Angelina Clark
Ferrada, essa é a palavra perfeita pra descrever a minha situação, acabei de perder o meu emprego, a empresa onde eu era secretária falou e consequentemente estou desempregada e sem acerto, você deve pensar "ah emprego ela arruma outro não precisa de todo esse desespero", poderia até ser, Se meu pai não tivesse fugido no mundo devendo uma grana preta para um agiota que eu estou ralando pra pagar, e pra piorar como se fosse possível, na porta da quitinete onde eu moro tem um papel enorme avisando que se eu não quitar os quatro aluguéis atrasados eu vou ser despejada em 30 dias, parece que o mundo resolveu cair aos meus pés tudo de uma vez, eu estou desesperada.
Suspiro, chateada entrando em casa, tiro meus sapatos deixando perto da porta, e a bolsa jogo no pequeno sofá que tem ali, caminho até o pequeno quarto tirando toda minha roupa ficando somente de calcinha e me jogo na cama, ao menos ainda tenho o emprego na boate, isso não vai me deixar passar fome, mas ou eu viro sem teto ou viro prostituta no prostibulo do agiota, que é o que ele vai fazer se essa dívida não for paga.
Vou descansar um pouco, antes de ir pro próximo emprego, sim a minha vida está ruindo aos meus pés mais felizmente isso não tira meu sono, não ainda.
***
São 22:00, meu horário na boate está começando, e antes que pensem besteira, eu sou só bar tênder aqui, mas o salário não é lá essas coisas e ficar aturando caras bêbados e chatos é terrível.
Estou limpando o balcão onde um rapaz sem querer deixou cair uma bebida, quando um homem bonito se joga no banco em frente ao balcão, o cara é muito gato, loiro dos olhos claros, ele é forte, bem alto e bem vestido também, não imaginava alguém assim como ele em um lugar como esse, não que aqui seja ruim, pelo contrario, mas é um lugar mais simples.
— Um Whisky duplo por favor – pede e eu aceno com a cabeça
Saio da beirada do balcão indo até onde está a bebida, colocando no copo com gelo, depois me viro levando até ele.
— Aqui está – entrego a bebida pra ele, pegando a comanda e anotando o valor pra que ele pague na saída.
— Obrigada – diz virando o copo em um gole só — mais uma garotinha
Pede, eu arrumo mais um pra ele e entrego — aqui está senhor e a propósito não sou garotinha – digo sorrindo de lado.
O rapaz não fala mais nada, então minha noite segue, depois daqueles dois Whisky o rapaz não bebeu mais, também não foi pra pista, e rejeitou todas as moças que vieram paquera-lo, o que me leva a pensar que ou ele é gay, ou ele tá no fundo do poço.
***
Meu expediente chegou ao fim, era duas da manhã, sai da boate entretida no celular tentando chamar um motorista por aplicativo quando trombo em alguém.
— Merda – resmungo me abaixando pra pegar o celular que caiu
— Tá tudo bem? – a pessoa com quem trombei pergunta, só então percebo que é o rapaz do Bar.
— Sim, eu estava focada demais no celular então foi mal – digo
— Tudo bem – sorri de lado — você tem como ir embora? – pergunta
— Motorista de aplicativo – digo balançando o celular rindo com humor
— Se quiser uma carona, acho perigoso pegar um Uber essas horas – diz sério
— Mesmo perigo que pegar carona com um desconhecido – debocho
— Sou delegado, não tem perigo algum – diz pegando a carteira no bolso e mostrando o distintivo.
— Quem me garante? – pergunto com uma sobrancelha erguida
— Se eu estou te alertando dos perigos de pegar Uber essa hora sozinha, por que te faria mal? – questiona
— Nesse caso, acho que vou aceita, confesso que pego Uber essas horas, mas morro de medo – digo
Entramos no carro, ele pediu pra que colocasse o meu endereço no GPS, depois disso ele da partida saindo com o carro, eu estava meio incomodada por estar aqui, mas eu estava preocupada ele não me parecia bem.
— Sei que não tenho nada com isso, mas tá tudo bem? – pergunto
— Esta sim – responde simples
— Não é o que observei, o senhor bebeu, mais não estava se divertindo, nem dançando, e rejeitou todas as moças que se aproximaram de você, acho que está no fundo do poço – digo
— Talvez um pouco, mas é um assunto muito chato e doloroso, não vou importuná-la com esses assuntos
— Sou boa ouvinte – digo e ele sorri de lado
— Obrigada, mas está tudo bem – fala me cortando então entendo que ele realmente não quer falar, não nego estou morrendo de curiosidade, mas acho melhor ficar quieta antes que ele resolva parar esse carro e me deixar no meio da rua.
Não demorou pra que chegássemos em casa, pra minha surpresa o Iron, o ajudante do agiota que meu pai deve estava parado na porta do prédio, por sorte eu tinha um dinheirinho guardado que daria pra pagá-lo esse mês, eu morro de medo dele, e não conheço e nem quero conhecer o chefe.
— Acho que seu namorado está te esperando – a voz do rapaz me tira do transe
— Não é meu namorado, só um conhecido – explico — obrigada pela carona
— Não foi nada, aliás meu nome é Felipe
— Angelina – sorrio — boa noite delegado.
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Barriga de Aluguel
RomanceAngelina é uma menina doce, independente que desde muito cedo teve que assumir muitas responsabilidades dentro de casa, e não lhe sobrava muito tempo pra se divertir e aproveitar sua juventude. Ela nunca sonhou em se casar, ter filhos, e muito menos...