Vida como conhecemos

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Tudo ardia, sua pele, seus olhos e seus pulmões, principalmente. O sol escaldante passava pelo tecido de suas roupas e pinicava sua pele, areia nos ventos sem fim do deserto arranhavam de leve suas bochecas e a máscara de proteção a fazia suar e se sentir nojenta; mesmo assim, mesmo debaixo de todas essas questões desconfortáveis, Ayla estava ridiculamente feliz.
Não havia real motivo para tal felicidade, é claro, mas correr em cima da areia fofinha era o suficiente para fazer a garota gargalhar.
Nunca precisou - nem teve - muitas coisas para ser feliz, mas isso nunca foi um problema; o deserto a fascinava o suficiente.

Ayla cessou a corrida quando entrou na vila em que morava, cheia de casas simples mas com enormes mesas do lado de fora. Mercantes era muito úteis naquela área, e seu trabalho maioria das vezes requiria montar uma mesa cheia dos seus item à venda e rezar que alguém quisesse comprar. Como um dos países desertos com maior docas, a Líbia era um ótimo lugar para se comprar especiarias de todo tipo, de qualquer canto do mundo.

Entrando em sua casa, Ayla pôde tirar todo tecido de proteção contra o maldoso sol do deserto, libertando seus curtos cabelos loiros - muito suados da corrida - e sua pele morena avermelhada da máscara.

- Finalmente. Achei que precisaria ir correr atrás de você, eu mesma - Uma voz logo a frente de Ayla a fez sorrir.

Sua mãe era o exemplo perfeito de adulta, o tipo que Ayle queria ser, responsável, esperta e muito linda. A parte de correr era obviamente uma piada, ja que a perna machudada da mãe mal encostava no chão, sendo ajudada por uma bengala simples; mas ela nunca perdia o seu espírito e Ayla adorava isso nela.

- Acho que seria dificil eu te acompanhar - Ayla responde com humor.

Ambas sorriem e seguem para a cozinha, para preparar qualquer coisa para lancharem e conversar sobre historia, matemática ou geografia, como sua mãe insistia que Ayla devesse saber.
Ayla não consegue parar de pensar em como sua vida pacata e simples lhe agradava, não desejava absolutamente nada mais. Pais amorosos e engraçados, dias e mais dias sem preocupações, apenas aproveitando o melhor dos seus quinze anos.
Não havia como ficar melhor.

Noites no DesertoOnde histórias criam vida. Descubra agora