0.1

158 9 0
                                    

- Amy, por que mesmo devemos ir a essa cidade?
"Oras, Jace! Por que eu tive um sonho estranho que falava dessa cidade?"
Amy não respondeu, apenas deu de ombros e ele revirou os olhos. As garotas que seguiam junto se entreolharam, estranhando esse comportamento.
- Wayland? - Um membro do instituto chamou a garota. - Você quer ir até essa cidade por que lá não há algum instituto para manter o controle do sobrenatural?
- Você leu meus pensamentos, querido. - Ela disse sorrindo ladina e se virou para seus amigos. - Vocês vão vir comigo?
- Você é minha parabatai, então eu te conheço o suficiente para não deixar você ir sozinha. - Isabelle disse e Amy fez uma expressão como se estivesse indignada.
- Ah, se eu não for, você vai me obrigar. - Jace disse de uma vez e Alec concordou. - E a Clary vai também, eu acho.
- Vamos ser velas? Que desgraça. - Amy disse divertida antes de entrar no quarto. - Amanhã estaremos na casa que eu consegui lá... Durante a manhã, se vocês não acordarem cedo por bem, será por mal. - A garota entrou no quarto fechando a porta.
- Como? - Clary se questionou e os outros deram de ombros, entrando em seus respectivos quartos.


A noite se passou, e as ruivas foram as primeiras a ficarem de pé. Por um milagre, as malas foram arrumadas rapidamente e agora elas batiam nas portas dos quartos dos amigos, e no caso de Clary, de seu namorado.
A Lightwood não saiu com a melhor expressão de todas. Por mais que tivesse dormido bem, caçadores das sombras não acordavam tão cedo, considerando o horário de trabalho, que costumava ser durante a madrugada. Mas isso não a impediu de ver o começo de olheiras que Amy começava a ter, e não havia conseguido esconder de sua parabatai.
- Depois nós conversaremos. - Izzy sussurrou para a Wayland, que se surpreendeu e deu de ombros.
Eles atravessaram o portal, já saindo nos fundos de uma casa que uma antiga amiga de Amy se encontrava, os olhos azuis eletrizantes e o cabelo negro não deixaram enganar.
- Há quanto tempo, Amy! - A ruiva citada correu até sua antiga amiga, largando as malas no chão e correndo até a mesma. Assim que se abraçaram, sentiram como se não existissem diferenças entre as duas que não as deixavam se ver frequentemente.
- Eu que o diga, Carol. - As duas sorriram e se viraram. - Essa é a galera que veio comigo, vamos analisar para... Bem, talvez um instituto.
- Oh, certo. Você vai se surpreender com Beacon Hills. - A mais alta disse sorrindo de lado.
- De qualquer maneira. Essa é Clarissa, aquele é o Jhonatan, aquele Alexander e por fim, minha parabatai, Isabelle. - Ela apontou para cada um dos integrantes. - E pessoal, essa é Caroline, a minha amiga de infância. - Eles se cumprimentaram, e entraram na casa. A decoração minimalista denunciava que, ou Caroline não ficava em sua casa, por isso não se importava em decorar, ou, ela se mudava frequentemente, e não queria gastar tempo decorando.
Caroline havia dois quartos além do dela, onde se dividiram, no quarto com duas camas de solteiro, ficando Isabelle e Alexander, e no com uma cama de casal, Jhonatan e Clarisse. Amy iria dormir com Caroline, já que a mesma possuía uma cama de casal.
Assim que se arrumaram, eles colocaram roupas mais simples, ou na linguagem popular, menos couro. Por ser uma cidade pequena, se não quisessem chamar atenção, deveriam se vestir de maneira mais tradicional.
Para Clary, não foi trabalhoso, seu estilo era simples. Mas para os outros, que já estavam acostumados, foi um tanto complicado. E no fim, Izzy utilizou um vestido marsala onde a saia era solta, que emprestou de Amy. Jace e Alec apenas tiraram suas jaquetas e Amy precisou abandonar sua saia de vinil vermelha, trocando por uma mais de tecido mais comum, na coloração vermelha, e continuou com sua camiseta branca.
Assim que saíram, Carol havia deixado um bilhete, avisando que surgiu um imprevisto com alguns amigos, e que não poderia deixar para depois.
Amy jogou o papel e prendeu seu cabelo em uma trança, vendo Izzy ficar com o mesmo solto, e Clary prendeu o dela em um coque com um pincel.
As três saíram da casa de Carol, avisando os garotos que iriam conhecer a cidade; Alec e Jace apenas deram de ombros e disseram que iriam descansar um pouco.
A ruiva de trança se sentia estranhamente incomodada, e a cada quinze minutos, de maneira discreta, tentava achar o que lhe causava estranha sensação. Mas após a quarta tentativa, ela desistiu.
Suspirou pesadamente e as duas notaram, a encarando sugestiva. A Wayland deu de ombros, desviando o olhar e focando em suas botas de vinil de coloração vermelha.
— Eu não estou dormindo bem. — Ela comentou como se não fosse nada. — Apenas isso.
— Isso eu sei, já acordei várias vezes durante a noite. — Isabelle comentou se referindo ao fato de serem parabatai. — Qual motivo de sua insônia?
— Eu simplesmente acordo. Não tem um porquê.
— Certeza? Amy, de nós três, você é a que mais ama dormir. — Clary disse e a ruiva deu de ombros.
— Eu provavelmente estou com a cabeça cheia. — Ela sorriu tentando tranquilizar mais a si mesma do que as amigas.
O trio seguiu sem uma direção específica e por fim pararam em uma praça, onde Amy se sentou em um dos balanços e as duas no banco, próximo ao brinquedo.
A Wayland se encontrava tão absorta em seus pensamentos, pensando sobre sua família que não notou quando suas amigas saíram. Elas conheciam a Wayland a ponto de saber que nesses momentos ela preferia ficar sozinha.
Ela não se lembra de muito que aconteceu com os pais, ela tinha seis anos na época. Se lembra dos pais brincando de esconde-esconde com ela, a mãe a colocando numa sala secreta da casa e falando para sair apenas quando seu pai ou a tia Maryse a achasse. Dizia que era uma nova brincadeira.
Mas a garota adormeceu conforme a sala esquentava e o lado de fora se iluminava, e se lembra de braços fortes a abraçarem, e uma luz dourada a envolver até ouvir a voz de Maryse, a acordar e a levar para o instituto com a notícia da morte de seus familiares.
Ela voltou a si quando por algum motivo, sentiu um estranho arrepio na espinha e se levantou, encarando atentamente ao seu redor, viu uma criatura estranha, quadrúpede e de cor escura e brilhante, como se tivesse uma textura semelhante a petróleo encarando ela.
Amy não sabia o que era, mas assim que a criatura a atacou, ela desviou em um giro, e pegou a adaga que trazia atada na coxa, e lançou a arma de metal na criatura, vendo ela se desfazer em pó, e levar sua arma junto; o que era de fato estranho.
A ruiva estava novamente absorta em seus pensamentos e não percebeu que uma galera desconhecida se aproximou sorrateiramente por detrás da garota que encarava o ponto em que antes se encontrava a misteriosa criatura.

A Última Herdeira. Onde histórias criam vida. Descubra agora