CAPÍTULO VII

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Era muito cedo ainda. O dia mal clareara. Bocejando, Jennie estendeu o braço para o príncipe Jungkook. Com cuidado, ele enfaixou-lhe a mão esquerda até o pulso.

— Está bem assim? — ele perguntou.

Bem demais. A suavidade das mãos dele, o toque dos dedos em sua pele, desencadeavam uma onda de sensualidade que se espalhava pelo corpo inteiro de Jennie. Mais alguns minutos e o fogo estaria aceso. Ela tentou desvencilhar-se, mas Jungkook segurou-lhe a mão.

— Está ótimo, Alteza.

Ele prendeu a bandagem com esparadrapo e apalpou a parte enfaixada.

— Não está muito apertado?

— Não. — Se estivesse apertado, certamente seu sangue não ferveria tanto. — Acho que não vai dar certo.

— Ninguém nos verá. — O príncipe Jungkook entregou-lhe os óculos de sol. — As ruas estão desertas. Ainda é cedo, as pessoas ainda estão dormindo.

— Seremos reconhecidos.

— Quem nos ver, pensará que estamos em lua-de-mel. — Ele colocou um boné de beisebol na cabeça. Antes de sair do quarto, ele viu o bloco de desenhos de Jennie e estudou-o.

— Você tem talento.

Na noite anterior, ela esboçara um novo trabalho, um cowboy e seu cavalo. Nada definido ainda, apenas alguns riscos a lápis, mas ela apreciara o elogio.

— Obrigada.

Ele colocou o bloco na escrivaninha.

— Vamos.

— Tenho a impressão de que será muito engraçado.

— Não há nada de engraçado. — Ele escondeu os olhos atrás dos óculos espelhados. — Vamos.

Um caminhão de frutas estava parado na porta dos fundos do palácio. Jennie e o príncipe Jungkook pularam na carroceria e esconderam-se sob a lona. Minutos depois, o caminhão deixou o palácio, levando os dois clandestinos.

Quando o veículo dobrou a esquina, Jennie colidiu com o príncipe. E quando virara na direção oposta, os braços fortes dele impediam-na de bater contra a grade da carroceria.

A proximidade fez com que ela ansiasse por outro beijo. Antes, porém, que a vontade se intensificasse, o caminhão parou.

O príncipe Jungkook levantou a lona e pulou. Em seguida, estendeu a mão para Jennie.

— Rápido.

Depois, seguiram por uma alameda. Não havia ninguém por perto, mas o príncipe olhou atentamente para os lados antes de atravessarem a rua. Pararam diante de um chalé.

As paredes estavam descascando. As pedras, cobertas por hera. A porta foi aberta antes mesmo que eles batessem. Um homem baixo, de cabelos brancos e longos, cumprimentou-os.

— Entrem, por favor.

Seguindo o príncipe, Jennie entrou.

Ervas e flores pendiam em vasos por todos os cantos, numa mistura de perfumes e aromas. Pedras e bolas de cristal alinhavam-se nas prateleiras, refletindo a luz das velas que iluminavam a sala.

Ela olhou para o homem de cabelos brancos e olhos azuis. De robe púrpura florido, ele era a própria imagem do mago.

— Estava à sua espera, Alteza. — O homem fez uma reverência. — E a você também, srta. Kim.

Ele sabia o nome dela. Seria mesmo um mago? Jennie voltou-se para o príncipe, que olhava para as cartas de taro abertas sobre uma toalha de veludo vermelho, com expressão cética.

A Lenda do AnelOnde histórias criam vida. Descubra agora