco? Certamente era brincadeira do príncipe. Ou seria verdade? Jennie olhou para as mãos enluvadas.

O anel. Só podia ser por causa do anel.

Respirou fundo, soltando-a devagar e ruidosamente. O que ela provocara dessa vez? Ataques poderiam ser fatais. Apertou as mãos, desesperada. O marquês era um homem tão simpático, tão encantador. Bem diferente do sobrinho, príncipe Jungkook.

Ela se jogou na enorme cama de casal de mogno, ricamente entalhada. Pela janela aberta, entrava uma brisa suave, enchendo o quarto com o cheiro de mar. Mas o ar fresco não amenizava seu sentimento de culpa.

A culpa era dela.

Deitada na cama do príncipe, ela ajustou as luvas para não caírem. Durante toda sua vida, ela quebrara muitas coisas, quase sempre coisas muito valiosas. Era capaz de começar uma guerra, ou uma pequena insurreição, como seu pai preferia considerar.

Depois de um tempo que pareceu uma eternidade silenciosa, ela ouviu o ruído da chave na fechadura. Pulou da cama um segundo antes de abrirem a porta. O príncipe Jungkook entrou seguido por Jimin e pelo marquês.

O marquês!

Graças a Deus! Ele não morrera. Jennie correu e abraçou-o.

— O senhor está vivo!

O marquês sorriu.

— Não mais do que antes.

Ela fitou os olhos azuis que lembravam os do príncipe.

— Pensei que o tivesse matado.

— Minha cara Jennie, posso chamá-la assim?

Ela concordou com um gesto de cabeça, sem afastar os olhos do rosto do marquês. Ele estava vivo. Vivo. Uma lágrima escorreu-lhe pela face.

— Esta lágrima é por mim? — O marquês enxugou-lhe o rosto com um lenço de linho branco. — Você me faz desejar ser trinta anos mais jovem. Jungkook, meu felizardo rapaz, você encontrou uma maravilhosa...

A Lenda do AnelOnde histórias criam vida. Descubra agora