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- Droga! - Foi a primeira palavra que escapou da boca de Amy, havia andado em linha reta e feito uma duas curvas, mas havia voltado para onde Lydia estava, pela terceira vez.
- Vai perceber quando que independente do que faça, vai voltar para cá?
- Certo... Como você se conectou comigo mentalmente?
- Eu não sei, apenas aconteceu. Eu pisquei e estava de frente para você.
- Impossível, é impossível. - A Wayland andava em círculos, com as mãos na cabeça. Todos seu anos de shadowhunter, nunca soube de histórias assim.
- Bem, acredite se quiser. - a Martin desistiu.
- É só que... Você descreveu minha mãe...
- E o que tem?
- Ela morreu... Quando eu ainda era uma criança. - A Martin fechou os olhos. - Nossa casa, ela pegou fogo.
- Eu sinto muito.
- Não é sua culpa, até hoje ninguém sabe o que causou. - Ela se sentou no chão, apoiando as costas no tronco.
- Você deve se sentir triste pelo ocorrido.
- Nem sempre. - Ela encarou a outra ruiva que estava de pé. - As vezes eu só... Coloco para dentro e foco em outras coisas. Eu não posso deixar isso me dominar, meu trabalho exige seriedade e racionalidade.
- Você trabalha com o quê?
- É complicado. - Ela encarou o céu. - Como a gente sai daqui?
- Esperamos o Nemetom nos expulsar, talvez. Ou rezemos para alguém aparecer.
- Eu vi uma mulher também, mas ela tinha cabelos escuros. Eu não sei quem é ela. - Lydia se ajoelhou no chão, sentando sobre os próprios pés.
- As vezes o Nemetom faz isso. - Amy brincava com as gramíneas de perto. - Os druidas usavam esse tronco para rituais.
- Então, ele é ativado com sangue? - Ela parou de brincar com as plantas, jogando-as no chão. - Eu não estava arrancando esses matinhos.
- Certo... - Lydia sorriu minimamente. - Você trouxe seu celular? - Amy negou e a Martin bufou antes de se sentar no tronco cruzando os braços.
- Será que... A gente vai ficar aqui para sempre?
- Não, uma hora iremos sair.
- Como você pode ter certeza?
- Meus amigos são diferentes. - Amy deu de ombros.
- Imagino. - As ruivas conversaram por vários minutos, que viraram horas.
Mas Amy sentiu uma queimação onde sua runa parabatai ficava e acabou arfando segurando o local. Lydia arregalou os olhos num pulo tentou se aproximar de Amy, que apenas negou com a cabeça.
- Tá tudo bem. - Ela se levantou começando a se acostumar com a dor. - É normal.
- Certeza?
- Sim, é... Complicado. - Amy sorriu amarelo. Talvez reação alérgica? Não sei. - A outra ruiva apenas fingiu acreditar.
- Por que conseguimos nos contatar? - A Wayland deu de ombros e ficaram mais um tempo ali. Amy estava com fome e pouco acreditava que alguém viria.
- Quer saber? Eu vou tentar sair daqui de novo, já se passaram horas e ninguém veio atrás de nós. - Amy se levantou rapidamente. - E dessa vez, você vai comigo! Não vamos esperar pelo príncipe encantado. - A Wayland apertou o punho de Lydia com uma força um pouco exagerada enquanto caminhava puxando ela. - Eu tenho muita coisa para fazer e não vai ser... - Algo fez ela olhar para trás e ela se surpreendeu.
Não era Lydia quem ela puxava, era uma mulher com a mais bela aparência que Amy havia visto. O rosto era perfeitamente simétrico e uma pele tão branca que parecia translúcida e olhos negros tão escuros quanto uma ônix que Amy poderia se perder olhando neles. Os cabelos lisos e finos, tão negros quantos os olhos e compridos que chegavam até o meio das costas.
Seu corpo era voluptuoso e um vestido escuro adornava a pele, ele possuía um decote até o umbigo e era colado. A saia começava a se abrir em uma fenda no meio e possuía uma outra saia justa até metade das coxas da mulher, que estava descalça.
Amy sabia que algo estava errado, mas algo a chamava até aquela mulher.
Ela tentou soltar o punho da mulher e se afastar, mas a mesma sorriu e segurou os punhos dela.
- O que houve querida? Você parecia tão confiante há segundos atras. - Sua voz era melodiosa, tão quanto uma sonata da época renascentista, atraía a Wayland. - A cobra comeu sua língua? - Ela soltou um riso e Amy sentiu algo no braço que a desconhecida segurava e olhou para baixo, vendo uma cobra de cor acinzentada e olhos negros. O animal se arrastava lentamente pelo braço da mulher até Amy. - Essa é uma Mamba negra. Linda, não? Sabia que é uma das cobras mais mortais do planeta? Ela é meu bichinho.
- O que você quer?
- Obviamente ela não vai te ferir, somos apenas uma projeção. - A mulher continuou a falar. - Eu quero seus poderes para que minha patrona me aceite de volta. Ela me expulsou apenas porque me recusei a ajudar os outros. - Amy duvidou do fato de serem uma projeção, já que sentia a cobra enrolando em seu braço, a viscosidade e o frio. - Seu poder é gigante, e farei o que for necessário para obte-lo...
- Que poder? Eu... Eu não tenho nada de especial além de uma mira com arco.
- Oh, você não sabe seu passado. Isso é ainda melhor. - A mulher riu. - Agora durma. - Ela sorriu revelando uma face diabólica com dentes pontudos e sentiu a cobra em seu braço a picar.
Amy gritou apertando seu braço e caindo de joelhos na terra. Ela fechou os olhos fortemente e sentiu uma ventania a seu redor.
Não sabia o que estava acontecendo, nem o que aquela cobra injetou em seu corpo, mas estava reagindo. Ventos fortes surgiam e ela ouviu relâmpagos e trovões ao longe, ela se viu novamente em sua casa que havia pego fogo, mas agora de outro ponto de vista.
Ainda via ela, mas agora era em terceira pessoa.
Um brilho dourado a envolvia no formato de um anjo, como se a protegesse do fogo e agora ela ouvia passos por perto de onde estava e encostou a mão na porta para abrir.
- Agora não é a hora. - O anjo disse. - Volte Amy Wayland, você é a última herdeira.
E tudo ficou preto.

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⏰ Última atualização: Mar 01, 2021 ⏰

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