Era muito cedo ainda. O dia mal clareara. Bocejando, Jennie estendeu o braço para o príncipe Jungkook. Com cuidado, ele enfaixou-lhe a mão esquerda até o pulso.
— Está bem assim? — ele perguntou.
Bem demais. A suavidade das mãos dele, o toque dos dedos em sua pele, desencadeavam uma onda de sensualidade que se espalhava pelo corpo inteiro de Jennie. Mais alguns minutos e o fogo estaria aceso. Ela tentou desvencilhar-se, mas Jungkook segurou-lhe a mão.
— Está ótimo, Alteza.
Ele prendeu a bandagem com esparadrapo e apalpou a parte enfaixada.
— Não está muito apertado?
— Não. — Se estivesse apertado, certamente seu sangue não ferveria tanto. — Acho que não vai dar certo.
— Ninguém nos verá. — O príncipe Jungkook entregou-lhe os óculos de sol. — As ruas estão desertas. Ainda é cedo, as pessoas ainda estão dormindo.
— Seremos reconhecidos.
— Quem nos ver, pensará que estamos em lua-de-mel. — Ele colocou um boné de beisebol na cabeça. Antes de sair do quarto, ele viu o bloco de desenhos de Jennie e estudou-o.
— Você tem talento.
Na noite anterior, ela esboçara um novo trabalho, um cowboy e seu cavalo. Nada definido ainda, apenas alguns riscos a lápis, mas ela apreciara o elogio.
— Obrigada.
Ele colocou o bloco na escrivaninha.
— Vamos.
— Tenho a impressão de que será muito engraçado.
— Não há nada de engraçado. — Ele escondeu os olhos atrás dos óculos espelhados. — Vamos.
Um caminhão de frutas estava parado na porta dos fundos do palácio. Jennie e o príncipe Jungkook pularam na carroceria e esconderam-se sob a lona. Minutos depois, o caminhão deixou o palácio, levando os dois clandestinos.
Quando o veículo dobrou a esquina, Jennie colidiu com o príncipe. E quando virara na direção oposta, os braços fortes dele impediam-na de bater contra a grade da carroceria.
A proximidade fez com que ela ansiasse por outro beijo. Antes, porém, que a vontade se intensificasse, o caminhão parou.
O príncipe Jungkook levantou a lona e pulou. Em seguida, estendeu a mão para Jennie.
— Rápido.
Depois, seguiram por uma alameda. Não havia ninguém por perto, mas o príncipe olhou atentamente para os lados antes de atravessarem a rua. Pararam diante de um chalé.
As paredes estavam descascando. As pedras, cobertas por hera. A porta foi aberta antes mesmo que eles batessem. Um homem baixo, de cabelos brancos e longos, cumprimentou-os.
— Entrem, por favor.
Seguindo o príncipe, Jennie entrou.
Ervas e flores pendiam em vasos por todos os cantos, numa mistura de perfumes e aromas. Pedras e bolas de cristal alinhavam-se nas prateleiras, refletindo a luz das velas que iluminavam a sala.
Ela olhou para o homem de cabelos brancos e olhos azuis. De robe púrpura florido, ele era a própria imagem do mago.
— Estava à sua espera, Alteza. — O homem fez uma reverência. — E a você também, srta. Kim.
Ele sabia o nome dela. Seria mesmo um mago? Jennie voltou-se para o príncipe, que olhava para as cartas de taro abertas sobre uma toalha de veludo vermelho, com expressão cética.
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A Lenda do Anel
FanficA lenda diz que o príncipe tem de se casar com a mulher em cujo dedo o anel servir... Absurdo. O príncipe Jungkook não acredita em magia... nem em amor verdadeiro. Isso não impede que todas as mulheres que visitam o palácio provem o anel "encantado"...