Epílogo 2

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Amarílis Lins

anos depois ...

A minha mãe sempre me dizia que tudo que a gente faz de ruim a gente paga em vida, eu acho que era mentira, que o máximo que ia acontecer era eu ir pro inferno, mas eu também não nele então por mim tudo bem.

Ela também dizia que a gente so colhe o que planta, eu achava que tinha como colher algo diferente do que plantei, ledo engano.

Era exatamente 5 da manhã, e mais uma vez o destino querendo esfregar na minha cara que tudo que eu fiz pros outros, todo ódio, todo mal que eu desejei so voltou pra mim.

Em frente ao ponto de ônibus onde eu estava, tinha uma banca de jornais e revistas assim que eu olhei na banca onde tinhas as revistas de destaque eu ri da tamanha ironia.

Na primeira revista tinha o Felipe ao lado da Angelina e de duas meninas, todos eles sorriam, o nome da matéria era ''Delegado ganha medalha de honra ao mérito por serviços prestados a delegacia e por prender o maior agiota do país ''

Peguei a revista de demonstração e folheei ate a pagina da matéria, e minha inveja so me permitiu ler o começo onde estava escrito "Delegado Felipe Cooper recebeu premio ao lado de sua família, sua esposa Angelina Clark Cooper psicóloga infantil de renome e dona da ONG laços de esperança que abriga crianças e adolescente de pais alcoólatras, viciados e também em situação de rua, e suas duas filhas Estela e Luara, o prestigiam ele essa noite."

Única coisa que consegui sentir foi ódio e inveja, vendo a vida que era pra ser minha, imaginando o luxo em que ela vive, que era pra ser meu.

A segunda revista, era sobre Augusto e meu filho, e tinha uma mulher com eles e mais duas crianças.

''Modelo internacional Augusto Gideon, posa hoje no red Carpet com sua família, uma linda família, Sua esposa Raika Gideon uma famosa pediatra, e seus filhos Henrique Gideon, Lilian Gideon e Theo Gideon.''

Mais uma vez a vida me mostra o quão vazia eu sou por dentro, por que não consigo me sentir triste, Augusto me manteve perto dele, ate que nosso filho Miguel nascesse, ele foi na justiça conseguiu a guarda completa, mas eu teria direito a visita de 15 em 15 dias, mas ele me ofereceu dinheiro pra abrir mão do menino então eu assinei o contrato peguei 5 mil, e sumi, e hoje vejo que ate o nome ele mudou antes Miguel hoje Henrique, mas isso não me chateia, so me causa inveja, era pra eu ser modelo famosa e internacional.

O som do ônibus parando me acordou pra vida, larguei a revista e entrei no ônibus, que já essa hora estava lotado.

Depois que caiu na mídia a história da briga na justiça entre mim e Augusto, e depois das declarações dele e do advogado, todo mundo viu a pessoa que eu era, e acabei não conseguindo nenhum contrato, tive o meu filho em uma situação de risco depois de cair da escada, e por conta das complicações acabei perdendo o útero.

E no final minha mãe estava certa eu colhi o que plantei, e o Felipe também estava certo eu acabei sozinha, sem amor, sem dinheiro, em uma vida vazia me sentindo vazia, trabalhando como varredora de rua, e morando em um quarto de uma pensão sem luxo e sem dignidade, dormindo com velhos pra ganhar trocados, e infelizmente vai ser sempre assim essa vida medíocre ate meu fim.

Barriga de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora