CAPÍTULO IV

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Da janela do salão, Jungkook olhava para o alvoroço nos portões do palácio. Uma pequena multidão, cerca de cinquenta pessoas, pelo menos, portando câmeras fotográficas, de vídeo, microfones, esperavam por mais novidades. Um helicóptero sobrevoava a residência real.

Demais para manter Jennie e o anel em segredo.

A tensão apertava-lhe a garganta. Nem mesmo o perfume das roseiras do jardim de sua mãe que invadiam o salão pelas imensas janelas abertas, abrandavam o sentimento de frustração.

Jamais perdoaria o tio Yoongi por ter revelado tudo à princesa Somin. Nunca o palácio precisara tanto de uma torre ou de um calabouço!

— Depois da missa nupcial, teremos um desfile pela cidade numa carruagem aberta, puxada por cavalos brancos. Depois, acontecerá o jantar e o baile no palácio. — A voz da princesa revelava sua imensa alegria. — Oh, e a queima de fogos. Será o final perfeito para um dia grandioso.

— Não esqueça das esculturas de gelo — acrescentou tio Yoongi. — Adoro esculturas de gelo. São tão... frias!

— Realmente, seria maravilhoso — concordou Kim Taehyung.

— O que acham de trinta esculturas — sugeriu Jimin. — Cada uma ilustrando um ano da vida do príncipe.

Incrível! Jimin estava participando daquela loucura. Jungkook afastou-se da janela e olhou para as pessoas planejando seu casamento, ou "núpcias", como preferia a mãe dele. Eles brilhavam com um entusiasmo mais contagioso do que uma epidemia de gripe. Nem mesmo Kim Taehyung, o empresário bilionário, conseguira escapar daquele surto de insanidade.

Caos dentro, caos fora do palácio. Jungkook era a única pessoa sã em toda a ilha. A necessidade de sair em seu iate, ficar sozinho em alto-mar, tornava-se mais e mais urgente. Mas ele não podia sair. O príncipe tinha o dever e a responsabilidade de ficar e acompanhar todo o desenrolar dos acontecimentos. Tio Yoongi bateu palmas.

— Pombas. Devemos soltar pombas, muitas pombas!

Todos concordaram, e Jimin fez anotações numa agenda.

Jungkook revirou os olhos. Parecia que os quatro estavam num tribunal, discutindo sua condenação à prisão perpétua do casamento. Se fosse uma guerra, ele estaria perdido. Toda tropa desertara, deixando-o lutar sozinho. Mas ele estava muito longe da rendição.

Tinha que descobrir um modo de escapar.

Jungkook recomeçou a andar de um lado para o outro. O niído dos passos no assoalho de madeira ecoava pelo salão.

Somin suspirou.

— Oh, Jungkook, sente-se.

Sentar-se? Com o mundo prestes a desabar sobre sua cabeça? Sua vida estava terminando! Ele parou de andar e olhou para a mãe.

— Não me olhe assim, meu filho. — Ela umedeceu os lábios. — Eu deveria estar aborrecida. Custo a acreditar que você não tenha me contado nada, mas suponho que a mãe é sempre a última a saber.

Era tão difícil assim mão entenderem o que estava acontecendo? Ele cerrou os punhos.

— O anel ficou apertado demais no dedo de Jennie. Por isso não conseguimos tirá-lo. O anel não serviu.

— Claro que não, Alteza. — Tio Yoongi sorriu.

— Sua Alteza é quem sabe — disse Taehyung contendo o riso.

A princesa Somin não se conteve. Riu com gosto.

— Ele não é adorável?

Jimin sorriu. Um sorriso tão irritante que, por um momento, Jungkook quase se esqueceu que o conselheiro era um velho e íntimo amigo.

A Lenda do AnelOnde histórias criam vida. Descubra agora