Fogo

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Pedi para Sero sair do quarto e avisar aos meus pais, mas só depois de encher a banheira de água. Izuku ainda chorava forte entre meus braços, e eu estava com vontade chorar junto, mas me contive. Quando ele finalmente parou de tremer e pode respirar fundo, pedi para que ele me deixasse dar um banho nele, que apenas afez um aceno de cabeça. Acho que se voltasse a falar, continuaria a chorar.

Carreguei ele em meus braços até o banheiro, e o mergulhei na água. Ele estava de olhos fechados, mas sabia que estava acordado, pois ficava chamando meu nome, baixinho. Molhei minha mão e passei-a em seu rosto, para limpar suas lágrimas. Depois, fui jogando água em seu cabelo, deixando que descesse pelo seu pescoço e limpasse o suor seco.

Quando eu ia pegar o shampoo, para limpar seu cabelo, ele agarrou meu braço e me puxou levemente.

- Entra aqui na água. - sussurra em meu ouvido. - Não quero fazer nada, só quero que fique comigo.

Eu atendo ao seu pedido, colocando primeiro uma perna e depois a outra, me sentando no espaço apertado da banheira. Ele vem para cima de mim, me abraçando.

- Você leu a carta? - ele perguntou, eu disse que não. - Eles disseram que vão mandar alguém em uma hora para vir me buscar para a cerimônia de cremação.

- Uma hora? - pergunto, achando estranho. A cavalo ou de carroça leva, pelo menos, cinco horas de um reino ao outro.

- Sim. - ele responde. - Temos algumas mágicas bem interessantes para transporte. Sabia que voando é mais rápido?

- Como vocês fazem isso? - pergunto. Eu faria qualquer coisa para retirar seus pensamentos da morte de sua mãe.

- Há muito tempo atrás, um mago descobriu como levitar as coisas. - ele começa a contar a história. - E ao que foram testando e aperfeiçoando, descobrimos que ao levitarmos algum objeto, podemos manipular ele, levá-lo a qualquer lugar. Se eu tivesse magia, nem precisariam mandar alguém me buscar, eu poderia só me levitar, ou levitar qualquer coisa com um assento e iria voando.

- Que legal. - digo, passando a mão por seus cabelos. - Posso ir também?

- Por favor, eu imploro para que venha. - ele diz, colocando o rosto entre meu pescoço e meu ombro.

Eu sinto sua respiração em minha pele, e escuto-o respirar pesadamente, como se tentasse contar novas lágrimas. Passo a mão em seu cabelo, tentando transmitir conforto.

- Então eu irei. - respondo.

Depois disso, o tempo passou como um raio, e eu sinto que ambos fomos feitos de marionetes do destino, e nos arrumamos como dois zumbis, que não conseguem mais raciocinar. Logo saímos da banheira, colocamos nossas roupas, quem iria nos levar até Magia chegou, e quando vi, já estava sobrevoando Sol e Lua.

De algum modo, o homem fez uma carruagem levitar, e eu e Izuku sentamos um de frente para o outro enquanto estávamos dentro dela. Eu estava com medo, a carruagem inteira se balançava, mas a minha frente, Deku olhava pela janela com um olhar vazio.

Ele estava vestido com um tecido branco, basicamente uma túnica jogada sobre o corpo. No lugar de sua coroa, um chapéu branco, grande, na cabeça. Tudo branco. Sinto que depois de hoje, nunca mais serei capaz de usar a cor branca na vida.

Eu estava usando uma calça e uma camiseta da mesma cor de Izuku. Ele pediu que eu utilizasse a cor de Magia para enterros, e assim eu fiz. Não coloquei nada na cabeça, não quis chamar atenção com nenhuma joia. Antes de sair, Deku enrolou um tipo de tecido branco em meu pescoço, e embora fosse desconfortável e quente para mim, eu aceitei. Qualquer coisa que pudesse dar a ele o mínimo de paz de espírito nesse momento, eu  faria.

Joia da Família Real [BAKUDEKU] [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora