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— Tem alguém aí? — Ela disse tentando se soltar das amarras e fazendo uma careta ao não receber respostas. — Uh... Eu tenho uma... — Ela olhou para seu corpo e o local, não vendo nada. — bota e não tenho medo de usar. — Ouviu barulho de pessoas discutindo e apenas focou em tentar se soltar, ouvindo uma voz que aparentava ser conhecida.
— Como assim sequestraram alguém suspeito? — Ela conhecia aquela voz.
— Nós achamos que é suspeito, não temos certeza. — Ouviu uma voz masculina.
— Vocês viram alguém agindo estranhamente e a primeira reação foi sequestrar? — Uma voz feminina disse.
— Basicamente, sim. — Outra voz feminina respondeu. — Mas ela conseguiu matar um daqueles bichos.
— Agora a culpa é minha? — Amy disse vendo que o nó estava frouxo e retirou as cordas, desamarrando seus pés.
— Eu... Quem vocês sequestraram? — A mesma voz que Amy achava conhecer disse e a ruiva abriu a porta rapidamente. — Amy?
— Não, a chapeuzinho vermelho, bocó. — A ruiva disse sorrindo. — Carol, por que eles — Ela apontou para o grupo desconhecido. — Me sequestraram.
— Na verdade foram só esses quatro. — Um magricelo pálido, uma garota de cabelo curto e expressão desconfiada, um rapaz de olhos azuis e que parecia do ensino médio e um adulto de olhos azuis ergueram a mão.
— Ok, reformulando a pergunta. Como eu consegui ser sequestrada por eles? Quero dizer, a garota e o vovô ali até entendo, mas esses dois? — Ela apontou para o magricelo e o que aparentava ser mais novo.
— E quem você acha que é?
— Uh... Noé.
— Noé?
— Noé da sua conta.
— Amy, você não tem cinco anos. — Carol repreendeu.
— Ela é a suposta ameaça? — O mesmo rapaz de olhos castanhos e que na opinião de Amy parecia uma geladeira Electrolux disse.
— Eu posso ser bem ameaçadora quando quero. — Eles começaram a notar o sotaque britânico vindo da garota. — Meus pais cresceram na Inglaterra, eu não. — Ela olhou para o mesmo rapaz magricelo e ele fez uma expressão confusa.
— Certo... Sem se exaltar novamente. Stiles, ela não é uma ameaça.
— Ela pareceu ser uma ameaça.
— Malia, Peter, vocês não precisavam ter nocauteado ela. — Carol olhou para os dois citados.
— Liam, não vá na onda do Stiles.
— Das outras vezes eu estava certo.
— Derek, por que eles trouxeram ela para seu loft?
— Quando eu cheguei eles já estavam. — A ruiva encarou suas unhas.
— Amy, de que criatura falavam?
— Era desconhecida até para mim. — Ela disse relaxando os ombros. — Talvez alguém de...
— Não. — Carol disse e Amy suspirou.
— Certo, mas tenho certeza que alguém de Los Angeles responderia.
— Não, sem Los Angeles. — A ruiva ergueu as mãos em rendição.
— Sem Los Angeles então.
— O que houve em Los Angeles? — Stiles perguntou.
— Esse não foi o primeiro ataque de uma criatura assim, certo? — Derek negou. — E o que vocês fizeram?
— Botamos fogo. — Liam disse.
— Ah... — Ela arregalou os olhos fazendo uma expressão de descrença. — Certo.
A ruiva simplesmente saiu andando, e o grupo a encarou, quando ela se virou.
— Onde fica a saída?
— Por que te deixariamos sair?
— Porque eu sou a única pessoa que descobrir algo sobre essas criaturas, querido. — Ela manteve o olhar em Derek, que ainda a encarava desconfiado. — Mas se preferirem, posso deixar resolverem sozinhos e voltar de onde vim.
— Segue reto, vira a esquerda, e voi lá. — Carol disse, vendo a ruiva logo sair do loft.
Assim que ela se encontrava na cidade novamente, sem perceber, ela ia em direção a floresta, como se um sussurro a chamasse.
"Se quiser derrotar o que está por vir, seu passado precisará descobrir."
"Seus pais realmente morreram num acidente?"
Ela se viu de frente à várias escrituras, papéis soltos, uma mesa como a que seu pai tinha no escritório, se aproximando, viu vários símbolos nas folhas, escritas em algum idioma desconhecido por ela, o desenho de um anjo e uma espada.
Ela tocou na mesa, vendo ela mudar drasticamente. Agora não parecia mais algo preservado, parecia algo queimado, velho. Desgastado.
"Ainda não é a hora, descubra seu passado."
Se virou, vendo uma lembrança.
Ela tinha cinco anos, seus pais a levaram para uma floresta. Ela viu um tronco cortado atrás de si, uma mulher de cabelos negros e uma espécie de manto negro, teve a impressão de seus olhos brilharem em vermelho, mas logo se distraiu vendo alguns lobos ao redor.
A versão atual seguiu até a mulher e a tocou, vendo a mesma pegar fogo também e se desfazer em cinzas, na sua mão.
Ela gritou e ouviu outro grito em resposta, andando para trás e esbarrando em alguém, ambos viraram, e ela viu a mesma garota ruiva de seu sonhos, que parecia tão perdida quanto ela.
As duas se olharam de baixo para cima e assim que se reconheceram fizeram uma expressão confusa.
— Você! — Disseram ao mesmo tempo. — O que faz aqui? — A outra ruiva olhou para o lado, vendo um tronco de madeira cortado.
— O Nemetom nos chamou, mas por quê?
— Quem era aquela mulher?
— Que mulher? — A de olhos verdes questionou. — Sou Lydia Martin, a propósito.
— Amy... Mas aquela mulher, eu tenho a impressão de conhecê-la. E quando eu toquei nela, ela pegou fogo. — Lydia tombou a cabeça para o lado.
— Uma mulher loira?
— Não... Uma mulher de cabelos negros.
— Não, ela era loira, tinha olhos negros e várias tatuagens, usava roupas finas, de cor preta.
— Tinha um colar dourado com uma jóia vermelha? Uma joia em formato circular com um w no meio?
— Como você sabe?
Amy correu, não dando chance para a outra ruiva se explicar. Ela sentiu desespero, medo, pavor e se rendeu as emoções. Ela correu até onde suas pernas aguentaram e de alguma maneira, parou em frente a uma antiga casa que seus pais tinham na região... A mesma que pegou fogo, ainda nem tinham se dado o trabalho de reformar.
Ela fechou os olhos, respirando fundo e por fim, decidiu entrar, ignorando todos os avisos de seu inconsciente, que a mandavam fugir e se esconder. Ir o mais longe possível daquela casa.
Ela não deveria estar ali.

A Última Herdeira. Onde histórias criam vida. Descubra agora