Da janela do salão, Jungkook olhava para o alvoroço nos portões do palácio. Uma pequena multidão, cerca de cinquenta pessoas, pelo menos, portando câmeras fotográficas, de vídeo, microfones, esperavam por mais novidades. Um helicóptero sobrevoava a residência real.
Demais para manter Jennie e o anel em segredo.
A tensão apertava-lhe a garganta. Nem mesmo o perfume das roseiras do jardim de sua mãe que invadiam o salão pelas imensas janelas abertas, abrandavam o sentimento de frustração.
Jamais perdoaria o tio Yoongi por ter revelado tudo à princesa Somin. Nunca o palácio precisara tanto de uma torre ou de um calabouço!
— Depois da missa nupcial, teremos um desfile pela cidade numa carruagem aberta, puxada por cavalos brancos. Depois, acontecerá o jantar e o baile no palácio. — A voz da princesa revelava sua imensa alegria. — Oh, e a queima de fogos. Será o final perfeito para um dia grandioso.
— Não esqueça das esculturas de gelo — acrescentou tio Yoongi. — Adoro esculturas de gelo. São tão... frias!
— Realmente, seria maravilhoso — concordou Kim Taehyung.
— O que acham de trinta esculturas — sugeriu Jimin. — Cada uma ilustrando um ano da vida do príncipe.
Incrível! Jimin estava participando daquela loucura. Jungkook afastou-se da janela e olhou para as pessoas planejando seu casamento, ou "núpcias", como preferia a mãe dele. Eles brilhavam com um entusiasmo mais contagioso do que uma epidemia de gripe. Nem mesmo Kim Taehyung, o empresário bilionário, conseguira escapar daquele surto de insanidade.
Caos dentro, caos fora do palácio. Jungkook era a única pessoa sã em toda a ilha. A necessidade de sair em seu iate, ficar sozinho em alto-mar, tornava-se mais e mais urgente. Mas ele não podia sair. O príncipe tinha o dever e a responsabilidade de ficar e acompanhar todo o desenrolar dos acontecimentos. Tio Yoongi bateu palmas.
— Pombas. Devemos soltar pombas, muitas pombas!
Todos concordaram, e Jimin fez anotações numa agenda.
Jungkook revirou os olhos. Parecia que os quatro estavam num tribunal, discutindo sua condenação à prisão perpétua do casamento. Se fosse uma guerra, ele estaria perdido. Toda tropa desertara, deixando-o lutar sozinho. Mas ele estava muito longe da rendição.
Tinha que descobrir um modo de escapar.
Jungkook recomeçou a andar de um lado para o outro. O niído dos passos no assoalho de madeira ecoava pelo salão.
Somin suspirou.
— Oh, Jungkook, sente-se.
Sentar-se? Com o mundo prestes a desabar sobre sua cabeça? Sua vida estava terminando! Ele parou de andar e olhou para a mãe.
— Não me olhe assim, meu filho. — Ela umedeceu os lábios. — Eu deveria estar aborrecida. Custo a acreditar que você não tenha me contado nada, mas suponho que a mãe é sempre a última a saber.
Era tão difícil assim mão entenderem o que estava acontecendo? Ele cerrou os punhos.
— O anel ficou apertado demais no dedo de Jennie. Por isso não conseguimos tirá-lo. O anel não serviu.
— Claro que não, Alteza. — Tio Yoongi sorriu.
— Sua Alteza é quem sabe — disse Taehyung contendo o riso.
A princesa Somin não se conteve. Riu com gosto.
— Ele não é adorável?
Jimin sorriu. Um sorriso tão irritante que, por um momento, Jungkook quase se esqueceu que o conselheiro era um velho e íntimo amigo.
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A Lenda do Anel
FanfictionA lenda diz que o príncipe tem de se casar com a mulher em cujo dedo o anel servir... Absurdo. O príncipe Jungkook não acredita em magia... nem em amor verdadeiro. Isso não impede que todas as mulheres que visitam o palácio provem o anel "encantado"...