Capítulo 2

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Angelina Clark

Acordo bem cedo, tomo um banho, me arrumo um pouco mais social, vou ate a minha cozinha para comer cereal com leite, enquanto mexo um pouco nas redes sociais, não sou muito ligada a elas mas enquanto como gosto de olhar para passar o tempo, assim que acabo, arrumo as coisas na pia, escovo os dentes, pego uma pasta com alguns currículos que tenho guardado, pego minha bolsa e saio rumo ao ponto de ônibus, afinal não posso me dar o luxo de ficar por ai andando de Uber.

***

Depois de passa a manhã toda distribuindo currículos no centro da cidade, meu estomago ronca, bem alto por sinal.

Caminho ate um restaurante, simples, me sirvo de um prato farto e me sento em uma mesa, silenciosamente torcendo pra que alguém tenha do e piedade de mim e me contrate.

Depois do almoço, pago tudo, saio caminhando de volta ao ponto do ônibus, pronta pra voltar pra casa, pego um ônibus e finalmente de volta em casa.

***

Mais uma noite, estou na boate servindo alguns caras, confesso que estou um pouco distraída, preocupada, não sei o que vai acontecer daqui pra frente.

— Parece que tem alguém em outro mundo – diz

Saio dos meus pensamentos encarando o Felipe com a mesma aparência derrotada de ontem à noite — Whisky duplo? – pergunto sorrindo

— Sim, claro – diz

Sirvo o Whisky e coloco o copo no balcão, anotando o valor na comanda — aqui esta – digo

— Vai me dizer o por que estava em outro mundo ? – questiona

— Um assunto chato e terrível – suspiro — não quero estragar sua noite

— Acredite, nada mais pode estragar os dias de merda que estou tendo – agora ele que suspira batendo o copo no balcão — mais um por favor

Concordo servindo mais um pouco, e ele vira de uma vez — pode me contar o assunto chato?

Eu ia contar, mas fui chamada, então caminhei ate a outra ponta do balcão atendendo alguns jovens, e depois volto pra onde estava.

— Olha, pra resumir, perdi o meu emprego, meu pai sumiu me deixando uma divida assombrosa e estou com um aviso de despejo, 30 dias pra pagar 4 meses de aluguel atrasado – digo e sorrio nervosamente — e qual o seu tormento?

— Não quero falar sobre – resmunga ficando sério

— Qual é, eu acabei de te contar essas coisas, estamos no mesmo barco, o Titanic – brinco pra aliviar a tensão

— Minha ex noiva me largou às vésperas do casamento por que recebeu oferta de trabalho em Milão como modelo, meu sonho era ser pai, e estávamos tentando ter um filho, mas ela se foi e meu sonho também, e o pior de tudo meu pai faleceu, isso tudo em 1 mês – suspira

Encaro, arrumando mais um copo de whisky duplo — toma, você precisa disso – entrego o copo pra ele — por conta da casa

Ele sorri de lado, tomando — você é uma menina bacana e me parece ser bem novinha, imagino que deve estar sendo bem difícil toda essa situação

— Acredite, antes do meu pai sumir era pior, desde os meus 12 anos passava a noite procurando por ele nas ruas, sempre achava ele bêbado em algum beco, quando ele sumiu de certa forma aliviou um pouco as coisas – suspiro — eu só queria saber se ele está bem sabe, apesar de tudo ele é meu pai, e eu o amo, mesmo ele aparentemente estar cagando pra mim.

Me afasto novamente, pra atender mais um pessoal, hoje por ser dia de semana aqui fica bem tranquilo, e só por isso estou tendo tempo de bater esse papo.

— Por que não vai se divertir um pouco, conhecer alguém – digo

— Não estou muito no clima e não quero um relacionamento tão cedo

E eu concordo — sobre o seu sonho de ser pai, já pensou em tentar adotar?

— é muito difícil adotar uma criança sendo um homem solteiro e delegado que é considerado uma profissão ''perigosa'' - faz aspas com os dedos  — e eu queria um de sangue

— Uma vez vi na televisão um desses cantores famosos que arrumou uma barriga de aluguel – dou de ombros — eu achei loucura, mas no seu caso talvez não seja

— Sabe que não tinha pensado por esse lado – ele diz e vejo um brilho de esperança no seu olhar, talvez essa ideia o salve de alguma forma.

***

A noite passou tranquila, fiquei trabalhando e conversando com o Felipe, ainda não entendi o por que dele ter ficado todo esse tempo aqui se não arredou o pé desse balcão e não bebeu mais depois do ultimo Whisky que eu dei pra ele.

— Ei deu a minha hora – digo

— Vamos, vou pagar essa comanda e te deixo em casa – diz

— Não se preocupe com isso, eu vou de Uber – digo

— Faço questão, não se preocupe – diz e eu concordo

Saio com ele passando no caixa, ele paga a comanda e saímos juntos, entramos no carro e ele deu partida.

— Por que ficou esse tempo todo aqui, se não se divertiu? – pergunto curiosa

— Nosso papo estava legal, não vi problema em ficar um pouco, você é uma pessoa legal de se conversar – diz e eu sorrio gentil pois penso o mesmo sobre ele

— Confesso que gostei disso, no geral sou bem sozinha também – digo

— Eu ate que converso bastante na delegacia, inclusive com pessoas não tão agradáveis – diz e eu gargalho

— Imagino, não sei se teria estomago pra conversar com certos tipos de pessoas – confesso

— Acredite, tem casos que nem eu tenho, mas é a profissão que eu gosto é que eu escolhi, então faço um pequeno esforço – diz

Conversamos mais um pouco, mais logo chegamos na minha casa, me despeço dele com um beijo no rosto, e saio do carro.

Chego em casa, tomo um banho, vou pra cozinha onde faço um sanduiche e depois me jogo na cama pra dormir.

Barriga de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora