CAPÍTULO VI

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Aproximando-se da sala de jantar, Jennie ajeitou as luvas. Na dúvida se deveria vesti-las ou não, optou pela discrição. Além disso, o príncipe Jungkook pedira-lhe para usá-las sempre e ela não pretendia provocá-lo. Ele parecia ser um rapaz decente, e não um troglodita, como o imaginara na noite anterior.

Ela parou na porta da sala. Ergueu os olhos e quase parou de respirar. O príncipe Jungkook estava parado no batente da porta. Ele se barbeara e a pele brilhava. Os cabelos úmidos estavam penteados para trás. Lindo, absolutamente lindo. Mesmo assim, um príncipe. Por mais que ela se sentisse sua companheira de crime, naquela tarde, a situação não mudara.

O casamento real não aconteceria. Ela não queria desposá-lo. E ele também não queria desposá-la.

O príncipe Jungkook estendeu a mão e Jennie deu alguns passos à frente. O salto dos sapatos pretos afundaram no tapete. O tornozelo virou, mas, milagrosamente, Jennie conseguiu manter o equilíbrio. Talvez, o anel possuísse mesmo poderes mágicos. Do contrário, ela teria se estatelado no chão.

O príncipe inclinou-se.

— Jennie.

Inalou o perfume seco de sabonete, e as pulsações se aceleraram. Fez uma graciosa reverência.

— Alteza.

— Gostou do seu quarto?

Ela se mudara para uma das suítes de hóspedes.

— É adorável. Obrigada.

— As luvas, por favor.

Talvez ela tivesse cometido uma gafe por usá-las na sala de jantar. Sem discutir, ela retirou as luvas e entregou-lhe. Ele tirou outro par de dentro do bolso do paletó.

— Estas ficarão melhor.

Ele se lembrara! Contendo um sorriso, Jennie experimentou-as. Perfeitas.

— Obrigada, Alteza.

Jungkook conduziu-a para dentro da sala. Jennie admirou-se com tanta suntuosidade. Tão grande quanto o apartamento dela de Chicago, a sala tinha duas lareiras. As paredes eram cobertas de tecido adamascado vermelho e cobrindo o piso de madeira, um tapete valiosíssimo. Do teto pendiam dois belos lustres de cristal.

Dominando a sala, uma imensa mesa para, no mínimo, trinta convidados. No entanto, estava arrumada apenas para duas pessoas.

Ela engoliu em seco.

— Parece que jantaremos a sós — comentou ele.

Jennie não sabia se isso era bom ou ruim. Muito tempo sozinha com o príncipe seria perigoso demais para seus hormônios. Felizmente, o coração estava imune.

— Onde estão os outros?

— Receio que estejam tramando contra nós. — Ele apontou para o candelabro apagado, para as flores no vaso de cristal. — Minha família tentou armar o cenário para um pequeno romance.

Pequeno romance? Jennie conteve o riso. Mesmo ignorando as outras vinte e oito cadeiras, certamente, aquele não era um dos dez lugares mais românticos do mundo para uma mulher ser beijada. Não que ela quisesse ser beijada. Bem, talvez, um beijo. Um só. Rápido.

— Você prefere jantar em outro lugar?

Jennie temia onde poderia ser esse "outro lugar". Olhou para o príncipe que puxara uma cadeira. Ela sentou-se rapidamente.

— Não, Alteza. Aqui está ótimo.

Sentado à cabeceira da mesa, Jungkook tocou um sino de prata. Dois garçons uniformizados entraram na sala. Um deles apressou-se em acender os candelabros. O outro serviu o champanhe.

A Lenda do AnelOnde histórias criam vida. Descubra agora