Capítulo 14

5.2K 349 14
                                    

Angelina Clark

O fim de semana tinha sido tranquilo, no sábado a tarde eu conheci os avos do Felipe por vídeo chamada, eles são uma gracinha, muito fofos e amorosos, lembro da vó dele falando ''tenha paciência filha, os homens dessa família demoram a perceber as coisas, mesmo que estejam debaixo dos narizes deles''.

Nos falamos por um bom tempo, ate que o Felipe foi ajudar a avo dele com a horta que eles tinham na fazenda, eu fiquei por conta de arrumar a casa, lavar as roupas, deixar tudo pronto, já que amanha eu só queria descansar.

A noite a festa tinha sido muito tranquila, era só um bando de adolescente comemorando a maior idade, não que eu fosse muito mais velha que eles ne, acabou que eu e a Carla aproveitamos um pouco com eles, depois que meu horário acabou.

***

Domingo como sempre é um tedio, eu tinha almoçado já que o Fe avisou que não iria conseguir vir cedo pois o Santiago chegou lá e eles ficaram pra almoçar com os avós, e estava jogada no sofá vendo um filme qualquer, mas minha cabeça só consegue pensar na vontade que eu estou de tomar um milk-shake de choco menta, meu deus, eu ate salivo de vontade.

Resolvo largar a preguiça, tomar um banho, aproveito e coloco uma roupa leve, como a sorveteria é aqui perto aproveito pra fazer uma caminhada, um exercício sei que não vai fazer mal pro bebe.

Depois de pronta fecho minha porta e saio do prédio, o dia não esta muito frio, esta um tempo bom, caminho olhando a rua e a pracinha onde tem algumas famílias e crianças brincando, minha mente viaja pensando que poderia ser eu o Fe e nosso bebe um dia, sei que deveria parar de alimentar esse tipo de pensamento, mas dizem que a esperança é a ultima que morre, então nesses 9 meses talvez ele possa se apaixonar por mim

Não demorou tanto pra que eu chegasse na sorveteria, uma atendente sorridente com os cabelos roxos tem uma expressão gentil

— Boa tarde, o que deseja? – pergunta

— Boa tarde, quero um milk-shake grande de choco menta por favor

Ela sorri digitando algo na maquina, ela diz o valor e eu pego em minha carteira entregando pra ela, ela me da a notinha e se vira pra fazer o meu pedido.

Minutos depois ela me entrega e eu agradeço me virando e saindo dali, solto um pequeno gemido de satisfação quando sugo pelo canudinho um pouco do conteúdo do copo, cara isso é muito bom, vou tomando e caminhando de volta, resolvo sentar um pouco no parque observando o movimento, tudo tranquilo, fico ali por alguns minutos ate terminar tudo que tinha no copo, me levanto satisfeita, jogando em uma lixeira que tinha ali, e então fazendo o restinho do caminha ate o apartamento

Estranho a porta do prédio estar aberta, alguém deve ter passado e esquecido de fechar, subo devagar ate o meu apartamento, ao chegar na porta do mesmo percebo que ela esta literalmente arrombada, as coisas da minha pequena sala estão reviradas, a mesinha que tem no canto esta virada, e os poucos porta retratos que tinha estão jogados no chão e quebrados, caminho devagar pra dentro, meus pés fazem barulho a medida que piso nos cacos, tudo bem, por sorte não tinha nada de valor aqui, única coisa era a tv, mas acredito que tenha sido difícil de roubar já que ela ainda esta na parede.

A cena diante dos meus olhos aconteceu rapidamente, um cara correndo em minha direção, ele era alto e usava uma touca daquelas na cara, ele me empurra com forca pra passar por mim, o impacto das minhas costas contra a parede me faz gemer, antes de apagar.

...

Meus olhos se abrem devagar, eu estava em um característico quarto de hospital, meu estomago revirou e eu gemi, respiro fundo tentando controlar o enjoo, olho ao redor e vejo o Fe sentado em uma cadeira ao meu lado enquanto segura minha mão.

— Eu preciso vomitar – resmungo e ele me encara assustado

— Tudo bem – ele se levanta e olha ao redor do quarto, e não acha nada que possa me ajudar a não ser o lixinho, então ele traz ate mim e eu só viro pra fora da cama vomitando tudo — está verde isso é normal? –  Fe pergunta

— Para de olhar isso, é ridículo – comento antes de vomitar mais um pouco.

Depois de alguns minutos botando tudo pra fora, me acalmo, ele me ajuda a levantar e ir ao banheiro onde lavo minha boca, depois volto pra cama.

— Eu vou chamar o medico – diz e eu concordo

Ele sai por uns instantes, meu corpo está bem dolorido, minha barriga também, tipo uma cólica, fico quietinha ali, esperando ate que ele volte com Doutor.

— Olá, sou Tiago, como se sente? – ele pergunta assim que entra no quarto com o Fe

— Me sinto dolorida, estou com um pouco de cólica também – comento

— Ela esta gravida, e vomitou verde isso é normal? – Fe pergunta

Reviro os olhos rindo — o vomito verde é pelo milk-shake que eu tinha tomado – dou de ombros

— Você pode me dizer o que houve? – o doutor pergunta

Suspiro — eu sai pra comprar um milk-shake, depois fiquei na praça enquanto tomava, quando acabei e entrei no meu apartamento um bandido veio correndo, me empurrou com força, eu bati com tudo na parede, apaguei e acordei aqui – explico

— Certo, você já começou o pré-natal? – ele pergunta e eu nego e Fe me encara sério

— A primeira consulta esta marcada pra semana que vem – explico, não sou tão irresponsável é só que a agenda da medica estava meio lotada.

— Certo, vou dar um remédio pra dor, e examinar ver se não tem nenhuma fratura, e depois faremos um ultrassom já que está sentindo cólicas, precisamos nos certificar que está tudo bem.

Depois de uns minutos o Doutor examina tudo que precisa, ele pede a enfermeira que me traga um analgésico, eu tomo e caminhamos ate a sala do ultrassom, lá ele faz um ultrassom e o exame ginecológico, só pra vê se estava tudo bem.

— Bom está tudo bem com o bebê e com você também, peço que fique de repouso o resto do dia e amanha também, se for o caso te darei um atestado

— Certo Doutor, ela vai estar de repouso, eu cuido dela – Fe diz e eu sorrio

Ele sai dizendo que vai lá fazer o atestado e assinar minha alta, e que voltaria daqui alguns minutos.

— Eu quase morri quando cheguei no seu apartamento e te encontrei no chão apagada – Fe comenta ­— estava tudo revirado eu só consegui pensar no pior

— Acho que foi sorte eu ter um desejo que me tirou de casa, eu fiquei muito assuntada quando cheguei e vi tudo revirado

— Viu o que eu te disse sobre segurança? Eu não queria ser chato, olha o que aconteceu, era a minha maior preocupação – ele diz e eu concordo, agora sim eu vejo o que ele disse aquele dia e de verdade eu não sei se seria corajosa o suficiente pra voltar lá e ficar sozinha ­— por favor aceita ficar na minha casa

Suspiro, eu não via outra opção, já que o que eu ganhava na boate era pra pagar o agiota, e mal sobrava pra pagar outras coisas — tudo bem, não vou ser teimosa, e também não teria coragem de ficar no meu apartamento depois disso.

O Doutor entra entregando meu atestado e minha alta, e uma receita de analgésico caso eu sinta dores pelo corpo. Agradecemos e fomos ate a recepção, Fe acerta a conta do hospital e saímos rumo ao seu carro.

Barriga de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora